Unicentro realiza Encontro de formação de Educadores em Agroecologia
Tornar a agroecologia uma realidade na educação básica das escolas do campo. Foi com a intenção de concretizar este objetivo que a Unicentro, em parceria com o Setor de Educação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), realizou o III Encontro de Pesquisa e Iniciação Tecnológica em Agroecologia e o III Encontro de Formação de Educadores e Educadoras em Agroecologia das Escolas de Acampamento do Paraná. Os eventos são parte de um projeto de formação em Agroecologia destinado a jovens de escolas itinerantes do Estado.
Coordenado pela professora Marlene Sapelli, do Departamento de Pedagogia da Unicentro, o projeto visa trazer a temática da Agroecologia para dentro do ensino e, também, para vida da comunidade. “O principal objetivo desse projeto é desenvolver atividades de Agroecologia nas comunidades onde essas escolas do campo estão inseridas. E junto com isso também trazer a Agroecologia para dentro do ensino”, destacou a professora.
Segundo a organização do evento, 140 pessoas participaram da formação. São estudantes e educadores de oito municípios do Paraná. O pedagogo do Setor de Educação do MST, Valter Jesus Leite, acredita que os encontros do projeto são uma oportunidade para análise e reflexão das possibilidades do vínculo entre o estudo e o trabalho voltado ao campo. “Destes participantes, 45 são estudantes e os outros são educadores de diferentes áreas do conhecimento que vem para os encontros para se apropriar da concepção de educação dessas escolas nos acampamentos e nos assentamentos, da concepção da pedagogia do movimento que prima pela conexão entre o conteúdo das disciplinas a dimensão da agricultura ecológica”, ressalta.
Desde 2008, a Unicentro apoia e participa de ações referentes ao campo, por meio de ações de pesquisas e de extensão. O evento, por exemplo, faz parte do Projeto “Formação em Agroecologia dos jovens do Ensino Médio das Escolas Itinerantes do Paraná: do saber popular ao conhecimento científico para o cuidado com a terra e com a vida”, coordenado pela professora Marlene. Iniciado em 2014, ele está encerrando agora e, no período, contou com financiamento do Governo Federal, via CNPq.
Para Valter, o projeto possibilita que os estudantes se apropriem dos fundamentos científicos da agroecologia e coloquem isso em prática. “Hoje, em cada uma dessas escolas, há núcleos de experimentação de práticas agroecológicas que vem permitindo a esses estudantes avançarem no conhecimento. Algumas escolas têm agroflorestas, hortos medicinais, hortas, produzem hortaliças, leguminosas e, tudo isso, atrelado ao trabalho pedagógico da escola. Então, não é uma prática desconexa da apropriação do conhecimento escolar”, pondera.
Um exemplo de como o projeto tem transformado a vida de comunidades é o da aluna Ana Paula Borba da Silva, que estuda no Colégio Estadual Aprendendo com a Terra e com a Vida, da cidade de Cascavel. Durante o último ano, a jovem foi bolsista do projeto e, graças as atividades de Pesquisa e Iniciação Tecnológica, ela e outros colegas conseguiram mapear o terreno da escola e, mesmo com um solo degradado, iniciaram o plantio de orgânicos. “Lá na minha escola a gente fez agrofloresta e plantou árvores frutíferas, árvores nativas e saladas em geral. Agora, a gente está fazendo uma horta de remédios medicinais. A gente vai fazendo um mapa, colocando, intercalando as coisas. Quanto mais intercalado melhor vem as plantas”, explica.
E as experiências positivas não são exclusividade dos alunos. De acordo com a coordenadora do projeto, para os educadores os encontros são momentos de troca de experiências. “Há um processo de qualificação de quem vem para esses encontros e, também, de um trabalho de coletividade, porque eles se encontram aqui e sempre é um momento de troca de experiências”.
Um dos aspectos mais importantes proporcionados pelo projeto é o de colocar em prática ações que são discutidas, planejadas e definidas pelo conjunto de educadores que participam da formação. “A cada encontro nós saímos daqui com um conjunto de encaminhamentos que são definidos coletivamente e, a partir desses encaminhamentos, eles retornam, levam isso pra ser discutido e debatido em cada coletivo escolar com o conjunto dos educadores, e a partir disso, definem ações, definem práticas, definem planejamento de ensino para poder avançar no âmbito, tanto da implementação do projeto político-pedagógico dessas escolas, quanto na conexão do conhecimento com o trabalho, com a vida, com as dimensões que estão latentes nesses territórios, nessas áreas”, salienta Valter.
Durante o evento, várias atividades foram realizadas. A professora do Departamento de Pedagogia da Unicentro, Ana Barby, trabalha com educação especial e inclusiva e foi uma das palestrantes que participaram da formação. “Eu acredito que o evento é de grande importância porque a educação inclusiva está tanto nas escolas do meio urbano, quanto nas escolas do meio rural. Então, todas essas crianças estão sendo encaminhadas e, hoje, elas precisam ser atendidas e cabe a nós professores estarmos pensando um planejamento, uma escola, um programa para atender adequadamente essas crianças”.