Programa Institucional de Bolsas de Pós-Graduação fortalece pesquisas de impacto social

Programa Institucional de Bolsas de Pós-Graduação fortalece pesquisas de impacto social

A Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) tem apoiado pesquisadores em áreas estratégicas por meio do Programa Institucional de Bolsas de Pós-Graduação (PIBPG). Financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o programa já concedeu 54 bolsas de mestrado e doutorado, distribuídas em três chamadas públicas, com início das atividades em 2023.

Para a concessão de bolsas do PIBPG, a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propesp) realiza editais internos que permitem aos discentes dos programas de pós-graduação concorrerem com projetos alinhados a essas prioridades: biotecnologia e bioeconomia, energias renováveis, materiais avançados, tecnologias sociais e emergência climática. “O PIBPG é o maior programa que temos em volume de bolsas do CNPq. A Unicentro participou e foi contemplada em três chamadas públicas de seleção, em 2022, 2023 e 2024, demonstrando mérito nessa concorrência”, contou o coordenador institucional do PIBPG, professor Marcos Ventura Faria.

Na visão do docente, o programa reafirma a relevância da Unicentro no cenário científico. “Além de gerar oportunidades para os cursos de pós-graduação, o PIBPG contempla o desenvolvimento de temas estratégicos para a instituição, que refletem demandas regionais, nacionais e internacionais por pesquisas e resultados científicos. Isso evidencia a qualidade da pesquisa desenvolvida na Unicentro, em sintonia com as prioridades do Estado e do cenário nacional em ciência, tecnologia e inovação”, complementa. Atualmente, três turmas seguem em andamento, incluindo a mais recente, iniciada em 2025.

Pesquisas transformam conhecimento em benefícios para a comunidade

A bolsista Bruna Dal’Comune, do Programa de Pós-Graduação em Biologia Evolutiva (PPGBioEvol), concluiu recentemente sua dissertação de mestrado sobre mudanças ambientais no Parque Municipal das Araucárias. Orientada pelo professor Rogério Pincela Mateus, ela utilizou drosofilídeos, organismos ectotérmicos que regulam sua temperatura corporal conforme o ambiente, como indicadores das alterações climáticas e de paisagem na região, avaliando também possíveis impactos genéticos nessas populações.

“O trabalho começou em 2023 e foi concluído em maio de 2025. Os resultados mostram que as mudanças ambientais estão ocorrendo e afetando os drosofilídeos, com aumento de espécies exóticas competindo com as nativas, além de alterações genéticas”, explica.

Ela destaca que sua experiência no PIBPG da Unicentro foi extremamente positiva. A pesquisa já rendeu diversos artigos que serão publicados em breve. Como bolsista, relata ter aproveitado ao máximo a oportunidade e expressa gratidão pelo aprendizado e pelo crescimento proporcionados pelo programa.

Já a pesquisa desenvolvida por Fernanda Naiara Voinarski, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Sanitária e Ambiental (PPGESA), no Câmpus de Irati, tem investigado a qualidade da água de fontes alternativas, como poços e nascentes, em municípios da 4ª Regional de Saúde do Paraná.

O trabalho, orientado pela professora Kelly Geronazzo Martins, foi dividido em duas etapas: a primeira consistiu em análises da água considerando os parâmetros de potabilidade previstos na legislação brasileira. “De forma inovadora, também aplicamos testes ecotoxicológicos com Daphnia magna, buscando relacionar contaminação microbiológica e toxicidade, já que ainda não existe protocolo oficial para avaliar a toxicidade em água de consumo humano”. A Daphnia magna é um pequeno crustáceo aquático amplamente usado em testes ecotoxicológicos por sua alta sensibilidade a contaminantes.

Já a segunda parte envolve um estudo sociodemográfico sobre a percepção da população sobre a qualidade da água em Irati, com aplicação de questionários, coleta de amostras e a entrega de cartilhas educativas com orientações práticas sobre cuidados domésticos com a água.

Os resultados parciais, segundo a pesquisadora, já apontam um cenário preocupante. Em Irati, por exemplo, mais de 70% das amostras estavam fora do padrão de potabilidade. “A maioria das famílias utiliza poços rasos sem nenhum tipo de tratamento, e como a percepção de risco é baixa, elas continuam consumindo a água mesmo em condições inadequadas”, relata a pesquisadora.

Uma parte essencial do trabalho foi a realização de devolutivas à comunidade e aos técnicos locais, repassando os resultados e orientando sobre métodos acessíveis de tratamento doméstico, como a desinfecção com cloro e outros métodos acessíveis, a fim de reduzir especialmente a presença da bactéria Escherichia coli e tornar a água adequada para o consumo. “Para mim, participar como bolsista do PIBPG da Unicentro tem sido uma experiência extremamente rica. A pesquisa ultrapassou os limites do laboratório e chegou até a comunidade, fortalecendo a integração entre ensino, pesquisa e extensão. Foi uma oportunidade de crescimento pessoal e profissional, mostrando na prática como ciência e sociedade caminham juntas e como a pesquisa aplicada pode contribuir diretamente para a melhoria da qualidade de vida”.

O estudo conta com o suporte do Projeto de Extensão “Ecotoxicologia e qualidade das águas de fontes alternativas de abastecimento em municípios do Paraná: ações para sustentabilidade”, financiado pela Itaipu Binacional, além da colaboração de estudantes de graduação. A pesquisadora destaca ainda a estrutura disponibilizada pela universidade, como os laboratórios de Ecotoxicologia e de Qualidade da Água, o apoio técnico especializado e a logística de transporte para coletas em áreas rurais, fatores que têm sido fundamentais para o desenvolvimento do trabalho.

 

Por Poliana Kovalyk


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