
Pesquisador da Unicentro desenvolve refrigerante funcional com potencial para uso pré-treino por atletas
Um refrigerante funcional, com propriedades que vão além da refrescância, está sendo desenvolvido no Laboratório de Biotecnologia e Ciências Biomédicas da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro). Elaborado a partir do extrato de alecrim-do-campo, também conhecido como vassourinha, o produto tem potencial de ser utilizado como bebida pré-treino por atletas devido às propriedades bioativas da planta nativa.
A pesquisa é conduzida pelo biomédico Henrique Simão Moraes, doutorando no Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da Unicentro. “Esse projeto começou no meu mestrado, com a proposta de trabalhar com o extrato de alecrim-do-campo. Eu não conhecia todas as propriedades da planta e me surpreendi com o potencial: é antioxidante, antifúngico e com atividade hipoglicemiante”, conta o pesquisador. Com potencial de reduzir os níveis de glicose no sangue, o produto também representa uma alternativa saudável para pessoas com diabetes, já que contém uma quantidade de açúcar significativamente menor do que os refrigerantes tradicionais, e ainda pode auxiliar no controle da glicemia.
No mestrado, seu foco foi desenvolver o refrigerante com a adição do extrato pensando em pessoas diabéticas que gostam de consumir refrigerantes, mas precisam de uma alternativa que não ofereça riscos. Com o sucesso dos primeiros resultados, o pesquisador decidiu seguir com a pesquisa no doutorado. “É desafiador, porque sou um biomédico desenvolvendo um alimento, fora da minha zona de conforto que seria a parte de análises clínicas. Mas justamente por isso tem sido tão interessante. Estou aprendendo sobre legislação de alimentos, níveis de gaseificação, teor mínimo de suco e açúcar, aspectos que nunca imaginei estudar”, destaca.
Inovação com foco na saúde
O projeto é orientado pelo professor Carlos Ricardo Malfatti, que destaca o caráter biotecnológico e inovador do trabalho. “Esse refrigerante faz parte de uma esteira de inovação voltada à promoção da saúde. Já trilhamos um caminho semelhante no programa de pós-graduação com a produção de uma cerveja com adição de bioativos com propriedades antioxidantes. Agora buscamos atingir outros públicos, como escolares, menores de idade e a população diabética, com uma bebida sem álcool, mas com benefícios”, explica Malfatti.
Segundo o docente, a pesquisa tem passado por todas as etapas do chamado TRL (Technology Readiness Level – Nível de Prontidão Tecnológica), modelo criado pela Nasa que avalia o estágio de desenvolvimento de tecnologias. Hoje o modelo é amplamente usado em projetos de pesquisa, inovação e desenvolvimento, inclusive no meio acadêmico e industrial. “Trabalhamos desde os estudos iniciais com modelos animais – para entender melhor os mecanismos de ação, passando pela fase de bancada – com testes de toxicidade, concentração, curvas de dose e resposta, até chegar na fase atual, em que já temos um protótipo e estamos próximos do consumidor final”, conta.
O refrigerante está em fase de testes sensoriais, quando são avaliados aspectos como sabor, aroma, gaseificação e aceitação do público. Segundo Malfatti, busca-se compreender como o público percebe o produto, se ele enxerga valor no que está sendo desenvolvido. “Já sabemos que o refrigerante exerce o efeito desejado e hoje queremos escutar, avaliar, por meio de análise sensorial, a reação da sociedade quanto ao sabor, cor, aspecto visual, gaseificação e intenção de compra. Afinal, nenhuma inovação chega de fato ao mercado se não for desejada e viável do ponto de vista mercadológico”, conclui o docente.
Por Poliana Kovalyk
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