Fórum de Cultura Eslava estreita relação entre Unicentro e Universidade de Varsóvia
O Paraná é o estado mais eslavo do Brasil e, para fortalecer a internacionalização das pesquisas e o diálogo com as comunidades da região, o Núcleo de Estudos Eslavos (Nees), da Unicentro, realizou o II Fórum de Cultura Eslava, que teve como tema central “Diálogos Multiculturais”. Entre os dias 15 e 26 de maio, foram realizados cursos e conferências que contaram com a participação da professora Izabela Stapor, da Universidade de Varsóvia, da Polônia.
Segundo a coordenadora do II Fórum de Cultura Eslava, professora Luciane Trennephol da Costa, os debates focaram justamente a questão do multiculturalismo existente em nossa região e no Brasil e que, muitas vezes, não é legitimado. “As pesquisas linguísticas do Nees estão registrando essas línguas eslavas faladas aqui nas cidades de abrangência da Unicentro, e que têm uma descendência eslava forte. O polonês e o ucraniano são falados em diferentes situações sociais, como por exemplo nas missas, velórios, catequese, interações familiares. Isso é um patrimônio linguístico do Brasil que tem que ser registrado. Como linguistas, nós pensamos nesta questão dos diálogos multiculturais, desse multiculturalismo presente no Brasil e que precisa ser valorizado e legitimado”, destacou.
O Fórum também proporcionou o diálogo acadêmico entre professores da Unicentro e da Universidade de Varsóvia. A professora de Linguística Histórica, Izabela Stapor compartilhou seu conhecimento em línguas eslavas em cursos e conferências que foram realizadas no campus Irati e, também, no Santa Cruz. “Dou aulas de História da Língua e aqui ministrei algumas palestras sobre linguística histórica, história das línguas eslavas, fonética eslava, polonesa na maioria, e também falei sobre dialetos poloneses. Foram duas semanas bastante intensas, muito boas. Vou levar as lembranças fantásticas, de uma gente amável, das comidas deliciosas, do tempo quase como da Polônia. Adorei as atividades, os estudantes e professores daqui da Unicentro e já quero voltar”, observou a professora polonesa.
A professora do Departamento de Pedagogia, Nelsi Pabis é também a presidente do Núcleo de Irati da Representação Central da Comunidade Brasileiro-Polonesa no Brasil (Braspol) e membro da diretoria nacional da entidade. Nelsi salienta a importância das ações de internacionalização do Nees, que possibilitam que professores da Ucrânia e da Polônia venham até a região, conheçam e vivenciem os hábitos da comunidade, recuperando o que os antepassados trouxeram e deixaram.
“A Universidade deve estar inserida na comunidade e a Unicentro está fazendo este papel através das ações que está desenvolvendo, valorizando a cultura local e regional. Como é uma instituição que trabalha de forma técnica e, principalmente, de forma científica, os seus estudos e pesquisas em muito vão contribuir para resgatar e incentivar a preservação da cultura entre os descendentes de poloneses e ucranianos aqui na região”, complementou a professora Nelsi.
O Fórum de Cultura Eslava marcou também com o lançamento do segundo livro do Núcleo de Estudos Eslavos. Com o título “Diálogo Interculturais: Extensão e Pesquisa em Contextos de Imigração Eslava”, a obra é resultado de um trabalho conjunto de pesquisadores, e contou com parceiros de universidades de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.
“É um resultado das pesquisas que vêm sendo desenvolvidas aqui na região com foco eslavo. São trabalhos voltados tanto para a questão linguística, que é um dos nossos pilares, como na questão da cultura eslava, também trabalhos para a sala de aula, outros de cunho histórico. O livro é mérito de todos os autores que compuseram os capítulos e ficou um resultado bem interessante”, explica uma das organizadoras do livro, professora Loremi Loregian Penkal.
De acordo com a coordenadora do Nees e também organizadora do livro, professora Mariléia Gärtner, a ilustração da capa que tem como tema a antropofagia eslava é de autoria do artista plástico Eloir Junior. “A capa faz parte de todo um trabalho de uma série que ele tem sobre a cultura eslava. E essa ilustração específica da antropofagia dialoga muito bem com a temática do livro. Então, agradecemos ao Eloir e a todos os autores que colaboraram. É um momento de festa, de divulgação e de, realmente, nós podermos apresentar para a comunidade e as demais universidades, e aos pesquisadores interessados o resultado deste trabalho”, concluiu Mariléia.