Acadêmicos de Administração reúnem histórias e conselhos de moradores do Lar dos Velhinhos de Rio Azul

Acadêmicos de Administração reúnem histórias e conselhos de moradores do Lar dos Velhinhos de Rio Azul

Quem chega pelo hall de entrada do prédio principal do Câmpus de Irati logo para. Enxerga primeiro os textos pendurados e depois a caixa com adereços coloridos. Lá de dentro é possível tirar alguns papeizinhos, que costumam arrancar comentários elogiosos em voz alta.

Essa pequena exposição reúne parte do resultado de uma ação do curso de Administração da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) que ainda está em andamento no Lar dos Velhinhos de Rio Azul. A iniciativa integra o programa de “Responsabilidade Social”, que prevê atividades complementares de extensão ligadas às questões sociais, ambientais e culturais.

Exposição “Memórias que transformam” pode ser visitada no hall de entrada do Câmpus de Irati (Foto: Coorc)

Como conta Nicolas Yerro, aluno do 2º ano de Administração do Câmpus de Irati, ainda no final do ano passado, o seu grupo decidiu que faria o trabalho com os idosos. Após conversas com quem atua ou já atuou com esse público, eles escolheram a instituição de longa permanência na cidade vizinha de Rio Azul, que atende atualmente 40 pessoas. 

O que era para ser um projeto breve, foi ganhando corpo logo após o primeiro contato com os moradores.

“A gente achou que não ia poder trabalhar coisas muito diferentes, mas depois que fomos lá, vimos que dá pra fazer praticamente o que quiser que eles vão estar junto com nós. Todos eles participaram com muita boa vontade, sempre interagindo, sempre fazendo comentários. Então qualquer atividade que a gente quisesse desenvolver daria certo, então por isso que a gente foi ampliando”, comenta Nicolas.

“No início a gente só ia fazer contação de histórias, fazer as entrevistas e fazer essa oficina de cartas, que a gente tá expondo aqui na Unicentro. Mas agora já são vinte atividades diferentes. Fizemos jogos, bocha, passamos filmes, estamos fazendo um pomar lá no lar também, diversos tipos de atividades”, enumera Nicolas.

Entrevista com os idosos se transformaram em cartaz e conselhos para a juventude (Foto: Acervo Pessoal)

Sobre os textos que estão expostos na unidade universitária, o acadêmico Paulo Henrique Cardoso relata que eles foram produzidos no último mês. “Nós conversamos individualmente com aqueles que tinham condições de falar, e pedimos um conselho para a juventude ter uma vida um pouco mais feliz, mais próspera. Então, a gente anotava e depois as meninas faziam um papel, uma folhinha em que escreviam o conselho e que tinha uma foto deles”, detalha.

A participação, mais uma vez, foi grande, com algumas entrevistas passando das duas horas de duração. O grupo então adaptou as conversas em cartas e em conselhos curtos.

“A gente sintetizou e trouxe aqui na universidade para que outros alunos possam ter acesso a esse conhecimento que os idosos têm da vida, porque o projeto de extensão é justamente o estudante se conectar com alguém que está de fora”, afirma Paulo. 

Talbian Przybycz é coordenador do Lar dos Idosos de Rio Azul e não esconde a satisfação com o trabalho que está sendo realizado neste ano. “Foi surpreendente, dá para começar com essa palavra para resumir bem”, enfatiza.

Para ele, os alunos trouxeram um envolvimento que é essencial e que muitas vezes falta em projetos do gênero. 

“Quando perguntam o que a gente mais precisa, eu respondo que é de visitas. Isso nunca é demais. Porque precisou de dinheiro, a gente faz uma campanha, faz um evento e consegue levantar recursos. Agora, puxar pessoas para a instituição, essa é uma batalha. Mesmo hoje, tendo um número considerável de visitas, a gente sabe que quanto mais melhor”, destaca Talbian, que também é enfermeiro no Lar. 

“Lá é a casa deles. Então, a gente, enquanto funcionário, não é a mesma coisa, eles nos veem lá todo dia. Daí de repente, eles veem chegando um grupo de acadêmicos, isso é fundamental. Os idosos absorvem de uma forma muito positiva”, complementa o coordenador, reforçando o desejo de que o grupo mantenha o contato mesmo após o fim das atividades.

A proposta de fazer uma atividade recreativa com idosos, distante do universo do empreendedorismo e das finanças, chegou a ser uma preocupação para o grupo, como lembra o acadêmico Paulo. No entanto, a iniciativa logo foi aprovada pelo Departamento de Administração (Deadm/I). “Eu acho que ela foi aceita porque a Administração é sobretudo lidar com pessoas. Na gestão de uma empresa, de uma organização, a gente precisa saber quem são as pessoas com quem a gente está trabalhando. Não tratá-las apenas como instrumento de trabalho, mas como seres humanos, como elas são de fato. Então, isso é o que o projeto proporciona para nós”, salienta.

Grupo do 2º ano de Administração do Câmpus de Irati realiza atividades no âmbito do programa de Responsabilidade Social do curso (Foto: Coorc)

Orientador da equipe, o professor Antonio João Hocayen da Silva ressalta que o objetivo do programa de Responsabilidade Social é justamente valorizar as relações humanas na formação dos futuros administradores. 

“A ideia é criar essa conscientização nos alunos, de modo que eles possam dar continuidade a essa participação em ações solidárias e que isso não esteja mais vinculado a projetos, carga horária e aprovação no curso”, pontua o docente.

Por Wyllian Correa


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