
Estudantes da Unicentro participam de programa internacional de liderança e sustentabilidade em Portugal
Jovens brasileiros viveram uma experiência transformadora em Portugal. Três alunos da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) e uma estudante do Colégio Estadual Padre Chagas, vinculada à Rede de Clubes Paraná Faz Ciência, foram selecionados para participar do Sustainable Living Innovators (SLI), programa internacional que forma futuros líderes tecnológicos com foco na sustentabilidade do planeta.
Realizado pelo Centro de Engenharia e Desenvolvimento (CEiiA), em Matosinhos, o SLI chegou à sua 6ª edição desafiando os participantes a pensar em como as tecnologias para a exploração da Lua podem melhorar a vida na Terra.
Os quatro representantes guarapuavanos foram contemplados por meio de editais de seleção, um destinado a estudantes do ensino médio da rede pública de ensino, e outro voltado para jovens universitários, financiados pela Fundação Araucária, por meio da Fundação da Universidade Federal do Paraná para o Desenvolvimento da Ciência, Tecnologia e da Cultura (Funpar).
Jovens transformam ideias em projetos reais
Os alunos do ensino médio permaneceram em Portugal por duas semanas, enquanto os universitários tiveram uma imersão de um mês, de 10 de julho a 9 de agosto. Na primeira etapa, os 39 participantes selecionados de todo o Brasil estudaram os desafios e oportunidades da exploração lunar, aprendendo a planejar e modelar uma base na Lua. As equipes foram divididas em quatro grupos, cada um dedicado a um dos pilares: construção, mobilidade, energia e saúde e bem-estar. Nas últimas duas semanas, cada grupo trabalhou no desenvolvimento de projetos práticos com aplicações reais nessas áreas.
O desafio foi inspirado na nova corrida espacial e pela ambição de se estabelecer uma presença humana permanente na Lua. O objetivo foi usar o conhecimento da construção lunar no desenvolvimento de tecnologias que promovam a sustentabilidade em áreas fundamentais para a qualidade de vida também na Terra.
Além de colocarem em prática o que aprendem em sala de aula, os jovens tiveram contato com tecnologias de ponta e discutiram estratégias para enfrentar desafios globais, experiências que podem gerar impactos positivos tanto em suas trajetórias acadêmicas quanto no desenvolvimento científico e tecnológico do país.
Estudante de Publicidade e Propaganda da Unicentro, João Pedro Sanchez integrou o grupo responsável pelo pilar da construção. A missão da equipe era projetar uma base lunar capaz de resistir à radiação solar e cósmica, às temperaturas extremas e até a impactos de asteroides e ‘terremotos lunares’. “Nosso desafio era assegurar que os astronautas que fossem para essa base pudessem ter um ecossistema sustentável, capaz de oferecer condições de vida semelhantes às de uma casa na Terra. Nosso produto final, além do projeto de construção em si, foi assegurar que essa base servisse como uma espécie de ‘Airbnb’ (plataforma online de hospedagem) para as novas missões espaciais, incentivando também o turismo no espaço”, contou.
Já a estudante do curso de Ciências Biológicas, Julia Marin dos Santos, integrou o grupo voltado à área de energia. A equipe desenvolveu um software de gestão, projetou uma placa solar vertical e apresentou uma explicação sobre um micro-reator nuclear, demonstrando como essas tecnologias poderiam ser aplicadas na Terra. Para ela, foi um grande aprendizado ao longo das semanas. “O contato com pessoas de outros países foi enriquecedor, principalmente por conseguirmos enxergar problemas e soluções a partir de perspectivas e conhecimentos diferentes. Foi incrível. Uma experiência para a vida”, expressou.
No eixo da saúde, o grupo desenvolveu um software capaz de ler sinais de biossensores e apresentá-los de forma simples, permitindo compreensão até por quem não é da área. A ferramenta também auxiliaria na distribuição das tarefas conforme o estado físico dos astronautas e contaria com inteligência artificial para apoiar decisões em situações de risco. “Foi uma experiência única. Além do aprendizado pedagógico, tivemos contato com uma cultura diferente e fizemos amizades para a vida, tanto no Brasil quanto em Portugal”, relatou a acadêmica de Farmácia, Marina Masiero Kühl.
Vivência internacional amplia horizontes de estudantes do Clube de Ciências
A integrante do Clube de Ciências EcoCientistas Visionários do Colégio Estadual Padre Chagas, Rafaela Zerbielli, viveu em Portugal uma experiência que classificou como única e transformadora. “O que me motivou a participar foi a possibilidade de viajar para outro país para desenvolver ideias e projetos que pudessem ter um impacto realmente positivo, seja somente na nossa região ou, se formos pensar mais à frente, até globalmente. Para mim, que nunca havia sequer saído do Brasil, a experiência foi totalmente inédita, chegando até a ser surreal”, relata.
Durante o programa, Rafaela percebeu como as vivências no Clube de Ciências contribuíram para seu desempenho no desafio internacional. “A rotina de trabalho, a forma como organizamos nossas ideias e estruturamos os projetos no grupo foram fundamentais para que eu conseguisse debater propostas e encontrar soluções concretas. Foi como levar um pedaço do clube comigo para o outro lado do oceano”, comenta a jovem.
O Clube de Ciências EcoCientistas Visionários faz parte do Projeto de Pesquisa Rede Clube de Ciências, sob coordenação da Unicentro em parceria com a Secretaria de Estado da Educação do Paraná e financiamento da Fundação Araucária.
De acordo com a coordenadora da Rede na Unicentro, professora Marquiana de Freitas Vilas Boas Gomes, a universidade coordena hoje 25 Clubes de Ciência e 5 Clubes de Ciência-Maker, voltados à criação prática e inovação. “A iniciativa oferece a estudantes do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio a oportunidade de desenvolver pesquisas científicas dentro da escola, em horários e espaços dedicados exclusivamente a essa finalidade, sempre orientados por um professor”, explica.
Os projetos do Clube estão articulados a convênios da Unicentro com instituições internacionais. O primeiro, chamado “Nós Propomos! Juventude Educando-se na Cidade”, sob coordenação da professora Marquiana e em parceria com a Universidade de Lisboa, incentiva os jovens a elaborar propostas para resolver problemas locais do bairro. Já o Pacto Global dos Jovens pelo Clima, de iniciativa do professor pesquisador Alfredo da Pena Vega do Instituto de Antropologia Política – École des Hautes Études en Sciences Sociales, da França, promove a participação dos jovens na mitigação, adaptação e resiliência frente às questões climáticas. A coordenadora na Unicentro é a professora Adriana Massaê Kataoka, também orientadora da Rede de Clubes na universidade.
Por Poliana Kovalyk







