Assédio na Universidade é debatido em mesa-redonda promovida pelo Numape Florescer
“Toda e qualquer conduta consciente e deliberada que venha ofender a integridade psíquica, a integridade psicológica, física ou sexual de outra pessoa pode ser considerada assédio”. A definição apresentada pelo promotor criminal de Guarapuava, Felipe Gehr, deu início às discussões sobre o assédio na Universidade, propostas pelo projeto de extensão Núcleo Maria da Penha – Numape/Florescer, sob coordenação da professora Ariane Pereira, do Departamento de Comunicação.
“Nosso intuito é começar a fomentar o debate dentro da Universidade, para que a gente tenha um lugar de escuta, um local de averiguação desses casos de assédio”, explica Ariane. “Dentro do Florescer, a gente acredita que não dá para abordar o tema violência contra a mulher apenas dizendo para a mulher: ‘é preciso tomar uma atitude, vamos dar um basta na violência, vamos denunciar’. É preciso também trabalhar o outro lado. Uma das maneiras que a gente encontrou foi falar sobre o assédio na universidade. O assédio é um comportamento baseado em uma cultura sexista, machista, que é passada de geração para geração sem que a gente perceba. Na sociedade, de modo global, a gente acaba meio que fechando os olhos para o assédio e tolerando. Dentro da universidade, como na maioria dos lugares não é diferente”.
Para discutir o assunto, o Numape Florescer convidou, além do promotor Felipe Gehr, a delegada da Mulher de Guarapuava, Amanda Ribeiro, e a secretária municipal de Políticas Públicas para Mulheres de Guarapuava, Priscila Schran de Lima. A mesa-redonda teve como objetivo dar início à discussões que possibilitem a criação de um regulamento interno que estabeleça os trâmites para atendimento, registro, apuração e possíveis punições para casos de assédio. “Essa mesa, além de conceituar e mostrar os direitos das mulheres, ela tem o intuito de iniciar o passo a passo dessa regulamentação para que, efetivamente, o assédio sexual seja combatido aqui dentro”, comenta a secretária da Mulher, Priscila Schran, sobre a iniciativa.
E para mostrar a importância do combate ao assédio, além da comunidade universitária como um todo, foram convidados integrantes da administração para acompanhar os debates – como representantes do Setor de Atendimento Estudantil, da Ouvidoria, das direções de Campus e da Reitoria. “É esse público que vai ser o multiplicador dessa prevenção necessária e dessa mudança de comportamento necessária quanto a agressão que se faz as mulheres”, pondera o vice-reitor da Unicentro, professor Osmar Ambrósio de Souza.
Para o
promotor Felipe Gehr, o combate ao assédio é imprescindível e urgente. “Certas posturas nós não podemos admitir. Não podemos deixar que condutas que violem a intimidade, que violem os direitos da mulher passem impunes. Se podemos tirar uma conclusão a respeito de qual é o caminho a ser seguido para que nós tenhamos um maior respeito á figura da mulher é que nós temos que conscientizar as pessoas, nós temos que debater o tema sem vergonha e sem medo. Nós temos que fiscalizar atos lesivos e levar ao conhecimento de quem pode tomar as providências”.
Na mesma linha, a coordenadora do Numape Florescer defende que as discussões possibilitadas pela mesa-redonda são o primeiro passo, mas que muitos outros ainda precisam ser dados até a aprovação definitiva de uma regulamentação institucional para a apuração do assédio no ambiente universitário. “A gente espera que o debate tenha sequência e que, fundamentalmente, a gente tenha um caminho estabelecido para as denúncias de violência dentro da universidade”, defende Ariane.