Varal de Poesia reúne criações de estudantes da rede estadual no campus Irati
O sociólogo e crítico literário brasileiro Antonio Candido já dizia que a literatura é um direito básico do ser humano. A professora de Letras da Unicentro Mariléia Gartner completa esse pensamento argumentando que a literatura é uma necessidade humana. “Vamos lembrar o nosso grande Antonio Candido, que nos coloca que a literatura é tão importante quanto se vestir, comer, orar, e todos os outros direitos, é o direito à arte que humaniza o sujeito”.
Pautados por esse processo de humanização, o Departamento de Letras e a Divisão de Promoção Cultural do campus Irati promoveram a 14. edição do Varal de Poesia Cristina Mosele. Este ano, o tema que norteou as produções poéticas foi “Direitos Humanos”. De acordo com a professora Mariléia, que é coordenadora deste projeto, em 2019 o número de poesias inscritas foi surpreendente. “Esse ano foi, sem dúvida, um sucesso, se pensarmos que no ano passado tínhamos 60 poesias, e este ano tivemos inscritas 209 poesias”.
E para que essas criações não ficassem apenas no papel, a organização convidou os participantes para apresentarem suas poesias em um recital, no Auditório Denise Stoklos. As poesias do Varal foram divididas entre as categorias Juvenil e Adulto. Os estudantes do Ensino Fundamental II dos colégios estaduais Trajano Grácia e Gonçalves Junior desenvolveram os textos em sala de aula e competiram no concurso que faz parte do Varal de Poesias da Unicentro.
A professora do Trajano Grácia Salete Franczak dá aulas para as turmas do sexto ao nono ano do colégio. Ela comentou que ficou emocionada ao perceber a desenvoltura dos seus alunos durante o recital. “Você vê alunos que, de repente, têm uma dificuldade muito grande de falar, de escrever, de se expressar, e você vê o aluno vindo aqui na frente falando, se expressando, é muito gratificante, aí que a gente entende que realmente vale muito a pena essa luta diária da gente”.
Com 14 anos de idade, o estudante Alan Henrique Pedroso, do Colégio Estadual do Campo Gonçalves Júnior, se mostrou um verdadeiro artista ao apresentar a poesia “Humano Ser”, que recebeu o primeiro lugar na categoria juvenil. “Liberdade de expressão, moradia e educação, tudo isso e mais um pouco é direito de todo o cidadão, ser humano, humano ser, direitos humanos existem para nos defender”, diz a poesia dele.
“A poesia Humano Ser”, explica Alan, “veio da base da Declaração dos Direitos Humanos, que nas aulas de Português a professora trabalhou o tema Direitos Humanos. Eu amo escrever, todo o tipo de texto eu gosto de escrever. A partir dessa poesia, eu aprendi a amar a poesia, aprendi a declamar a poesia e incorporar a poesia”.
Esse trabalho foi conduzido nas salas de aula das escolas pelas estagiárias de Literatura e de Língua Portuguesa, que são acadêmicas do terceiro ano de Letras Português da Unicentro. A estudante Luana Kubis acredita que o recital serviu de incentivo para que os textos dos poetas e poetisas mirins ficassem bem caprichados. “Eles são muito criativos e me surpreenderam bastante com a criatividade das poesias. Os alunos, quando fazem o trabalho que eles acham que é só para eles, eles fazem um trabalho ali porque é para eles, mas quando eles sabem que tem essa proporção grande da Unicentro, eles dão o melhor deles e a Unicentro dá o melhor pra receber os alunos também”, afirma.
O diretor do Colégio Trajano Grácia, Carlos Gutervil, também esteve presente no evento, que serviu como um encerramento das atividades do estágio das acadêmicas da Unicentro. “O contato com os estagiários, com os professores que vão até o colégio, é uma troca. Traz um amadurecimento e um crescimento para os nossos alunos e para a nossa comunidade escolar, que é fundamental no dia a dia, porque às vezes, no convívio diário na escola, a gente não consegue passar. Então, esse olhar de fora para dentro é de suma importância justamente para o desenvolvimento desse pensamento crítico e a busca por respeito principalmente”.
O Varal de Poesias é realizado em memória da ex-estudante de Letras da Unicentro, Cristina Mosele. Ela faleceu após um acidente de trânsito em dois-mil-e-quatro. De acordo com Maria Mosele, que é mãe da Cristina, incentivar a produção poética era um objetivo dela. “Eu sinto orgulho pela minha filha, gratidão pela Unicentro por lembrar dela, pelo reconhecimento do trabalho dela. Eu acho que a missão dela era fazer, incentivar a poesia”, lembra a mãe.
Missão que o Varal de Poesias busca levar pra frente a cada edição do evento, segundo a coordenadora do projeto, professora Marileia Gartner. “O varal de poesia é um projeto muito importante para ter um espaço de produção do texto poético e de incentivo à literatura e à produção do texto poético, ele cumpre de uma forma bastante significativa esse papel social da universidade, cultural da universidade”, finaliza.