Departamento de Biologia desenvolve ações de preservação ambiental em Campina do Simão
A preservação ambiental é um tema bastante discutido nos últimos anos. Por isso, ações que incentivem a conservação do ecossistema são sempre bem-vindas. Uma delas é o chamado ICMS Ecológico, que prevê que uma parcela do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços arrecadado pelos estados seja destinada aos municípios para a preservação do meio ambiente.
O Paraná é o estado pioneiro na implantação do ICMS Ecológico. Esse mecanismo tributário é uma forma de recompensa e apoio financeiro para os municípios que trabalham em prol da preservação de áreas ambientais, como é o caso de Campina do Simão, que fica a 67 quilômetros de Guarapuava. Nele, estão localizadas as Unidades de Conservação Capivara I e II. Juntas, elas somam quase 700 hectares de área de preservação permanente.
Para fazer a manutenção dessa reserva, a Prefeitura da cidade está contando com o apoio da Unicentro, por meio do projeto de extensão “Inventário da biodiversidade e da qualidade da água nas Unidades de Conservação municipais de Campina do Simão e Intervenção Socioambiental em Comunidades do Município”. De acordo com o professor Paulo Roberto da Silva, coordenador-geral do projeto, a ideia de estabelecer uma parceria com o Departamento de Ciências Biológicas da nossa Universidade partiu da prefeitura de Campina do Simão. “Como na Universidade nós temos o curso de Biologia, que tem professores capacitados em, praticamente, todas as áreas relacionadas às Ciências Biológicas, eles nos procuraram para desenvolver um projeto dentro da estação ecológica, para conhecermos o que existe nessas estações e, em seguida, fazer um plano de manejo para essas Estações ecológicas”, conta.
O projeto iniciou no ano passado e deve ser concluído em quatro anos. O trabalho é financiado com fundos do ICMS Ecológico repassados pelo Estado ao Município de Campina do Simão. O valor destinado à execução das atividades é de 420 mil reais. Uma equipe de professores, acadêmicos e pós-graduandos da Unicentro está empenhada em cumprir as etapas previstas. E o trabalho não é pouco. Por isso, as ações foram divididas. “Temos um grupo da botânica, um grupo da água, um grupo de educação ambiental e um grupo da zoologia. Nós estamos levantando tudo o que existe na área de animais, plantas e recursos hídricos, que é extremamente importante e vai gerar vários relatórios. Com base nesses relatórios, entra o pessoal da Educação Ambiental para fazer a conscientização das pessoas que moram no município”, explica o professor Paulo.
Parte do grupo ficou responsável por coletar todas as plantas que têm flor e fruto, o que facilita a identificação das espécies que serão inventariadas. “O objetivo do trabalho é fazer um levantamento de todas as espécies que a gente conseguir coletar aqui, identificar para conhecer o que tem na área, porque primeiro a gente precisa conhecer para depois preservar. Com esse levantamento, com o nome das espécies, a gente consegue ver o que está na lista das espécies ameaçadas de extinção para fazer um plano de manejo adequado para área”, elucida a responsável pelo grupo, professora Tânia Maria de Moura.
À outra equipe coube identificar e analisar a qualidade de rios, córregos e riachos que percorrem a área de preservação. Experiência que, para a acadêmica do quarto ano de Ciências Biológicas, Hérica Rozário, agrega muito conhecimento. “É muito importante para conseguirmos entender os rios que têm na nossa região. Então, como eu já fiz outro projeto com córregos urbanos, vir para o meio mais preservado dá para a gente poder comparar”, avalia.
Já os resultados serão importante ferramenta para a conscientizar a população local. “A partir do momento em que a gente conhece o que tem e a forma como está, nós conseguimos focar em ações prioritárias de preservação e conservação desse ambiente, porque dessa forma a população pode ajudar a gerir e não deixar depredar esse ambiente, consequentemente mantendo a qualidade das águas dessa região”, destaca a professora Ana Lúcia Suriani, também integrantes da equipe executora da ação extensionista.
Depois de concluída a etapa de levantamento da fauna e da flora da área, os resultados obtidos serão utilizados para a realização de intervenções socioambientais junto à população, iniciando pelas escolas. O objetivo, segundo a professora Adriana Kataoka, é mostrar a importância das áreas naturais para conservação do meio ambiente e, como consequência, para a melhoria da qualidade de vida no município. “O foco é a estação ecológica, mas essa estação ecológica não está isolada da comunidade. Então, trazer a comunidade mais próxima dessa estação, da importância que essa estação tem, só vem a contribuir tanto com a própria preservação, quanto com a ampliação de consciência desses educandos em relação à temática ambiental”, ressalta.
A secretária Municipal de Educação de Campina do Simão, Helemara Freitas da Silva, também acredita que as ações de educação ambiental serão um incentivo para que os alunos contribuam com a preservação da área. “Queremos conscientizar os nossos alunos para que eles tenham uma visão diferente, que o nosso município é pequeno, tem bastante florestas, é diferente de um município grande. Então, queremos conscientizá-los e deixá-los a par de que aqui também se tem coisas que eles podem fazer para melhorar o nosso município”.
A expectativa quanto aos resultados do projeto é grande, já que a execução dessas ações gera benefícios para o município de Campina do Simão e, também, para a formação dos biólogos, que têm nessa área um laboratório de campo. “É de suma importância para nosso município, para demonstrar para a população as riquezas naturais que nós temos aqui com as estações ecológicas. Também é um importante eixo financeiro para o município porque, através da conservação dessas Estações, e com a parceria com a Universidade e com o IAP, acaba fazendo uma avaliação das estações ecológicas, o que acarreta no ganho financeiro por município também”, lembra o secretário Municipal de Meio Ambiente de Campina do Simão, Wilson Aguiar.