
Professores da Unicentro realizam mobilidade acadêmica na Kyoto Prefectural University, no Japão
Professores da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) estão no Japão participando de mobilidade acadêmica na Kyoto Prefectural University (KPU). Por meio de edital da Fundação Araucária, desde abril, Eduardo Yuji Yamamoto e Jackson Kawakami desenvolvem pesquisas em áreas distintas e permanecem no país até final de setembro. A iniciativa permite que ambos ampliem seus conhecimentos, fortaleçam a troca acadêmica internacional e representem a Unicentro no cenário acadêmico global.
O professor Eduardo viu na mobilidade uma oportunidade valiosa de aproximar sua experiência em Teorias da Comunicação da tradição filosófica japonesa. O principal objetivo é dar visibilidade aos filósofos japoneses ainda pouco conhecidos no Brasil no campo da comunicação, especialmente aqueles que fazem parte da chamada Escola de Kyoto. “Como docente e pesquisador, percebi há alguns anos que existem poucos estudos de comunicação que dialogam com as fontes orientais. A maior parte das pesquisas de nossa área baseiam-se em estudos norte-americanos e europeus, então eu vejo este projeto que estou desenvolvendo aqui como algo que pode abrir muitas frentes de estudo, não apenas no Brasil”. Ele destacou que a experiência também permite expandir seu horizonte cognitivo para além dos limites da ciência, da arte e da filosofia.
Durante a estada no Japão, Eduardo tem estudado filósofos como Nishida Kitaro — que é tido como o fundador da Escola de Kyoto, Tanabe Hajime, Nishitani Keiji e Ueda Shizutero, cujas ideias dialogam com o zen budismo, o xintoísmo e outras tradições orientais. “Por isso, a estadia em Kyoto é fundamental, aqui é a capital cultural do Japão. Há templos antigos e referências a essas fontes em toda a cidade. Por exemplo, há um ponto turístico ao lado do Ginkaku-ji chamado ‘caminho do filósofo’, mas poucas pessoas associam esse lugar a Nishida Kitaro e a importância dele para o pensamento do século XXI”, explica.
Além da pesquisa, ele fez aulas de japonês na KPU, acompanhou uma disciplina sobre a história de Kyoto e estudou elementos da arte japonesa como a música e a arquitetura. Ainda ministrou uma aula sobre o Brasil e o cinema nacional, promovendo o interesse dos alunos japoneses pelo intercâmbio com a Unicentro.
Segundo o docente do Departamento de Comunicação Social, a adaptação à cultura japonesa tem sido ao mesmo tempo tranquila e enriquecedora. “Os japoneses são muito respeitosos e receptivos, embora as diferenças culturais em relação ao Brasil sejam bastante acentuadas. A cidade, como um todo, é muito bem organizada. As pessoas se respeitam, sobretudo em relação aos mais vulneráveis, como crianças e idosos. Cada cidadão assume a responsabilidade pela limpeza e pelo cumprimento das regras de convivência em espaços públicos”. Para ele, o entendimento de bem público no Japão é fascinante. “Não se trata apenas do direito de uso, mas, sobretudo, do dever de zelar por aquilo que é de todos. Se algo é público, é dever de todos zelar por aquilo. Se você entende isso, não terá problemas e irá querer ter isso para sempre”, completa.
Já o professor Jackson, do Departamento de Agronomia, utiliza a mobilidade para comparar, em termos de microbiota, solos de cultivo convencional e orgânico, a partir de dados coletados no Brasil. Ele explica que o trabalho envolve desde a coleta e análise química do solo até a extração do DNA de fungos e bactérias, aplicação de questionários a agricultores, tratamento estatístico e redação de artigo científico. “Atualmente estou na fase de revisão do texto para provável envio a uma revista científica. A mobilidade foi fundamental, pois aqui trabalho em parceria com especialistas da área e conto com toda a infraestrutura necessária, desde a aquisição de materiais para complementação das análises, até o suporte para revisão do inglês e publicação”, avaliou.
O professor conta que já morou no Japão, o que facilitou sua adaptação. Ele também destaca que, apesar da intensa agenda, a experiência tem sido extremamente produtiva. “Aqui no Japão tudo é mais fácil, como as compras de reagentes e manutenção de equipamentos. Essa questão no Brasil nos impõe certas limitações e dificulta o avanço das pesquisas. Ainda assim, acredito que fazemos pesquisa de ponta no país, que pode ser equiparada com a realizada aqui”, destaca o pesquisador.
Por Poliana Kovalyk
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