Identidade e cultura surda são tema de debate no Câmpus de Irati

Identidade e cultura surda são tema de debate no Câmpus de Irati

Na terça-feira (16), o Câmpus de Irati da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) sediou o evento “Identidade Surda”. Organizado pelo Departamento de Letras (Delet/I) e pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Unicentro (PPGE), o encontro teve como objetivo difundir a cultura surda e discutir as suas diversas identidades. A iniciativa também teve como finalidade celebrar o Dia Nacional do Surdo, comemorado em 26 de setembro.

Os convidados da noite foram os professores de Libras André Coelho (UTFPR) e Edinata Camargo (Unespar). Na ocasião, os docentes surdos compartilharam suas experiências pessoais e profissionais, além de discutir os diferentes aspectos relacionados à comunidade surda e os desafios na relação com os ouvintes.

“Todos os surdos são iguais? Não. Os surdos são plurais, distintos. Vocês, ouvintes, são a grande maioria, e os surdos fazem parte de uma minoria. Mas nessa minoria, nós temos mais minorias ainda. Indígenas surdos, negros surdos, LGBTQIAPN+… A gente tem surdos que são oralizados, que são implantados, que usam aparelho auditivo, com diferentes características. E cada um tem uma forma de se posicionar, cada um tem uma necessidade de acessibilidade diferente, reivindicações diferentes. E o que nos mantém iguais? A questão da língua de sinais”, destaca Edinata Camargo.

Evento também marca o primeiro ano do curso de Letras Português Libras (Foto: Coorc)

“A experiência do surdo é visual. As nossas mãos falam e os nossos olhos fazem o trabalho de ouvir. É uma outra forma de perceber o mundo”, pontua André Coelho. “Os surdos gostam muito de estar entre si por conta da língua, desse contato, dessa conversação. Eles participam de associações, estão sempre em reuniões, palestras, cursos. E eles lutam também para que se tenha intérpretes de libras dentro das escolas e de outros espaços como empresas. Dessa forma, nós podemos compartilhar também com o mundo dos ouvintes as nossas experiências, os nossos valores, porque nós também temos capacidade, somos profissionais”, enfatiza o docente.

Organizadora do encontro, a professora Eliziane Manosso Streiechen enfatiza a importância de que os surdos tenham protagonismo nos debates que envolvem a sua própria comunidade.

“Tem uma frase bem interessante, que se usa bastante, que é ‘nada sobre nós sem nós’. E por muito tempo existiu o chamado ‘ouvintismo’. Os ouvintes escolhiam qual era a melhor língua, qual era a melhor metodologia para trabalhar com os surdos, enfim, faziam as escolhas por eles. Hoje não mais. Os surdos estão aí para demarcar o lugar deles. São eles que dizem o que pensam e o que querem”, pondera.

O evento também serviu como um marco importante para o recém implantado curso de Letras Português Libras, com os calouros da primeira turma inclusive ficando responsáveis pela apresentação cultural da noite. A luta pela oferta presencial da graduação no Câmpus de Irati foi ressaltada pelas autoridades presentes na conferência. 

“Garantir esse espaço numa universidade pública, gratuita e de qualidade, é algo que a gente tem que realmente aplaudir”, celebra a professora Miriam Adalgisa Bedim Godoy, vice-diretora do Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes do Câmpus de Irati. “A identidade surda é marcada pela resistência, pela luta por reconhecimento e pela valorização da Libras como uma língua de instrução, comunicação e expressão. Ela também se fortalece nos encontros como este, onde o diálogo entre os surdos e ouvintes pode ampliar a compreensão e promover o respeito à diversidade”, complementa.

Todas as fotos do evento estão disponíveis no Banco de Imagens da Unicentro

Por Wyllian Correa


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