Março, pelo terceiro ano, é marcado pelo Fórum da Mulher no campus de Irati
O III Fórum da Mulher foi promovido pela Divisão de Promoção Cultural do Campus de Irati (Diproc) para comemorar o mês da mulher e como uma forma de estimular a reflexão sobre a importância da participação das mulheres nos movimentos sociais e organizações civis, considerando suas conquistas e lutas no processo histórico da sociedade.
Esse ano, segundo Alexandra Lourenço, chefe da Diproc, o Fórum teve como temática “As cores que vestimos”. “Há um certo esteriótipo que relaciona cores à mulheres e homens. A nossa perspectiva é que nós, mulheres, vestimos muitas cores, segundo nossas faixas etárias, nossas etnias, segundo nossa sexualidade, segundo nossas ideologias e bandeiras que levantamos para lutar.Então, a ideia é que nós mulheres usamos todas as cores, usamos as cores que nos faz bem, as cores que nos agradam, as cores que nos identificamos, as cores que nos fazem mulher, então, todas as cores. Não temos cores. São todas elas. Afinal, cor não tem gênero. Essa é bem a discussão que a gente traz aqui”, afirma.
Além da exposição de fotografias e de materiais produzidos por projetos de extensão da universidade, o público também pode participar da mesa-redonda “Organização das Mulheres no Paraná”. Quem conduziu o debate foi a pós-doutoranda em História, Maristela Carneiro, e contou com a participação de mulheres representantes de diferentes movimentos sociais. “O objetivo”, explica Maristela, “é criar um espaço de conversa, de diálogo para a gente conhecer um pouco mais sobre esses movimentos. Mas sem tanto formalismo acadêmico. Então, o objetivo é abrir espaço para outras possibilidades, outras leituras e presença de outras mulheres além das acadêmicas”.
Outro objetivo do evento foi dar visibilidade a personagens históricas femininas. Para isso, uma das convidadas do Fórum foi Rosalina Gomes dos Santos, a dona Rosinha. Ela faz parte do movimento das benzedeiras de Irati, o Masa (Movimento do Aprendiz da Sabedoria). “Me sinto honrada e me sinto feliz de poder passar o conhecimento – e sem discriminação. Os antigos diziam assim: se você passar as coisas que você sabe, você morre. É mentira. Você tem que passar o que você sabe para frente, porque se hoje eu sei, amanhã eu não vou existir mais. Então, você já vai saber passar para frente e quem é que ensinou? Foi a Rosinha que deixou esse dom”, diz.
A Thais Rodrigues dos Santos, que é representante do movimento de mulheres negras jovens, também participou do Fórum para compartilhar as vivências do grupo. “A gente está aqui para ir compartilhando nosso trabalho e trazendo mais jovens, mais mulheres para que vá aumentando o movimento. Essa é a ideia hoje. Mostrar o que a gente tem e a nossa abertura, do quanto a gente precisa de pessoas que somem”, convida Thais.
Também presente, a representante do movimento de mulheres camponesas, a acadêmica de Agronomia Jéssika Cristina de Oliveira, viu na participação uma oportunidade para dar visibilidade aos movimentos sociais. “Se a gente não ocupar esses espaços, a universidade, e ir atrás de se especializar e ser ouvida nesses espaços, a nossa luta é invisibilizada. É por isso que a gente está aqui hoje, para mostrar que a gente não está sozinha, que em Irati tem a representação, e a gente tem lutado para ser visibilizada, valorizada, para que tenha esse reconhecimento da trabalhadora rural”.
Segundo a chefe da Diproc, o objetivo do evento é justamente pensar a participação das mulheres em movimentos sociais e organizações civis e, a partir disso, criar redes de articulação entre os grupos e as mulheres. “A ideia é conhecer um pouco mais esses saberes populares, saberes das guerreiras, dos movimentos sociais, saberes das mulheres acadêmicas, saberes das mulheres que estão a frente dessas organizações civis, encontrando, inclusive, uma forma de criar redes de articulação desses saberes que envolve o popular, que envolve o acadêmico, que envolve o profissional”, finaliza Alexandra.