Aquisição e patologias da linguagem em discussão no Campus de Irati
O campus de Irati da Unicentro sediou o 2. Encontro Nacional e o 1. Encontro Internacional de Aquisição, Patologias e Clínica de Linguagem. O evento é organizado pelo Laboratório de Estudo de Linguagem, o Lalingua, ligado ao Departamento de Fonoaudiologia. A organizadora, professora Juliana Galli, explica que o Lalingua tem grande participação na articulação de pesquisas de um grupo de estudo na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, que leva o mesmo nome do evento. “Esse laboratório tem articulações em diversas cidades. São grupos de estudos que publicam conjuntamente. Para o evento, a gente priorizou algumas conferências de professores ou pesquisadores de referência na área”, detalha.
Ainda de acordo com Juliana Galli, durante todo o evento muito se falou sobre o atendimento clínico individual dos pacientes e sobre como os profissionais da área da fonoaudiologia podem avançar e criar técnicas de atendimento, através dos estudos de caso trazidos pelos palestrantes. “Em quase toda mesa se falou muito dessa relação com o paciente. Tivemos, por exemplo, uma discussão até maior, de que não é só um atendimento clínico, de como fica essa posição dentro de uma instituição como a Apae, onde você não faz atendimento de consultório. Ela não é só uma abordagem clínica para o atendimento individual no consultório, a gente começou discutir como podemos ultrapassar esses muros da clínica individual”.
Uma das palestras foi ministrada pela professora Suzana Carielo da Fonseca, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Em sua fala, a pesquisadora comentou sobre a afasia, que é uma doença que prejudica a fala e a escrita, citando exemplos de atendimentos. “Trouxe três casos para tentar discutir como é que, nesses casos, a escrita se manifestava de maneira sintomática. Então, isso foi um lado da discussão, o outro lado foi discutir um procedimento clínico que foi sugerido por nós, que é o cruzamento das modalidades, a linguagem oral escrita com o dispositivo clínico”, relata.
Para a professora, é muito importante abrir espaço para discussões sobre os fundamentos de uma clínica de linguagem, visto a possibilidade de troca de informações entre os profissionais que o evento oferece. “Há também a questão da possibilidade de trocar saberes entre os participantes. Cada um aqui tem uma experiência, mesmo que seja um estudante. Dessa experiência pode brotar uma pergunta que pode movimentar uma teorização. Então, a gente não vem só para ensinar, vem para escutar também e para dialogar”.
A professora Melissa Catrini, da Universidade Federal da Bahia, apresentou estudos de casos que realizou também com afásicos. Sua proposta esteve mais focada no encaminhamento e nas estratégias utilizadas durante o tratamento do paciente. “Como as mudanças se operaram, quais as estratégias que foram utilizadas e como eles foram engendradas ao longo do caso da construção do caso e como o corpo vai respondendo de maneira diferente a partir, inclusive, do cuidado que a gente oferece, marcando bastante uma distinção de que aquilo que está posto como uma lesão neurológica não é definitiva, ela não resume o caso”, afirma.
Melissa também destacou a importância de utilizar o Encontro para trocar experiências de seus casos e de suas pesquisas. “Aprender com as experiências aqui do Paraná, dentro dessa lógica, foi fundamental. A gente teve uma experiência muito rica porque são contextos diferentes mas que a gente pode se aproximar a partir de uma linha de raciocínio. Foi muito bacana!”.
A organizadora, Juliana Galli, comenta que, agora, a ideia é lançar um livro com todo o material produzido durante o Encontro de Aquisição, Patologias e Clínica de Linguagem. “Eu fiquei bem satisfeita. A qualidade do evento foi marcante. Nós vamos publicar o livro do evento, vamos ter um produto, não acaba só aqui”, friza.