Violência contra as mulheres em Guarapuava é tema de livro publicado pela Unicentro

Violência contra as mulheres em Guarapuava é tema de livro publicado pela Unicentro

Summary

Textos articulam estudos e experiências do Núcleo Maria da Penha (Numape)

O combate à violência contra as mulheres feito pelo Núcleo Maria da Penha (Numape) em Guarapuava inspirou a publicação de um livro. Profissionais que fizeram parte da equipe do projeto da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) durante os seus primeiros anos de atuação uniram a extensão e a pesquisa para escrever sobre os diversos tipos de violência que as guarapuavanas que procuram o serviço relatam sofrer.

Intitulado “Violências contra as mulheres em Guarapuava: análises críticas a partir da ação/reflexão do Núcleo Maria da Penha (Numape)”, o livro foi organizado pelas professoras Angela Maria Moura Costa, do Departamento de Serviço Social da Unicentro, e Ana Claudia da Silva Abreu, do curso de Direito do Centro Universitário Campo Real. O processo de editoração da obra foi feito pela Editora Unicentro.

“A ideia de publicar o livro se deu a partir da nossa experiência extensionista e do nosso grupo de estudos, que nos deu subsídio para atender as mulheres em situação de violência doméstica e familiar e desenvolver as ações de prevenção à violência na cidade e região. Com o livro, queríamos deixar registradas a nossa prática e parte dos desafios e potencialidades dessa vivência”, contextualiza a organizadora Angela, que foi coordenadora do Numape entre 2018 e 2021.

Livro foi organizado pelas professoras Angela Maria Moura Costa e Ana Claudia Silva Abreu.

Dividida em cinco capítulos, a produção traz dados e análises científicas sobre a realidade de mulheres vítimas de violência em Guarapuava. Os textos são fruto das discussões feitas no âmbito do Grupo de Estudos e Pesquisas Feminismos e Violências de Gênero, criado em 2018 para a capacitação das extensionistas do Numape, que são profissionais e estagiárias das áreas de Serviço Social, Direito e Psicologia.

“Para cada etapa de construção do Núcleo, cada estratégia definida, cada ação desenvolvida, sempre partimos do nosso grupo de estudos e para ele voltávamos, como forma de repensar as práticas e recriar novas estratégias. O livro é produto da nossa articulação teórico-prática-política dentro da vivência do Numape”, relaciona Angela. Essa perspectiva é partilhada pela também organizadora do livro Ana Claudia, que foi orientadora pedagógica do Numape entre 2019 e 2021. “Esse grupo foi fundamental para o entendimento das questões de gênero e os demais marcadores que atravessam a vivência das mulheres com a violência”, avalia.

O Numape é um projeto de extensão interdisciplinar que realiza atendimentos a mulheres que foram vítimas de violência doméstica, assessorando-as em questões jurídicas, psicológicas e sociais. “São olhares diversos sobre a violência que se somam para possibilitar um atendimento com uma perspectiva de gênero, preocupado em ouvir as mulheres em situação de violência e atender às suas diversas demandas, fortalecendo-as para que seja possível romper com o ciclo de violência”, contextualiza Ana Claudia.

Para as organizadoras, o livro é um compilado de informações que ajudam na divulgação do projeto e de dados sobre a violência contra as mulheres guarapuavanas. “O livro pode subsidiar profissionais que atuam com situações de violência na cidade e região e, de alguma forma, pode contribuir com as mulheres que estão em situação de violência, por desnaturalizar o fenômeno e indicar caminhos de acesso às políticas públicas”, vislumbra Angela. “Os resultados são satisfatórios pois realiza uma das finalidades da extensão universitária que é apresentar os resultados do projeto para a comunidade universitária e externa”, complementa Ana.

Visibilidade às pesquisas sobre o tema

Uma das autoras que contribuíram no livro é a Ana Claudia Marochi, que atualmente é professora do curso de Pedagogia na Universidade Estadual do Norte do Paraná (Uenp). Embora não tenha feito parte da equipe do Numape, ela participou efetivamente do grupo de estudos vinculado ao projeto de extensão. Na obra, a docente publicou um capítulo sobre quem são e quais as violências sofridas pelas mulheres guarapuavanas, utilizando como metodologia a análise de prontuários e entrevistas com nove mulheres atendidas pelo Núcleo. O Numape disponibilizou dados para que a pesquisadora fizesse a articulação teórica em torno deles.

“Quando elas chegam lá, elas relatam situações do cotidiano que permitem a gente fazer uma análise científica de quais são as características mais comuns que as mulheres que sofrem violência passam”, avalia a autora. Segundo a pesquisadora, a violência mais relatada pelas mulheres atendidas pelo Numape é a psicológica, seguida das violências moral, patrimonial e física, que costuma surgir quando todas as outras já atingiram a vítima.

Livro reúne textos de profissionais de diversas áreas que atuaram no combate à violência doméstica no Numape (Foto: arquivo pessoal)

Para Ana, a publicação contribui para a difusão do conhecimento sobre o assunto. “É importante para a divulgação de todas essas análises que a gente faz e também para que outras mulheres leiam. Quando as mulheres que tem acesso a esses textos conseguem ler, elas também conseguem perceber se estão em relações abusivas e violentas”, projeta a professora da Uenp.

Além da professora Ana e das organizadoras da obra, assinam capítulos do livro: psicólogas, assistentes sociais, advogadas e mais uma professora de Serviço Social.

O conteúdo

O livro “Violências contra as mulheres em Guarapuava: análises críticas a partir da ação/reflexão do Núcleo Maria da Penha (Numape)” traz textos em diversas ramificações do tema. Confira os títulos e autoras que compõem a obra:

  • Capítulo 1: História e construção do Núcleo Maria da Penha (Numape): uma experiência de extensão no município de Guarapuava – PR, por Angela Maria Moura Costa, Ana Claudia da Silva Abreu e Priscila Ferreira Fortini
  • Capítulo 2: A violência como categoria estruturante do patriarcado e a condição das mulheres que procuram o Numape/Guarapuava-PR, por Ana Claudia Marochi
  • Capítulo 3: O ciclo da violência doméstica e familiar contra mulheres: dilemas e superação, por Angela Maria Moura Costa, Micheli Souza Cordeiro e Bruna Almerinda Santos de Carvalho
  • Capítulo 4: Perfil dos feminicídios ocorridos na comarca de Guarapuava nos anos de 2015 a 2020, por Ana Claudia da Silva Abreu e Kamila Dib Kaminski
  • Capítulo 5: Faces e determinantes da violência contra as mulheres: contribuições da interdisciplinaridade a partir das reflexões do Núcleo Maria da Penha – Guarapuava, por Rosângela Bujokas de Siqueira, Jully Annye Gallo Lacerda e Luana Maximo Gasperotto

O livro pode ser acessado na íntegra em sua versão digital através do site da Editora Unicentro.

Por Amanda Pieta

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