Pimenta é a base de medicamento em desenvolvimento para o tratamento do câncer
Dentro da cozinha, a pimenta é conhecida por dar um sabor picante e particular aos alimentos. Apreciada por uns e nem tanto por outros, quem consome o tempero no dia a dia está garantindo diversos benefícios para a saúde. Isso porque a pimenta possui o princípio ativo da capsaicina, responsável pelo gosto ardido da especiaria e que também tem um potencial terapêutico no tratamento de diversos problemas de saúde.
Recentemente, uma pesquisa desenvolvida pelo professor Guilherme Barroso Langoni de Freitas, do Departamento de Farmácia da Unicentro, mostrou que a pimenta pode ser utilizada na prevenção contra o câncer. O objetivo do professor é encontrar uma maneira de utilizar essa substância de uma maneira eficaz no tratamento da doença e com de baixa toxicidade para o ser humano. “A nossa ideia foi tentar direcionar esse potencial, com pequena toxidade que ela tem sobre células sadias, somente para a célula de câncer. Desenvolvemos uma nanopartícula com albumina, colocando a capsaicina dentro e, assim, conseguimos direcionar somente para célula do câncer, o que reduz bastante a toxidade e mantém o potencial terapêutico”, explicou Guilherme.
A pesquisa iniciou há quatro anos e faz parte da tese de doutorado em Medicina Interna e Ciências da Saúde da Universidade Federal do Paraná desenvolvida pelo professor Guilherme. Na Unicentro, ele teve coorientação do também professor Najeh Maissar Khalil, do Laboratório de Nanotecnologia. “Essa técnica foi inventada em parceria entre as duas universidades. É um produto tecnológico já submetido ao processo de patenteamento. Essa patente é vinculada às duas universidades”, contou Guilherme.
O professor ainda destacou a viabilidade do medicamento, tendo em vista que é um produto natural de baixo custo. “Então, pensando em saúde pública, é excelente. A capsaicina, atualmente, tem uma utilidade já aprovada como anti-inflamatório e analgésico, usada para dores neuropáticas. Estudando a bioquímica e os mecanismos de ação da droga chegamos a conclusão de que, realmente, poderia ter uma ação de quimioterápico”, ressaltou.
Os testes com o novo medicamento devem continuar. A ideia, de acordo com o professor, é ampliar os estudos in vivo, primeiro em animais e depois em humanos. Para ele, o sucesso do trabalho realizado é motivo de comemoração. “É um orgulho enorme. Torcemos para que esse produto realmente seja lançado e tenha bons benefícios aos pacientes que precisam”, finalizou.