Unicentro promove capacitação para a inclusão de alunos cegos e de baixa visão
Passar no vestibular e ingressar em uma Universidade não é tarefa fácil. E para quem consegue, vem uma segunda etapa: a graduação, também cheia de desafios. São provas, trabalhos e pesquisas, que demandam muita leitura. A estudante de História, Priscila Menezes, acredita que há uma grande ruptura entre o Ensino Médio e o Superior. “É totalmente diferente uma coisa da outra, eu acredito que seja essa a maior dificuldade que o aluno enfrenta”. Já o calouro de Jornalismo, Ygor Lemes Dores, explica que um dos maiores desafios, ao ingressar na Universidade, foi desenvolver a pró-atividade na hora de buscar os conteúdos. “Você fazer por você mesmo, você fazer o seu curso, ir atrás, buscar pelo teu interesse eu acho que é a principal, a maior mudança que pode ser entendida como a maior dificuldade do aluno que passa do Ensino Médio para a Universidade”.
Difícil para quem vê, mais ainda para quem tem baixa ou nenhuma visão. Esse é o caso da agente universitária Evelize Vasco. Já bacharel em Química ela perdeu a visão como complicação do diabetes. Mesmo sem enxergar voltou para a Universidade para fazer a licenciatura na mesma área. E foi no retorno aos bancos escolares, em 2008, que Evelize passou a sentir as primeiras dificuldades. Em virtude da perda da visão ela já não podia mais encarar os processos de leitura e de pesquisa da mesma forma. “Entre as dificuldades que eu senti, a que eu penso que é o ponto nevrálgico do acesso ao conhecimento para pessoa com deficiência visual é o acesso ao material didático porque, infelizmente, as editoras não tem essa preocupação com o aluno não-vidente”, avalia.
Mas os problemas no processo de ensino-aprendizagem são muito mais amplos e esbarram, também, nos educadores. Andrieli Garcia, por exmeplo, é professora da rede municipal de ensino em Guarapuava e atende, dentro da turma regular, um estudante deficiente visual. “A dificuldade maior foi a adaptação das atividades para que ele acompanhe a turma. Por ser a inclusão, então ele tem que estar inserido em todas as atividades que a turma realiza”, opina.
E foi pensando em diminuir essas barreiras que a Unicentro, através do Programa de Inclusão e Acessibilidade (PIA), promoveu o curso “Subsídios para a inclusão de alunos cegos e de baixa visão no ensino comum”. Uma das inscritas foi a coordenadora de Processos Seletivos da Unicentro, Maria Mores Pinto. Ela resolveu participar porque em quase todas as edições do Vestibular e do PAC (Processo de Avaliação Continuada), Instituição recebe candidatos com algum tipo de deficiência visual. “Tenho pouco conhecimento em relação a como trabalhar com essas pessoas, apesar de já estar há algum tempo na coordenação. Acredito que aqui eu vou aprender muito mais do que eu já sei, e, do que eu preciso também pra tratar melhor os deficientes”, avalia Maria.
O curso foi ministrado pela equipe do Centro de Apoio Pedagógico na Área Visual (CAP), de Francisco Beltrão. O órgão atua na capacitação de professores do ensino comum, e também, da educação especial. Os mais de 20 profissionais que participaram da capacitação puderam discutir sobre vários assuntos, dentre eles “como se relacionar com a pessoa cega, braile, soroban, produção de material adaptado e informática acessível, Mecdaisy e o Dosvox”, contou a coordenadora do CAP, Josiani Vieira Brenner.
Segundo a Coordenadora do PIA, Evelize Vasco, atualmente a Unicentro tem sete estudantes com deficiência visual que cursam a graduação, por isso, a importância de capacitações como essa serem realizadas. E quem participou saiu motivado a ajudar a diminuir as barreiras da acessibilidade. “Traz uma nova experiência e a forma como a gente deve tratar essas pessoas que têm dificuldade visual, ou até mesmo que são cegas. Não só a questão adaptativa, mas, mais pela percepção da gente, como ela quer ser tratada, como ela deve ser tratada”, destacou Josiane Prado, estagiária do Setor de Apoio ao Estudante na Unicentro.
Para a Professora Lia Viviane Mamcasz, que atua na sala multifuncional da Escola Municipal São José, em Guarapuava, é imprescindível que todos estejam preparados para se relacionar e conviver com pessoas cegas ou de baixa visão. “Elas estão inclusas, elas estão no mercado de trabalho, elas estão tendo uma vida social ativa”.