Conquistas e as lutas pelos direitos da comunidade surda são lembradas na Unicentro
As conquistas e as lutas pelos direitos da comunidade surda são celebradas, em todo o mundo, no mês de setembro. Aqui no Brasil, os surdos têm em 26 de setembro um dia comemorativo. Data lembrada pelo PIA, o Programa de Inclusão e Acessibilidade da Unicentro.
Durante o mês de setembro os membros do PIA estão usando uma fita de cor azul, para simbolizar a busca diária dos surdos por direitos básicos, como o acesso à educação, em todos os níveis. “Essa fita azul é para lembrar toda luta da comunidade surda, setembro é o mês dos surdos. E a fita azul é justamente isso, para brigar pelos direitos dos surdos, pela escola bilíngue, pela diversidade surda, enquanto trabalho de movimento surdo mesmo”, detalha a coordenadora do PIA, professora Elenir Guerra.
Para a inclusão da comunidade surda na Unicentro são realizadas diversas ações, como provas específicas nos vestibulares com acompanhamento de intérpretes, vídeos com tradução em Libras e site acessível. Além disso, em todas as atividades desenvolvidas pelos alunos, eles são acompanhados por tutores ou intérpretes. Segundo Elenir, os intérpretes estão presentes até em consultas na biblioteca, ou mesmo na DIAP e protocolos. “Qualquer informação ou qualquer formação dada pelo professor em sala de aula, ou em eventos científicos, ou eventos sociais, eles recebam toda essa mediação da comunicação, pelo grupo de intérpretes que nós temos”.
Conseguir concluir o ensino superior é um desafio para todos. Mas a comunidade surda é um exemplo a ser seguido. Afinal, esses alunos mostram que com determinação tudo é possível. Irene Stock foi a primeira aluna surda a estudar na Unicentro. Hoje, ela é professora na universidade.
Irene foi incentivada por amigos a prestar vestibular e ela escolheu o curso de Pedagogia, pois já ensinava Libras para crianças surdas. “Em 2002 foi criada a Lei de Libras, mas não tinha intérprete ainda. Então, foi muito difícil. Mas os colegas me ajudavam, escreviam… Mas eu ficava nessa dependência, não era bom para mim. No segundo ano eu consegui a contratação do intérprete de Libras e isso foi muito bom. Eu agradeço muito a Unicentro, porque a universidade sempre me apoiou nessa luta. Não foi fácil, mas foi muito bom porque abriu o caminho para que outros surdos entrassem no ensino superior”, lembra a professora Irene.
Além de Irene, a Unicentro conta com mais dois professores surdos. A eles se juntam oito alunos surdos, que cursam Administração, Engenharia de Alimentos, Letras, Matemática e Pedagogia. E todos eles contam com tradutores de libras, que são, também, tutores desses estudantes. No total, a Unicentro possui sete desses profissionais. E esse é só o começo para uma universidade que, ano a ano, quer se firmar na inclusão da comunidade surda com a comunidade acadêmica ouvinte.
Para o professor Carlos Alberto Franco, o ensino de Libras dentro da Universidade é extremamente importante para que a interação possa acontecer. “ É muito importante pela questão da comunicação com os surdos. Por exemplo, um curso de enfermagem, os profissionais vão aprender, vão adquirir a Libras e, no futuro, quando eles encontrarem um paciente surdo, uma pessoa com problema de saúde, eles vão conseguir se comunicar com essa pessoa e atendê-la. Não vai ter essa limitação. Então, para a inclusão isso é muito importante”.
A luta dos profissionais do PIA é justamente essa, fazer com que as diferenças não sejam causa de preconceito e falta de comunicação, priorizando sempre a interação entre todos. Segundo a aluna de Engenharia de Alimentos, Aline Gonçalvez, a interação nem sempre é fácil, mas com a dedicação de todos ela pode ser alcançada. “No começo não tinha interação nenhuma, eu sempre me sentia assim, desprezada, sentia que as pessoas tinham preconceito. Então, os professores sempre falando da questão da inclusão com a Aline, e essa interação foi melhorando e agora está bem melhor”.
Quando o preconceito é deixado de lado e a interação se torna prioridade as conquistas são inúmeras. Eliel Morais sabe bem disso. Ele que foi aluno da Unicentro e, hoje, encontrou espaço no mercado de trabalho, lecionando em uma Escola Pública Municipal da cidade. “Eu procuro sempre aconselhar os surdos para que a luta continue, para que futuramente eles possam se formar e consigam estar aqui na Unicentro. Nós temos essa oportunidade. Então, só basta o surdo escolher o curso e aproveitar essa oportunidade que ele tem na vida, e continuar se desenvolvendo e lutando. Não pode ter preguiça, não pode ter medo. Eu sei que é difícil, mas eu quero ser um modelo de vida para esses surdos, porque eu me formei aqui na Unicentro e quero isso para eles”.
A Unicentro trabalha para que as barreiras que interferem na comunicação e na interação sejam quebradas, visando a inclusão e a formação adequada daqueles que possuem necessidades especiais. “O nosso papel enquanto Universidade, enquanto Programa de Inclusão e Acessibilidade é fazer com que esses alunos que tenham uma variação linguística diferente da nossa, do Português, se sintam em casa, se sintam inclusos, recebam toda a formação e toda a informação necessária para o seu futuro profissional”, afirma Elenir.