Projeto de extensão do campus Irati oferece apoio para familiares de bebês prematuros
A preocupação é um sentimento muito comum entre as mães que estão com filhos prematuros em uma UTI Neonatal. Elas passam dias no hospital junto com seus bebês, que precisam ser monitorados até estarem saudáveis o suficiente para irem pra casa. De acordo com a professora da Unicentro Cristina Fujinaga, que é coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Comunitário, a região de Irati tem um dos maiores índices de nascidos prematuros do estado do Paraná.
Pensando em ajudar os familiares dessas crianças prematuras, uma equipe do campus Irati da Unicentro está desenvolvendo um projeto de extensão no Hospital Santa Casa de Irati. O projeto se chama “Humanização: Grupo de Apoio para Pais de Bebês Prematuros”. “O objetivo do nosso trabalho é, principalmente, dar a essas mães, a essas famílias um momento de relaxamento. Nós fazemos atividades de artesanato, de cuidado – como o ‘dia da beleza’, de tirar a sobrancelha e fazer as unhas -, ou atividades que elas pedem, como um filme, uma música, uma massagem”, discorre a professora Cristina, que é coordenadora geral do projeto.
Com um ano e meio de atuação, o Humanização já atendeu cerca de 500 pessoas de Irati e região. A Vilsionéia Aparecida de Antoni, por exemplo, é da cidade de Imbituva. Ela é mãe do Luís Murillo, que ficou internado na UTI Neonatal do Hospital Santa Casa. Enquanto ele se recuperava, a mãe preparou alguns presentes, produzidos nos encontros do projeto da Unicentro. “Eu gostei muito de fazer umas caixinhas, kit de higiene. Também estava fazendo uma decoração para pôr no bercinho do meu bebê, fiz um chaveirinho”, relata a mãe.
Os encontros acontecem toda sexta-feira a partir das 15 horas na sala de Terapia Ocupacional do hospital. O projeto é conduzido de forma interdisciplinar por alunas e professoras da Unicentro, que são de áreas da saúde, como a Fonoaudiologia e Psicologia. “Os nossos alunos vão aprendendo dentro do projeto, operando com as teorias todas que aprenderam em seus cursos, a construir uma postura em que não só o fazer técnico se sobrepõe mas, principalmente, o desenvolver da capacidade de ouvir, acolher e, consequentemente, ajudar essas mães, as nossas participantes, a construírem formas de lidar com aquilo que naquele momento é emergente”, contextualiza a professora da Unicentro Caroline Guisantes de Salvo Toni, que é a coordenadora pedagógica das ações no hospital.
A Jaqueline Buaski é aluna do Mestrado em Desenvolvimento Comunitário da Unicentro. Atuando no grupo de apoio, ela consegue aliar a teoria da sua pesquisa com a prática. “Eu consigo vivenciar, ser impactada, muitas vezes, viver aquilo, um pouco no processo de empatia com a população e as participantes do meu trabalho. Para mim tem um significado não somente como fonoaudióloga, mas enquanto profissional da saúde, que é muito grandioso, é imensurável”.
A diretora administrativa do Hospital Santa Casa, Francine Yotoko Ferreira, reconhece a importância das ações desenvolvidas pela Unicentro em prol do cuidado com os familiares de bebês prematuros da UTI Neonatal. “Esse projeto traz esse diferencial de acolhimento, esse cuidado com as mães. É um carinho para elas. Então, eu acredito no projeto, tem sido muito bom, tem sido muito legal”, avalia Francine.
Outra atividade interessante desenvolvida pelo grupo de apoio é a confecção de roupas de tamanhos específicos para os bebês prematuros. Isso só foi possível depois que o projeto começou a receber doações da Azul & Rosa Confecções, com sede em Irati. “Já era um desejo nosso fazer roupinhas com os retalhos, com o descarte que acontece do nosso corte, que tem potencial de virar uma segunda peça. As mães têm a necessidade de roupas prematuras e dentro da fábrica nós não tínhamos moldes para bebês prematuros. Então baseado na necessidade, foram modelados moldes para que elas pudessem fazer as calças e blusinhas que coubessem nos bebês”, contextualiza a gerente da fábrica, Stefanie Almeida Nascimento.
E quem participa do projeto confirma que, em pouco tempo, ele consegue promover mudanças significativas. “Eu comecei a me desenvolver melhor – o meu leite começou a sair. O leite estava preso e eu estava desesperada que não saía para o meu filho. Então, eu vim para os encontros e comecei a ter calma. Conversava com as meninas, elas me passavam as experiências delas, eu a minha”, descreve Vilsionéia, feliz pela conquista dela e do pequeno Luís Murillo.