
Unicentro leva ciência e educação à Semana Cultural de unidades prisionais
Entre os dias 11 e 13 de agosto, a Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) marcou presença na Semana Cultural do Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos (Ceebja) Nova Visão, evento que integrou as comemorações das unidades prisionais do Paraná. As atividades foram desenvolvidas na Penitenciária Estadual de Guarapuava (PEG), na Cadeia Pública de Guarapuava (CPG) e na Penitenciária Industrial de Guarapuava (PIG).
Segundo o diretor da PIG, Renato Silvestre, a Semana Cultural é realizada anualmente, no mês de agosto, em presídios do estado, com o objetivo de levar cultura, educação e atividades diferenciadas ao cotidiano dos internos, contribuindo para o processo de ressocialização. Ele explica que a Penitenciária Industrial é uma unidade voltada para atender, de forma integral, às diretrizes da Lei de Execução Penal, atuando em três frentes: trabalho, educação e fortalecimento dos vínculos familiares.
“Com relação à educação, recebemos muitos sentenciados que chegam analfabetos e que, dependendo do tempo de permanência, têm a oportunidade de concluir o ensino fundamental, médio e até mesmo o ensino superior. Isso é extremamente importante tanto para o indivíduo quanto para a sociedade, pois quando ele evolui, a tendência é que se afaste do crime. Temos iniciativas como os projetos de remissão de pena pela leitura, que são exemplos concretos dessa transformação”. A remissão de pena pela leitura é um programa que permite ao sentenciado reduzir parte de sua pena a cada obra lida e resenhada, unindo o incentivo à educação ao processo de ressocialização.
O diretor da PIG destacou ainda a importância das parcerias institucionais. “O cumprimento da pena é uma função do estado, mas quando a sociedade e as instituições se envolvem, o resultado é muito melhor. É uma parceria que traz reflexos positivos tanto para o sentenciado quanto para toda a comunidade”, enfatizou.
Durante a Semana Cultural, a equipe da universidade, composta por estudantes de graduação e pós-graduação, promoveu a oficina “Aracnídeos (aranhas e escorpiões): conhecer para prevenir” e uma Mostra de Ciências, com áreas como zoologia, anatomia, astronomia, microscopia e fungos.
A participação da Unicentro se deu pela integração de dois projetos de extensão. O projeto Ciência & Movimento: Universidade em Ação, institucionalizado na universidade, tem como objetivo alfabetizar cientificamente e popularizar a ciência, levando conhecimento para diferentes espaços educacionais, formais e não formais. Para isso, são utilizados materiais dos laboratórios do Departamento de Ciências Biológicas e do Laboratório de Ensino de Ciências, que são apresentados de maneira prática e interativa. Já o Programa de Extensão da Educação Superior na Pós-Graduação (Proext-PG), vinculado à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), oferece recursos para viabilizar as atividades de extensão desenvolvidas pelos programas de mestrado e doutorado.
Para a vice-coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências Naturais e Matemática (PPGEN), professora Ana Lúcia Crisostimo, que coordena o projeto Ciência & Movimento, participar da Semana Cultural é uma oportunidade valiosa de troca. “Os alunos vivenciam a prática docente e pedagógica além do espaço mais formal que é sala de aula, e acabam adquirindo valores importantes, quebrando preconceitos. E para quem está encarcerado, também passa a ver que há pessoas na sociedade que se preocupam, que se engajam em atividades voluntárias que se somam”, apontou.
O mestrando Adriano Ambrosini Ferreira reforça essa ideia, destacando sua vivência. “Foi uma experiência inovadora. Muitas vezes, temos uma visão estereotipada sobre o sistema prisional, e estar aqui ajuda a quebrar esses paradigmas. Ter a oportunidade de dar aula, apresentar conteúdos e levar conhecimento é enriquecedor para eles também”. E acrescentou sobre a interação com os internos. “Surgiram muitas perguntas e, à medida que íamos respondendo, era possível ver o brilho nos olhos, a curiosidade despertando. Alguns faziam comentários que resgatavam memórias de quando estavam em liberdade, o que também despertava lembranças afetivas. Acredito que essa troca pode contribuir para um futuro melhor”, declarou.
Ana Lúcia enfatiza que a presença da universidade em diferentes espaços educativos reforça a missão de democratizar o acesso ao conhecimento. “Nosso papel é aproximar a ciência da sociedade, especialmente de públicos que têm menos oportunidades de contato com esse tipo de conteúdo, mesmo dentro do espaço escolar. Esse trabalho se integra à equipe pedagógica e administrativa do Ceebja, contribuindo para que o ensino público e gratuito seja oferecido com qualidade e excelência”, completou a docente.
Por Poliana Kovalyk
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