Computação cognitiva: sistemas aprendem com o ser humano
Eles ganharam capacidade de discernimento próprio… criaram estratégias de defesa… controlaram o planeta e se tornaram a espécie dominante… agora, nós é que corremos o risco da extinção.
Quem não se lembra do mote central da série de filmes Exterminador do Futuro? Ainda não chegamos lá… e esperamos nunca chegar! Mas, a ideia de uma máquina que aprende sozinha e, a partir desse aprendizado, pode tomar decisões sozinha está aí.
Enquanto os computadores não alcançam tal nível de sofisticação, é bom lembrar um pouco de onde tudo isso veio. Ao longo da história vivemos grandes revoluções tecnológicas: no início, as máquinas mais avançadas eram capazes apenas de contar; anos mais tarde surgiram os sistemas programáveis – que, por acaso, são os que utilizamos até hoje nos nossos dispositivos mais modernos. A grande nova revolução (também já presentes no nosso dia a dia) são máquinas e sistemas capazes de entender e aprender com os seres humanos, sem a necessidade de serem programados. Bem-vindos à era da Computação Cognitiva.
Não há dúvida: os computadores poderão fazer muito mais do que simplesmente substituir trabalhos mecânicos. Hoje, para interagir com a maioria dos sistemas que estamos acostumados, ainda somos obrigados a nos adaptar a eles – é preciso estruturar a informação para que o sistema entenda e possa trabalhar com aquele dado. Na computação cognitiva, que tem a inteligência artificial e a aprendizagem das máquinas como pilares, é possível interagir de forma muito mais natural com esses sistemas; seja por meio da linguagem natural ou ainda a capacidade de aprendizagem e identificação de padrões.
O mais interessante é que já existem soluções que podem realmente fazer diferença na vida do ser humano. Um grande exemplo é um sistema especializado em oncologia pelo Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, um dos maiores centros do mundo para tratamento do câncer. Hoje, teoricamente, qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo, pode ter um diagnóstico vindo diretamente desse hospital. Como? Um sistema de computação cognitiva ajuda no diagnóstico de qualquer caso de câncer, em qualquer lugar do planeta, ao acessar mais de 600 mil relatórios médicos, dois milhões de páginas de texto de 42 publicações especializadas em câncer e um milhão e meio de registros e exames de pacientes. O sistema compara cada sintoma de cada indivíduo, sinais vitais, histórico familiar, medicamentos aplicados, genética e rotina diária para diagnosticar e propor um plano de tratamento específico. A tarefa é praticamente impossível para qualquer médico – aliás, seria difícil pensar em um ser humano capaz de analisar e lembrar de um volume tão imenso de informações para cada caso…
Muita gente questiona e chega a comparar a computação cognitiva com outros sistemas que também aprendem alguma coisa; um sistema de recomendação de compras, por exemplo, aprende sobre suas preferências; um sistema de reconhecimento de voz no seu smartphone também aprende algo sobre você. A grande diferença é que esses sistemas são especializados para um único fim, ou seja, são limitados. Já quando o assunto é computação cognitiva, significa dizer que os computadores conseguem aprender e criar relações entre diferentes fatores de modo autônomo.
E essa tecnologia serve para qualquer área. Imagine o direito. Um sistema cognitivo poderia analisar milhões de casos para descobrir e recomendar uma linha de ação para um juiz ou advogado, por exemplo.
A computação cognitiva avança a passos largos. Praticamente todas as grandes empresas de tecnologia têm programas avançados nesse setor. Ainda assim, estes ainda são apenas os primeiros passos. O potencial para mudar radicalmente a nossa vida é gigantesco. E há motivos de sobra para otimismo. Esquecendo as previsões catastróficas do cinema, os sistemas cognitivos expandem a capacidade humana, o que podem nos tornar capazes de resolver problemas super complexos. A cura do câncer é só um desses exemplos. A computação cognitiva pode ser a chave para avanços inéditos. E nem vamos precisar esperar muito para ver.