Professor da Unicentro integra estudo na China sobre preservação de recursos hídricos

Professor da Unicentro integra estudo na China sobre preservação de recursos hídricos

O professor Valdemir Antoneli, do Departamento de Geografia do Câmpus de Irati, integra um amplo projeto que analisa impactos ambientais e busca soluções sustentáveis para uma das regiões chinesas mais sensíveis às mudanças climáticas. Entre os dias 1º e 30 de julho, o docente da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) esteve em viagem de estudos na China.

A pesquisa é uma iniciativa da Academia da Floresta de Conservação de Recursos Hídricos nas Montanhas Qilian, um centro de pesquisa financiado pelo governo chinês, que fica próximo ao Deserto de Gobi, na cidade de Zhangye. O local enfrenta desafios ambientais como o clima seco, a degradação do solo e a ameaça de escassez de água e redução de pastagens.

“Essa região é uma das responsáveis pelo abastecimento dos principais rios da China, que nascem do degelo do topo das montanhas. Nos últimos anos, eles observaram que a temperatura aumentou, então está tendo um derretimento além do normal”, introduz o professor Valdemir sobre a situação atual. “A preocupação é que daqui a 20, 30 anos, se continuar o aumento de temperatura, os rios podem ter menos água porque vai diminuir o volume de gelo” prevê o pesquisador.

Além do professor Valdemir, o projeto conta com uma equipe multidisciplinar de pesquisadores da Grécia, Espanha, Estados Unidos, Nepal, Tibete, Austrália e China.

Além do professor Valdemir, o projeto conta com uma equipe de pesquisadores da Grécia, Espanha, Estados Unidos, Nepal, Tibete, Austrália e China. O grupo é composto por engenheiros florestais, agrônomos e geógrafos, com cada profissional responsável por uma função específica no estudo. No caso do docente da Unicentro, a contribuição é analisar processos como a infiltração de água, escoamento hídrico na superfície e erosão.

Durante as saídas de campo para coleta de dados na China, o professor aplicou uma das metodologias usadas durante as aulas na Unicentro, surpreendendo os colegas estrangeiros. “Eu montei um simulador de chuvas com eles lá e o pessoal falou ‘nossa, mas lá a gente espera chover para coletar sedimentos da erosão’. E eu falei que na minha universidade a gente tem um simulador e eu mostrei para eles qual é a vantagem”, conta Valdemir.

Segundo o pesquisador, uma das principais estratégias para frear a degradação ambiental na região é o plantio de árvores em áreas desérticas. “Existe uma estação experimental em que eles estão trabalhando com modificação genética de plantas para se adaptar a áreas mais secas. A ideia é revegetar a parte em que o deserto está avançando”, adianta o docente da Unicentro. A área verde restabelecida pode reduzir a insolação e melhorar o clima, aumentando a ocorrência de chuvas.

Além da parte ambiental, o projeto chinês também considera os impactos sociais das mudanças climáticas. Na região estudada, a economia é fortemente movimentada pela criação de animais, mas o excesso de rebanhos tem causado problemas de infiltração de água, acelerando a erosão.

“Esse gado está todo dia pisoteando e compactando o solo, diminuindo os espaços para a água infiltrar e aumentando a água que escorre na superfície. Isso pode levar nutrientes, sedimentos, matéria orgânica. Então, o solo vai ficando cada vez mais pobre e diminui o volume de água que vai chegar no lençol freático, que abasteceria o rio”, explica o professor.

O docente da Unicentro destaca que isso provoca uma reação em cadeia “O simples impacto dos animais em excesso contribui para uma redução do índice de chuvas, porque reduz a quantidade de água, que reduz a quantidade de evaporação, que reduz a quantidade de umidade do ar”, elenca Valdemir.

Valdemir volta a se reunir com a equipe na China no ano que vem para recomendar soluções práticas aos problemas ambientais da região

Resultados parciais

Essa é a segunda visita do professor à estação de pesquisa chinesa. A primeira aconteceu no ano passado, quando o projeto começou. O estudo terá três anos de duração.

No ano que vem, a equipe volta a se reunir na China para propor soluções práticas ao centro de pesquisa, que vai recomendar medidas ao governo chinês. Entre elas, está o desenvolvimento de um plano de manejo para limitar a quantidade de animais por área, de modo a reduzir os danos ambientais, sem comprometer os lucros dos pecuaristas.

“A gente tem que ir mostrando aos poucos para eles o que pode ser mudado e qual a vantagem de se mudar. Se o agricultor fizer um trabalho de forma adequada, ele vai manter aquele ecossistema, melhorar as condições ambientais e fazer com que, mais para frente, ele tenha um retorno financeiro e ambiental”, descreve Valdemir. “Nós vamos mostrar com pesquisa o que pode ser feito, qual é a melhor maneira de resolver ou, pelo menos, reduzir”, completa o professor.

O grupo de pesquisadores já publicou três artigos científicos em 2025 e, com os dados coletados e a troca de experiências internacionais, a expectativa é de que novas publicações surjam ao longo da vigência do projeto. “Essa troca de informações, de experiências, agrega muito. A gente começa a ver metodologias que se utilizam em outras áreas correlatas e você começa a perceber que há uma interligação entre todos os segmentos que tem um único objetivo que é tentar melhorar as condições ambientais de uma região”, relaciona Valdemir.

Para o docente, as experiências na China tem servido para reafirmar a qualidade da pesquisa desenvolvida no Brasil. “A gente acha que os outros países têm universidades muito melhores que as nossas, pesquisadores melhores, mas a gente vê que estamos no mesmo nível”, avalia o pesquisador.

Ele vislumbra que também a Unicentro pode ganhar com as vivências internacionais de seus professores. “Quando a gente traz essa bagagem para nossa sala de aula, para o nosso dia a dia como pesquisador, como orientador, é enriquecedor”, salienta Valdemir.

Por Amanda Pieta

Fotos: arquivo pessoal


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