
Semana de História do Câmpus de Irati valoriza memórias de sujeitos silenciados ao longo do tempo
A XIX Semana de História do Câmpus de Irati da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) tem movimentado dezenas de estudantes e pesquisadores desde segunda-feira (24). Realizada pelo Departamento de História (Dehis/I) e pelo Centro de Documentação e Memória (Cedoc), esta edição reforça o compromisso de estudiosos da área em dar visibilidade às experiências marginais, motivados pelo tema “Vidas nuas, existências limítrofes”.
“A historiografia tradicional, por muito tempo, priorizou trabalhar grandes eventos e grandes nomes, e acabou relegando muitas vidas ao esquecimento”, contextualiza Júlio César Franco, arquivista do Cedoc e coordenador do evento. “Esse é o ponto desta Semana de História: repensar nossa prática historiográfica e dar voz e vez a essas histórias que ficaram apagadas”, explica.

A exposição fotográfica “Frantz Fanon e a Revolução Argelina” integrou a programação do evento (Foto: Coorc).
Mesas-redondas, exposição de arquivos históricos e exibição de filme foram algumas das atividades realizadas até agora. Na segunda (24), o foco da programação foi a IV Jornada do Núcleo de Pesquisas em História da Violência (Nuhvi), que aconteceu em paralelo ao evento principal.
“O objetivo da Jornada é debater as pesquisas de graduação e pós-graduação que tratam sobre violência. Esse assunto vai ao encontro do tema da Semana de História porque, muitas vezes, nós temos vítimas que foram marginalizadas”, relaciona o coordenador do Nuhvi, professor Lucas Kosinski. “Quando esses pesquisadores e pesquisadoras trazem essas reflexões, nós conseguimos aprender com o passado para interpretar um pouco melhor as violências que acontecem no presente”, argumenta.
Na terça-feira (25), foi a vez das mesas-redondas. Uma delas abordou o tema “Refugiados e imigrantes: histórias e experiências”, com falas do psicólogo haitiano Clefaude Estimable e do professor João Carlos Corso. A outra, reuniu pesquisadores da Rede Paranaense de Arquivos, Centros e Núcleos de Documentação para debater “Memórias indizíveis, marginais, traumáticas e arquivos”.

Professor José Miguel Arias Neto, da Universidade de Londrina, foi debatedor em uma das mesas-redondas (Foto: Coorc).
“O principal objetivo foi discutirmos as vidas daquelas pessoas que não estão registradas nos arquivos ou que estão, mas não são percebidas pelos pesquisadores”, comenta o docente José Miguel Arias Neto, da Universidade Estadual de Londrina (Uel), um dos integrantes da mesa.
Ao lado das professoras Kety Carla de March (Unespar) e Talita dos Santos Molina Peraçoli (Unicentro), o debatedor mostrou ao público participante o quanto os traumas expõem os limites dos arquivos históricos. “Às vezes, as pessoas passam por uma coisa tão traumática que têm dificuldade de falar. E se não é dito, como vamos registrar? Então, tentamos problematizar essas questões e pensar como o historiador pode atuar diante delas”, discorre José Miguel.
Encerramento
A Semana de História do Câmpus de Irati termina nesta quarta (26), com as apresentações de 108 trabalhos inscritos em dez simpósios temáticos. As pesquisas versam sobre assuntos como criminalidade, arquivos, ensino, movimentos sociais e questões étnico-raciais, de gênero e LGBTQIA+.
Confira os horários e locais das apresentações.
Por Amanda Pieta







