Professores publicam artigo em uma das principais revistas internacionais
A PNAS, revista da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos e uma das mais prestigiosas da área científica no mundo, publicou recentemente um artigo assinado pelos professores Weber Cláudio Da Silva e Juliana Sartori Bonini, ambos da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro).
Os resultados foram publicados no início de abril na PNAS. Além dos docentes da Unicentro, participaram da pesquisa e também assinam o artigo Gabriela Cardoso, da Universidade Federal de Alagoas, Ivan Izquierdo, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), e Fernando Benetti, vinculado ao Centro de Memória do Instituto do Cérebro (InsCer) da PUC-RS. Todos os experimentos foram desenvolvidos na PUC-RS e seguiram normas do Comitê de Ética em Pesquisa. Os direitos e cuidados com os animais foram respeitados.
A publicação pode ser acessada no site da PNAS.
PESQUISA
O estudo, realizado no Centro de Memória do Instituto do Cérebro da PUC-RS, dá um importante passo na busca pela reativação e a manutenção da memória. A pesquisa mostra que a entrada de cálcio por canais dependentes do potencial elétrico das células no hipocampo, no cérebro, promove a reconsolidação de memórias. A partir disso, o cálcio ativa uma enzima chamada cálcio-calmodulina quinase, que regula a síntese protéica, o que faz com que o efeito da reconsolidação perdure dias ou semanas em vez de poucas horas.
Os experimentos duraram cerca de três anos. Depois de submeter os ratos de laboratório ao procedimento – infundir nos hipocampos antagonistas dos canais por onde o cálcio entra as células, e da enzima mencionada, ficou constatado que eles não desciam de uma plataforma para evitar receber um choque elétrico de pouca intensidade. Segundo o professor Ivan Izquierdo, que também compõe o grupo de pesquisadores, este tipo de aprendizado é um modelo animal da memória humana para atividades comuns, como não atravessar a rua sem olhar para os lados ou não colocar os dedos em uma tomada. “Um tipo de lembrança muito simples e corriqueira, mas relevante para a sobrevivência”, garante Izquierdo.
Nos estudos ficou demonstrado ainda que a enzima estudada regula a troca de proteínas velhas por outras recém sintetizadas nas sinapses utilizadas, controlando a memória e favorecendo sua manutenção.
Segundo Izquierdo, até a conclusão do trabalho não se sabia o que era preciso para prolongar a memória depois de sua reativação. “Agora podemos pensar em formas de melhorar a reconsolidação ou até impedi-la, no caso de lembranças desagradáveis. É um achado acadêmico de proporções enormes”, enfatiza. O próximo passo é tentar aumentar a atividade desta enzima ou buscar mantê-la ativa por períodos mais longos. Sobre o possível aproveitamento para o tratamento em humanos no futuro, ele alerta: “Deve haver muitas drogas com estas ações, mas não sabemos ainda quais são. Encontrar alguma que estimule este processo em seres humanos pode ser como achar uma agulha no palheiro”.
Com informações da Assessoria de Comunicação Social da PUC-RS.