
Centenas de estudantes e pesquisadores já realizaram mobilidade internacional pela Unicentro
Todos os anos, a Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) envia e recebe dezenas de acadêmicos para a experiência de passar um tempo estudando em uma universidade estrangeira. Um levantamento feito pela Coordenadoria de Relações Internacionais da Unicentro (Coori) revela que a Unicentro, desde 2011, já enviou 196 estudantes de graduação na modalidade “outgoing”, que é quando os estudantes daqui vão para o exterior. Além disso, 45 pós-graduandos e 83 docentes realizaram estágios de pesquisa em outros países de 2014 pra cá. Ao todo, a universidade oportunizou a mobilidade de 324 pessoas da sua comunidade acadêmica nos últimos anos.
Uma das mobilidades mais recentes foi a de Lucas Antoszczyszyn, doutorando em Educação, que passou seis meses na Universidade de Lisboa, em Portugal. “Eu acredito que a mobilidade abre portas para a carreira porque amplia a capacidade de acessar lugares, contatos e instituições que são fisicamente distantes”, pontua o pesquisador.

Lucas Antoszczyszyn passou seis meses na Universidade de Lisboa, em Portugal (Foto: arquivo pessoal)
Em sua pesquisa de doutorado, ele reflete sobre a educação em museus que abordam as ditaduras em seus acervos, observando também como monumentos e memoriais estão ligados a esses passados traumáticos. “Esse fenômeno está presente no mundo todo, mas principalmente na América do Sul e em partes da Europa, e é por isso que fui para Lisboa. O doutorado sanduíche me permitiu estreitar os contatos com as pessoas e com as instituições relacionadas a esses espaços e também coletar dados para a minha tese”, conta Lucas, que retornou para o Brasil há poucos dias e agora fará a conclusão da sua pesquisa, fazendo a análise das informações reunidas durante a estadia em Portugal.
Para a coordenadora de Relações Internacionais da Unicentro, professora Cibele Krause Lemke, por meio da internacionalização, a Unicentro consegue estar representada em diferentes lugares do mundo. “Cada estudante, cada professor que vai a um país, a uma universidade estrangeira, é a Unicentro que está lá representada por meio dessa pessoa e isso é muito importante para nós”, afirma.
As oportunidades de mobilidade internacional pela Unicentro são inúmeras e as bolsas de estudos vêm de processos seletivos promovidos por instituições brasileiras e estrangeiras. “Existe uma ampla oferta de possibilidades por meio do Governo do Paraná, via Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) e Fundação Araucária (FA), como também pelas nossas agências nacionais e também via agências internacionais parceiras”, ressalta Cibele.
As bolsas de estudo cobrem gastos como transporte, moradia, alimentação e seguro-saúde. No caso do Lucas, o financiamento da mobilidade ocorreu por meio do Programa Institucional de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Mas também é possível concorrer a bolsas em outros editais como os da Rede Zicosur (Seti e FA), do Líderes Emergentes das Américas (Elap) e do Mitacs Globalink (Governo do Canadá e Fundação Araucária).
Para cursar parte de seus estudos em uma universidade estrangeira, o aluno deve ter concluído o primeiro ano na Unicentro e não pode estar no último semestre do curso. Outros requisitos para a mobilidade são ter um passaporte válido, um histórico de boas notas e ter proficiência na língua do país de destino. Em relação a este último quesito, a Unicentro oferta cursos de idiomas a preços acessíveis ou gratuitos através do Paraná Fala Idiomas, do Programa Multicultural de Línguas (Promul) e do Centro de Línguas (Cel).
A Unicentro e a acolhida internacional
Muitos estrangeiros também têm vindo para a Unicentro, na mobilidade chamada de “incoming”. Desde 2016, dados da Coori contabilizam 45 estudantes de graduação e 42 de pós-graduação que escolheram a Unicentro para a sua mobilidade, totalizando 87 estrangeiros que estudaram na instituição até o momento.
“Nós somos uma universidade interiorizada, porém internacionalizada. Temos excelentes experiências de estudantes que já concluíram pós-graduação na Unicentro e hoje ocupam posições de destaque em outros países. É um diferencial na carreira, porque além da formação, tem conhecimento de uma língua estrangeira”, comenta a professora Cibele, da Coori.

Isidora Popovic cursou o Mestrado em Letras da Unicentro entre 2017 e 2019, e hoje tem um emprego no Parlamento de seu país, Montenegro (Foto: arquivo pessoal)
Um caso nesse sentido foi o da Isidora Popovic, que veio de Montenegro para cursar o Mestrado em Letras da Unicentro, em 2017. Durante dois anos, ela participou de disciplinas, de laboratórios de pesquisa e de eventos acadêmicos. A oportunidade rendeu para Isidora, não apenas conhecimento, mas ótimos empregos em seu país de origem.
“Quando voltei a Montenegro, com meu português muito avançado consegui passar na prova para me tornar a primeira, e até agora única, tradutora oficial para a Língua Portuguesa no meu país. Além disso, estou empregada no Parlamento de Montenegro, onde posso utilizar meus conhecimentos linguísticos para fazer várias atividades relacionadas a protocolo e relações internacionais”, descreve Isidora.
Atualmente, entre os estrangeiros que realizam mobilidade internacional na Unicentro estão quatro pós-graduandos, dois estudantes de graduação e quatro alunos pelo Programa de Estudantes-Convênio de Português como Língua Estrangeira.
A argentina Marcela Marín chegou no final de abril na Unicentro e está realizando um estágio de pesquisa no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Comunitário (PPGDC) que vai durar três meses. A pesquisadora está vinculada ao Mestrado em Estéticas Latino-Americanas Contemporâneas, da Universidade Nacional de Avellaneda, em Buenos Aires, e veio para o Brasil através do programa de mobilidade Move La América, da Capes.
A pesquisa que vem desenvolvendo versa sobre as memórias da extração de cal em Córdoba, na Argentina, observando os vestígios afetivos que essa atividade deixou nos territórios em questão. “A oportunidade de realizar uma estadia de pesquisa nesta universidade, no âmbito do projeto de pesquisa em História Ambiental coordenado pelo professor Jó Klanovicz, representa uma contribuição precisa e considerável a esta investigação transdisciplinar, que analisa criticamente o extrativismo da megamineração na Argentina e as memórias de resistência humana e não humana”, avalia Marcela.
Da Unicentro para o mundo
Este ano, 13 estudantes de graduação e 19 docentes da Unicentro estão estudando ou realizando pesquisa em países estrangeiros. O professor Eduardo Yuji Yamamoto, do Departamento de Comunicação Social (Decs), por exemplo, está no Japão desde abril para um estágio de pós-doutorado na Universidade Provincial de Kyoto. “Eu sempre tive essa curiosidade, não só de voltar para a terra de onde saíram os meus avós, mas também de estudar a cultura e a língua japonesas”, contextualiza.

Eduardo Yuji Yamamoto está na Universidade de Kyoto, desenvolvendo pesquisa de pós-doutorado (Foto: arquivo pessoal)
A pesquisa de pós-doutorado desenvolvida por Eduardo está diretamente relacionada com a cidade onde está localizada a sua universidade de destino. “O meu projeto de pesquisa é estudar um grupo de filósofos japoneses conhecido como Escola de Kyoto e quais as contribuições que essa escola poderia trazer para a Comunicação, principalmente para a área de teorias, que são o foco das disciplinas que eu ministro na graduação”, explica o docente.
A coordenadora de Relações Internacionais da Unicentro também acredita que a mobilidade colabora para o incremento das pesquisas científicas. “Todo o desenvolvimento do trabalho pode ter uma reviravolta a partir daquilo que ele conhece, estuda e vê em outra instituição. Sempre há um aporte, seja pessoal, cultural, acadêmico ou profissional”, enfatiza Cibele.
O professor Eduardo foi ao Japão através do programa Ganhando o Mundo da Ciência, que é uma parceria da Fundação Araucária com a Universidade de Kyoto. Em sua opinião, o estreitamento de relações com a instituição japonesa pode abrir ainda mais portas para a Unicentro. “Esse vínculo institucional entre a Unicentro e a Kyoto Prefectural University pode se estender para futuras parcerias, no sentido de trazer pesquisadores daqui da universidade de Kyoto para a Unicentro e também viabilizar a mobilidade de estudantes para fazer algum intercâmbio no Japão”, vislumbra.
Também ainda em 2025, 11 estudantes de doutorado estão em processo de finalização de documentação para a ida a universidades estrangeiras, prevista para o segundo semestre, através do programa de doutorado sanduíche da Capes.

Parte da delegação de estudantes que estão indo para o Canadá entre maio e junho pelo programa Mitacs Globalink (Foto: Coorc).
Além disso, 12 graduandos da Unicentro, de diversas áreas do conhecimento, embarcam entre maio e junho para o Canadá. Essa foi a maior delegação de alunos já enviados simultaneamente pela Unicentro por meio do programa de mobilidade Mitacs Globalink. “O nosso estudante tem a possibilidade de desenvolver um trabalho de pesquisa juntamente de um orientador brasileiro e de um orientador na instituição parceira. Desde o ano de 2019 enviamos alunos, sistematicamente, em todas as edições”, ressalta a professora Cibele.
Uma das participantes dessa edição do Mitacs é a Paula Vitoria Ruaro Soares, que cursa o bacharelado em Química na Unicentro, e vai passar os próximos três meses na Universidade de Calgary, no Canadá, desenvolvendo uma pesquisa instigante. “Eu vou analisar o solo tanto de Marte, quanto da Terra, fazer uma comparação entre os dois para ver se tem algum resquício de início de possíveis origens da vida e medir isso de acordo com parâmetros químicos”, descreve a graduanda.
A acadêmica ressalta a importância da Coordenadoria de Relações Internacionais da Unicentro nesse processo de concretização da sua mobilidade estudantil. “O Coori, abrindo as portas para a gente, ajudou tanto na questão das inscrições, quanto na divulgação desse projeto. É a realização de um sonho”, destaca a estudante.
Para a Cibele, quando realizada já na graduação, a mobilidade acadêmica pode aumentar as perspectivas de estudo e de carreira dos estudantes. “Toda experiência internacional é muito bem-vista no mercado de trabalho e também para a continuidade de estudos, seja em um programa de mestrado, seja em um doutorado”, finaliza a coordenadora de Relações Internacionais da Unicentro.
Por Amanda Pieta