Professoras e estudantes de Psicologia elaboram cartilha “Redução de danos no rolê”
O combate a violência contra a mulher deve ser diário e acontecer em todos os lugares, inclusive na universidade. Foi pensando nisso que nasceu o projeto de extensão “Combate à Violência e Redução de Danos: Autonomia e Dimensão Pública do Corpo da Mulher no Cenário Acadêmico”. A ideia das professoras Katia Alexsandra dos Santos e Paula Marques era discutir com estudantes de todos os anos do curso de Psicologia as múltiplas formas de violência por que passa a mulher.
“É um projeto que tem por objetivo discutir a questão da violência no ambiente universitário, sobretudo a violência em relação as mulheres, principalmente nas festas, trotes, todos os eventos que envolvem a comunidade acadêmica”, detalha a professora Katia.
Como fruto das discussões foi elaborada uma cartilha intitulada “Redução de Danos no Rolê”. Com uma linguagem descontraída, o livreto trata o assunto de forma simples e com linguagem jovem. “A gente discutiu diversas temáticas e, nesse grupo, a gente pensou nas estratégias de autocuidado e cuidado coletivo. A partir disso surgiu a cartilha, que identifica os tipos de violência, traz algumas estratégias de autocuidado e cuidado coletivo, também onde procurar ajuda. Então, é mais no sentido preventivo mesmo, para evitar que aconteça isso, para pensar estratégias de como conviver nesses ambientes e prevenir a violência”, explica a estudante Bianca Zarpellon, participante do projeto.
O material é distribuído nas festas universitárias e, segundo a professora Kátia, tem versão impressa e digital. “A gente fez várias ações em festas universitárias e, aí, a gente levava a cartilha para mostrar para as pessoas e conversar. A gente tem uma versão dela impressa em formato de cartazes e aí a gente pendurava no varal com todas as páginas da cartilha nas festas e aí saia conversando com as pessoas e conversando sobre esse conteúdo e esse material”.
O conceito de redução de danos vem da área da saúde e busca valorizar e pôr em ação estratégias de proteção, cuidado e autocuidado. Ele também incentiva mudanças de atitude frente a situações de vulnerabilidade. De acordo com a professora Katia, o projeto utilizou o conceito a partir de um recorte de gênero para, assim, poder tratar a questão da violência contra a mulher.
“Pensar na redução de danos a partir desse recorte é entender que a gente não está, primeiro, culpabilizando a mulher por estar nesses ambientes, por estar usando uma determinada roupa, se oferecendo como no senso comum pode produzir esse efeito. Mas que é preciso pensar algumas estratégias de autocuidado, que a própria mulher possa tomar e de cuidado coletivo, que as mulheres possam se proteger entre elas. Então, essa é a ideia do projeto, não culpabilizar, não deixar de aproveitar os momentos da universidade, que a gente sabe que são muito importantes, inclusive na formação das pessoas, mas fazer isso de modo seguro”, defende Kátia.