Exposição homenageia escritor Gaspar Valenga, em Irati
Ferreiro, escritor e, acima de tudo, um tesouro para a comunidade iratiense. Assim, amigos, colegas e professores definem Gaspar Valenga, participante da primeira turma da Universidade Aberta para a Terceira Idade do Campus Irati (Uati), que faleceu no último mês de julho, aos 94 anos. Paulo Miskalo, agente universitário da Unicentro, foi professor de digitação de Gaspar Valenga na Uati e viu o ferreiro se transformar em escritor. “Desde o começo, o seo Gaspar sempre se mostrou muito interessado nas atividades, principalmente nessa questão de digitação, pois ele sempre citava a vontade de ir além nessa questão”, revela.
E foi muito além. Gaspar Valenga escreveu três livros – todos tratando das memórias da cidade e da profissão de ferreiro. Segundo Luiza Fillus, ex-diretora do campus de Irati da Unicentro e presidente da Academia de Letras, Artes e Ciências do Centro-Sul do Paraná (Alacs), a escolha dos temas dos livros se dava pela excelente memória que seo Valenga possuía. “Foi uma pessoa privilegiada porque ele tinha uma excelente memória. Sabia datas e pessoas com precisão, lembrava de tudo! Algo fantástico para alguém que queira escrever memórias de uma Irati que já não existe mais”, conta Luiza.
Mesmo tendo estudado apenas até a terceira série do ensino fundamental, os livros e, principalmente, o envolvimento de Gaspar Valenga com a cultura da região lhe rendeu um convite para integrar a Alacs. Sua partida deixou saudade ma Academia devido a sua dedicação, já que mesmo com a idade avançada sempre se fazia presente nas reuniões, como conta Luiza. “Posso falar que, como acadêmico, ele foi exemplar. Sempre vinha em todas as reuniões, só faltava quando estava doente e, mesmo no final da vida, quando estava quase sem a visão ele vinha”.
Em forma de homenagem, a Biblioteca do Campus Irati organizou uma exposição com os livros do autor e um breve resumo de sua vida e obra. Segundo Carmen das Graças Pegoraro, bibliotecária da Unicentro, a reverência, apesar de singela, é uma forma de levar aos alunos a memória de alguém tão ligado com a cidade e a própria Universidade. “Logo após seu falecimento pensamos em fazer algo em homenagem a ele. Por isso, pensamos na exposição dos livros, para que os alunos – principalmente os que vêm de fora – tenham noção de quem foi o seo Gaspar e, assim, manter viva a memória dele”, explica a bibliotecária.