
Exposição “Formas de existir sem caber” abre a 4ª edição da Residência Artística – Em Processo
Na última sexta-feira (5), o Centro de Artes Iracema Trinco Ribeiro recebeu a abertura da exposição “Formas de existir sem caber”, mostra que marca a 4ª edição da Residência Artística – Em Processo. A visitação segue até o dia 26 de setembro, no novo endereço do centro de artes na rua Presidente Getúlio Vargas, nº 1849.
A exposição reúne vinte artistas que, ao longo dos últimos meses, compartilharam processos de criação coletiva a partir de uma pergunta comum: o que acontece quando a criação não encontra moldura, quando não cabe em normas, expectativas ou prazos?
Mais do que obras finalizadas, a mostra apresenta rastros e percursos: registros em vídeo, fotografias, anotações e experimentos convivem com trabalhos concluídos, revelando a potência do processo criativo. “A ideia era assumir o que escapa, o que resiste a encaixes e o que insiste em se mover mesmo fora de lugar. Não mostramos apenas obras prontas, mostramos também tentativas, escolhas e dúvidas que atravessam a criação”, destacou a idealizadora do programa e coordenadora-geral, Desirée Melo.
Criada em 2022, em Guarapuava, a Residência nasceu com a proposta de ser um espaço de experimentação, troca e desenvolvimento criativo. Inspirado no pensamento de Charles Peirce, o programa valoriza o processo tanto quanto o resultado, entendendo a dúvida, a crise e a pausa como parte constitutiva da criação. Para a produtora cultural Eli Zanedim, que acompanha o projeto desde a 3ª edição, “existir sem caber é também um gesto político, é se recusar a seguir apenas medidas de rendimento e produtividade, e afirmar que a pausa e a fricção também têm valor artístico”.
Entre os artistas que apresentaram seus trabalhos, Lúcia Virgínia Mamcasz compartilhou como sua experiência na residência resultou em duas criações diferentes, o livro ilustrado Gelinho e a obra Infinito Amor. “Participar da Residência Artística despertou em mim uma sensação de pertencimento à arte e me permitiu expressar meus sentimentos, sem serem necessárias explicações. Das obras que apresento, Gelinho é a delicadeza da menina/moça que escreveu a história, há muitos anos, mas que ainda vem me visitar. E Infinito Amor é puro sentimento”, contou.
Já o artista Luan Hornich, que participa pela primeira vez da Residência, destacou a experiência coletiva como essencial para seu processo. “Estar aqui foi um desafio e também um aprendizado. A gente aprende com os outros, com as conversas, com os obstáculos do dia a dia. Isso muda a forma como a gente cria”.
O público também teve espaço para vivenciar a abertura e interagir com as obras. O cantor e compositor João Pedro Campos, que acompanhou a exposição, disse ter ficado impressionado com a proposta. “É a primeira vez que venho prestigiar os artistas da Residência, foi uma noite incrível. Pude acompanhar o processo de criação por meio das pranchetas que estão em cada obra, e deu pra imaginar a evolução de cada peça, incrível mesmo”.
A noite contou ainda com a participação especial dos integrantes Evanize Andrade e Luan Fadel, da banda Sentido Som, que apresentaram músicas durante a exposição e ajudaram a criar um clima de celebração e encontro artístico.
Em apenas três anos, a Residência Artística – Em Processo cresceu em alcance e impacto. Passou de 20 artistas participantes em 2022 para 48 em 2023 e, em 2025, foi reconhecida como Ponto de Cultura pela Política Nacional de Cultura Viva. Atualmente, também integra a Res Artis – Worldwide Network of Arts Residencies, rede internacional que conecta programas de residência ao redor do mundo. Desde sua criação, já acompanhou mais de 100 processos criativos, impactou diretamente mais de 2.100 pessoas em rodas de conversa e visitas mediadas, e recebeu mais de 1.000 visitantes em exposições.
Ao todo, vinte artistas participaram desta edição da Residência Artística, trazendo ao público criações que transitam entre diferentes linguagens e percursos. A realização contou ainda com o trabalho de César Zanedim (técnico multimídia e montagem) e de Helena de Julio (fotografia e vídeo), fortalecendo o caráter colaborativo do programa.
A mostra “Formas de existir sem caber” segue aberta para visitação até o dia 26 de setembro, no Centro de Artes Iracema Trinco Ribeiro (Rua Presidente Getúlio Vargas, nº 1849). A entrada é gratuita e a programação completa pode ser conferida no site oficial do evento.
Por Helena de Julio, com supervisão de Giovani Ciquelero
Confira as fotos do evento no Banco de Imagens da Unicentro


