Professor da Unicentro participa de formação internacional em computação quântica na Índia

Professor da Unicentro participa de formação internacional em computação quântica na Índia

Há mais de duas décadas, o professor do Departamento de Física da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), Paulo José dos Reis, dedica-se ao estudo da teoria da informação e da computação quântica. Desde 2002, ele atua na área que, até pouco tempo atrás, parecia distante da aplicação prática. Hoje, com os avanços da tecnologia e o crescente interesse por soluções baseadas em processamento quântico, suas pesquisas ganham cada vez mais relevância.

A perspectiva agora é de expansão: por meio de um projeto da Fundação Araucária, estão sendo adquiridos supercomputadores (cluster) para o Paraná com capacidade de simular um computador quântico. A aquisição promete impulsionar o desenvolvimento de pesquisas e a formação de novos especialistas na área, especialmente dentro da universidade. “Fico muito feliz em ver que algo que comecei a estudar lá atrás, quando ainda era uma área essencialmente teórica, hoje pode ser aplicado de forma concreta. Mais do que isso, é gratificante poder compartilhar esse conhecimento e contribuir para o fortalecimento do ensino de computação quântica aqui no Paraná”, destaca o docente.

Como parte desse movimento de fortalecimento da computação quântica no estado, o professor participou recentemente de um curso intensivo promovido pelo Instituto de Tecnologia, Engenharia e Ciências (Itec), vinculado ao Ministério das Relações Exteriores da Índia. O treinamento ocorreu entre 29 de março e 9 de abril, no Centro de Desenvolvimento de Computação Avançada (C-DAC), localizado na cidade de Mohali. A formação foi totalmente custeada pelo governo indiano, incluindo passagens, hospedagem e alimentação.

Durante o curso, que reuniu participantes de 19 países da Ásia, África e América Latina, os profissionais receberam oito horas diárias de capacitação em programação para sistemas quânticos. Para Paulo, além do aprimoramento técnico, a vivência cultural foi um dos destaques da experiência. “Foi uma das maiores experiências da minha vida. Eu já tive a oportunidade de ir para outros países, mas nada como a Índia. Por coincidência, tive a oportunidade de fazer o curso na cidade onde nasceu minha orientadora de mestrado e doutorado, que é indiana. Ouvi histórias dela por anos, mas nunca imaginei estar lá pessoalmente”, compartilhou.

Paulo destaca que a experiência na Índia foi transformadora, tanto pessoalmente quanto profissionalmente. Ele conta que voltou com uma nova perspectiva sobre o mundo e sobre sua forma de conduzir projetos científicos. “Nunca fui tão bem tratado na minha vida. A preocupação com deslocamento, alimentação e cuidados foi absurda. A Índia é um país fantástico. A cultura indiana é maravilhosa”, relata.

Durante a estadia, o professor teve contato intenso com os costumes indianos, especialmente do Sikhismo, uma religião monoteísta. Visitou templos sikh, conheceu práticas religiosas e participou da rotina de uma das maiores cozinhas comunitárias do mundo, no Golden Temple, de 400 anos, onde mais de 100 mil refeições são preparadas e servidas diariamente. Nesses templos, costuma-se servir alimentos 24 horas por dia. A culinária, centrada em alimentos de origem vegetal, também chamou atenção. “Nós, brasileiros, temos uma alimentação voltada para a proteína animal, já a comida típica indiana é praticamente zero em proteína animal. É uma culinária fantástica”, apontou.

Para ele, o respeito da população pela natureza e pelos animais foi uma das lições mais valiosas da viagem. “O que eu percebi da cultura indiana é que existe um respeito muito grande com a natureza e com os animais. As cidades, mesmo sendo grandes centros, a integração dos animais dentro do convívio urbano, ela é muito aceita pela população e muito respeitada”, observa.

Com os conhecimentos adquiridos, o professor Paulo e um colega, que também participou do curso, estão estruturando um grupo de estudos em computação quântica na Unicentro. Além disso, articulam uma parceria binacional entre Brasil e Índia para o desenvolvimento conjunto de pesquisas, especialmente na área de computação quântica.

 

Por Poliana Kovalyk


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