Unicentro recebe comitiva francesa e amplia debate sobre formação e certificação profissional

Unicentro recebe comitiva francesa e amplia debate sobre formação e certificação profissional

A Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) recebeu, nesta quarta-feira (26), no Câmpus Cedeteg, uma delegação da Universidade Tecnológica de Compiègne (UTC), da França. A visita integra o roteiro promovido pela Fundação Araucária que percorre universidades paranaenses para apresentar a metodologia francesa de Validation des Acquis de l’Expérience (VAE), sistema que reconhece competências adquiridas na trajetória profissional e as converte em certificações acadêmicas.

Criada na França nos anos 1980 e consolidada pela Lei de Modernização Social de 2002, a VAE garante que profissionais possam solicitar avaliação técnica e pedagógica para obtenção de diplomas equivalentes aos de cursos superiores. A proposta rompe com a lógica de que apenas o aprendizado formal é válido e amplia o olhar para saberes técnicos, práticos e culturais construídos ao longo da vida laboral.

Desde 2003, a UTC destaca-se no cenário francês e internacional como instituição pioneira e inovadora na implementação do modelo e já certificou mais de quatro mil profissionais particularmente no campo das engenharias e tecnologias.

A comitiva foi composta pela responsável da VAE na UTC, Magdalena Villette, e pelo diretor-adjunto de Formação e Pedagogia, Etienne Arnoult. Em Guarapuava, eles apresentaram a metodologia e discutiram com a comunidade acadêmica possibilidades de adaptação do modelo ao contexto brasileiro. A agenda no Paraná começou na segunda-feira, em Curitiba, seguiu por Ponta Grossa e, após a passagem pela Unicentro, continua em Cascavel e Foz do Iguaçu.

Segundo o assessor da presidência da Fundação Araucária, Nilceu Jacob Deitos, a ação nasce do processo de internacionalização e da necessidade de políticas inovadoras. Ele destaca que o reconhecimento de competências invisibilizadas é central para o desenvolvimento do estado. “A motivação maior está no contexto crítico da universidade, que não é negativo: estar em constante questionamento é o que impulsiona a transformação. O objetivo é reconhecer as competências já existentes, muitas vezes invisíveis, e transformá-las em um bem comum para o Paraná e para o Brasil”, avaliou. Nilceu também reforça que a metodologia francesa inspira reflexões sobre saberes populares, conhecimentos tradicionais e expertises profissionais. “A França é menos burocrática e resistente a mudanças como nós. E essa metodologia já funciona muito bem por lá. Por isso trouxemos o grupo: para nos provocar, nos inspirar e nos ajudar a pensar novos caminhos a partir de competências tecnológicas, humanas e até saberes ancestrais na nossa região que não são formalmente reconhecidos”, comentou.

Durante o encontro, Etienne pontuou que a VAE responde às mudanças na relação entre jovens e ensino superior. “No mundo todo, universidades enfrentam jovens que se perguntam por que estudar tantos anos. A VAE mostra que é possível avançar nos estudos, trabalhar e, mesmo sem concluir a formação inicial, obter o diploma graças à experiência”, explicou.

Ele também destacou o impacto do sistema para o setor produtivo, ao permitir que empresas compreendam com maior precisão as competências reais de seus colaboradores, inclusive técnicos com nível equivalente ao de engenheiros, mas sem diploma formal. Esse reconhecimento, segundo ele, fortalece decisões estratégicas e ajuda a enfrentar a queda no número de estudantes, fenômeno comum à França e ao Brasil.

Para o reitor da Unicentro, professor Fábio Hernandes, a visita fortalece as discussões sobre valorização de saberes adquiridos fora da universidade, tema crescente no debate internacional sobre educação superior. Ele afirma ainda que a Unicentro sai fortalecida institucionalmente ao participar dessa agenda internacional. “Estamos muito satisfeitos com a oportunidade. Acredito que essa conversa planta uma semente importante para que possamos avançar nessa discussão e desenvolver práticas que valorizem as pessoas e seus saberes”, destacou.

A coordenadora de Relações Internacionais da Unicentro, Cibele Krause-Lemke, acrescentou que a experiência francesa abre portas para que universidades paranaenses discutam políticas internas de validação de competências, fortalecendo a formação continuada e ampliando a inserção da instituição em redes globais. “Temos estudantes na UTC, outros em processo de envio e diversas frentes de colaboração científica. Essas visitas mostram que estamos no radar das instituições parceiras e que a Unicentro tem abertura e articulação para desenvolver projetos conjuntos”, concluiu.

Confira as fotos do evento no Banco de Imagens da Unicentro

 

Por Poliana Kovalyk


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