
Estudantes do primeiro ano de Direito lançam livro “Sociologia e Antropologia Jurídica: Do Papel à Prática”
Resumo
Lançamento contou com palestra da defensora pública Mariela Reis Bueno, autora do prefácio da obra
Os estudantes do primeiro ano do curso de Direito da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) lançaram, nesta quinta-feira (4), o livro “Sociologia e Antropologia Jurídica: Do Papel à Prática”. A obra, organizada pela professora Júlia de Mello Bottini, Karlo Messa Vettorazzi e Milene Tiemi Yokoyama Lima, reúne 12 artigos produzidos pelos acadêmicos na disciplina de Sociologia e Antropologia do Direito. O evento de lançamento contou também com a presença da defensora pública do Estado do Paraná e coordenadora da Defensoria Pública de Guarapuava, Mariela Reis Bueno, autora do prefácio da obra e responsável pela palestra de lançamento.
De acordo com Júlia Bottini, a produção do livro nasceu como proposta final da disciplina. Cada grupo de estudantes deveria desenvolver um artigo articulando conceitos teóricos com problemas sociais atuais, e o resultado superou as expectativas da docente. “A turma é extremamente competente. Todos os artigos ficaram maravilhosos. Eles trabalharam com muita ética, muita delicadeza e muita responsabilidade, olhando para aqueles que estão à margem da sociedade e entendendo que o Direito é uma ferramenta social, não de poder”, destacou a professora

Ao todo, o livro é composto por 12 artigos
Segundo ela, a disciplina semestral é ofertada no primeiro ano e busca analisar a sociedade para compreender o Direito, e não o contrário. “Fazemos essa construção hermenêutica e sociológica entendendo que são os problemas sociais que estruturam o Direito. Acho isso essencial no mundo em que vivemos”, afirmou.
Diante da qualidade dos textos, a docente decidiu transformar os artigos em uma coletânea. Com o apoio de uma editora parceira, o processo foi agilizado e impresso em tempo recorde. “É a primeira vez que fazemos algo assim e a experiência foi muito rica”, acrescentou.
Responsável pelo prefácio do livro, a defensora pública Mariela Reis Bueno destacou a emoção ao conhecer o trabalho desenvolvido pelos estudantes. Para ela, a obra demonstra sensibilidade e maturidade acadêmica incomuns em turmas iniciais. “Fiquei extremamente emocionada ao ver alunos escrevendo sobre desigualdades sociais e de gênero com tanta profundidade. O livro quase parece feito para a Defensoria”, afirmou.
Mariela ressaltou que o material apresenta discussões atuais sobre interseccionalidades, políticas públicas, consumo, gênero e vulnerabilidade social, temas que fazem parte da realidade cotidiana da Defensoria Pública. Durante a palestra, ela buscou aproximar esses conteúdos da atuação institucional. “Eu quis trazer um pouco da atuação extrajudicial da Defensoria, mostrar que nem tudo se resolve com ações judiciais, e que a mudança é diária. Esses alunos já têm uma visão social do Direito que é rara de ver no primeiro ano”, explicou.

Júlia de Mello Bottini e Mariela Reis Bueno durante a palestra
A defensora celebrou ainda o engajamento e a dedicação dos estudantes. “É muito empolgante ver alunos interessados em pesquisa, indo atrás, produzindo algo de qualidade. Em um momento em que se fala tanto em inteligência artificial, é bonito ver que eles pesquisaram, leram, refletiram. Isso precisa ser valorizado”, completou.
Entre os autores da obra está Isabella Pinotti Orlandini, que ao lado de outros dois colegas escreveu um artigo sobre a Lei de Drogas e suas implicações sociais. Para ela, o desafio foi grande. “Eu nunca tinha feito um artigo, mas a professora nos ajudou muito. Pesquisamos doutrinas, autores e filósofos para entender por que certas leis foram criadas e por que não funcionam como deveriam. Foi difícil, mas deu certo. Fiquei muito feliz com o resultado”, relatou.
A estudante destaca que a pesquisa aprofundou sua percepção sobre desigualdade e Direito. “Nosso tema era sobre como a Lei de Drogas aprofunda desigualdades. Não foi fácil, mas conseguimos construir algo consistente. Ver isso no livro é uma satisfação enorme”, comemorou.
Para a professora Júlia, o sentimento é de orgulho. “Agradeço muito aos alunos por terem topado essa aventura. Eles mostraram que o Direito precisa estar junto da comunidade e esse livro é prova disso”, finaliza.
Por Caroline Albertini
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