Curso de Jornalismo Científico reúne profissionais das universidades paranaenses em Curitiba
Milhares de notícias são divulgadas, diariamente, pelos meios de comunicação e muitas delas dizem respeito ao desenvolvimento e à resultados de pesquisas científicas. Trabalhos que têm como finalidade contribuir para o desenvolvimento social e que, muitas vezes, não são compreendidos ou valorizados por conta da linguagem da ciência. É aí, que o jornalismo de divulgação científica tem papel fundamental. Afinal, os jornalistas especializados na área podem facilitar o entendimento com a tradução das pesquisas para uma linguagem comum à população em geral.
Para ajudar os profissionais das assessorias de comunicação das universidades paranaenses, a Fundação Araucária, através da jornalista Vanessa Barazzetti, promoveu uma conferência sobre o tema. Dividido em três atividades, o workshop teve objetivo de capacitar os jornalistas que trabalham na área de divulgação científica. “Cursos de aperfeiçoamento e capacitação no Paraná quase não existem. No máximo, encontros, debates. Então, uma forma de aproximar esses profissionais da área para tornar a linguagem mais facilitada, mais palpável para sociedade”, afirma.
Além dos assessores das universidades públicas do Paraná, também participaram jornalistas ligados às fundações de amparo à pesquisa de diversas partes do Brasil. O professor da Universidade de São Paulo (USP), André Chaves de Melo, ministrou duas conferências: “As relações entre o jornalismo científico, a ciência e o sistema brasileiro de pesquisa e inovação” e “Elementos fundamentais para a criação de narrativas jornalísticas de ciência e tecnologia”. Para André, o Brasil tem um déficit na área de divulgação científica. “A divulgação da ciência ela não aconteceu, não acompanhou, porque ela não foi entendida como algo, como um investimento estratégico”, defende.
Ainda assim, entre 2000 a 2009, foi registrado um crescimento de 205% nas publicações em revistas científicas. Foram mais de 30 mil artigos indexados na National Science Indicators (NSI). Esse número, considerado alto por André, é decorrente do interesse da população sobre a pesquisa científica brasileira. “A atividade de divulgação só vai melhorar proporcionalmente se haver uma mudança na visão de gestão. Nós jornalistas podemos contribuir com isso, colocando a ciência mais em evidência, diminuindo a pauta institucional e colocando mais a pesquisa científica, tecnológica e a inovação na cobertura”, afirma.
A Unicentro foi representada no workshop pela diretora de Imprensa, professor Ariane Pereira, que também é professora do Departamento de Comunicação da Universidade. Ela afirma que não basta apenas ter pesquisa dentro da universidade se os resultados não se tornarem visíveis para a sociedade. “Quem torna esses dados científicos mais palpáveis, mais fáceis de serem compreendidos, mais inteligíveis para o cidadão comum é o jornalismo, que transforma essa linguagem científica numa linguagem mais do cotidiano das pessoas. Nesse sentido, a divulgação científica ela é fundamental e é fundamental que as universidades pensem nisso também, em como tornar visível as pesquisas que elas fazem conhecidas a partir do Jornalismo e da divulgação científica”.
Duas estudantes do curso de Jornalismo da Unicentro também participaram da atividade. Uma delas é Paula Claro. A aluna destaca a importância de o curso ser destinado a um tema que não é debatido no dia a dia. “O curso me deu a possibilidade de ver como o conhecimento científico pode e deve está perto da sociedade. Então, a ciência, a pesquisa, podem mudar a vida das pessoas. É importante que nós, como futuros jornalistas, também tenhamos essa preocupação de como fazer uma divulgação científica e de como fazer com que a população se interessa por isso”, conclui.