Dia T debate violência contra a mulher
Feminicídio é o assassinato de uma mulher pela condição de ser mulher. Atualmente, o Brasil ocupa a quinta posição no ranking de países com maior índice de homicídios femininos, de acordo com o Mapa da Violência. E como forma de trazer essa discussão para dentro da Universidade, foi organizado o “Dia T: todos por todas”. A mobilização surgiu como resposta ao caso Tatiane Sptziner. “É uma junção de pessoas que, a partir do que aconteceu com a Tatiane, começaram a se mobilizar em torno da violência contra a mulher”, explica a Coordenadora do Centro Interdisciplinar de Estudos de Gênero da Unicentro, professora Luciana Klanovicz.
O evento foi realizado no campus Santa Cruz e contou com organização do Departamento de Arte. Na programação, dinâmicas, conversas e a exibição do documentário “Precisamos falar com os homens” deram o tom ao debate. Valéria de Oliveira, mestranda em Desenvolvimento Comunitário pela Unicentro, ressalta que o vídeo faz pensar sobre os estereótipos de masculinidade e feminilidade presentes nas relações sociais. “A principal proposta é que a gente possa ampliar o debate com relação ao machismo, ao racismo, que é estruturante da nossa sociedade e que resulta nas ações de violência que a gente vivencia aí no dia a dia”, afirma.
Já a colega Cibeli Tozzi, enaltece o diálogo como principal ferramenta no combate a violência de gênero. “Ela é enraizada e invisibilizada muitas vezes. Então, uma vez que você começa a discutir, as pessoas começam a perceber nos atos, muitas vezes simples do cotidiano, que é uma violência, partindo do princípio do diálogo sempre”, afirma.
Outra atividade que compôs a programação do “Dia T” foi a oficina “Além da pena: relatos de mulheres presas sobre o cotidiano de uma cadeia pública”, facilitada por Fernanda Bugai, que é mestre em Desenvolvimento Comunitário pela Unicentro e trabalhou o tema na dissertação. “A forma de tratamento destinada às mulheres não era a mesma destinada aos homens e foi isso que me inquietou e me fez tentar buscar, fora do meu ambiente de trabalho, me fez querer pesquisar os motivos que permeiam essa relação do sistema prisional com mulheres”, conta.
Para a professora Luciana, o momento é oportuno para dar maior visibilidade ao debate sobre violência de gênero. “Os casos recentes trouxeram esse assunto a tona. E as pessoas se identificaram porque está muito mais próximo do que as elas imaginam”. Opinião compartilhada por Fernanda, que acredita também na função da Universidade como espaço fértil para essas discussões. “Esse tipo de evento é essencial para que a academia, para que nós que fazemos parte dela, que estamos pesquisando essa temática, nós consigamos cumprir uma função social, que é a função da informação”, finaliza.