Com participação da Unicentro, Genomas Paraná ultrapassa mil sequenciamentos em Guarapuava

Com participação da Unicentro, Genomas Paraná ultrapassa mil sequenciamentos em Guarapuava

O Projeto Genomas Paraná comemora o marco dos primeiros mil genomas sequenciados em Guarapuava. O resultado foi divulgado na última sexta-feira (11) durante o evento de inauguração do Centro Âncora do Projeto Genomas SUS (GenSUS), no âmbito do Programa Nacional de Genômica e Saúde de Precisão (Genomas Brasil), do Ministério da Saúde. O local será responsável pela coleta de amostras, sequenciamento genético e análise de dados genéticos.

Já foram sequenciadas 1.242 amostras biológicas, de um total de 3.105, coletadas de novembro de 2024 até o momento. As coletas abrangem moradores de Guarapuava e dos distritos de Palmeirinha, Entre Rios e Guairacá. O projeto é desenvolvido por meio de uma parceria entre a Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) e o Instituto para Pesquisa do Câncer de Guarapuava (Ipec).

O Genomas Paraná busca identificar marcadores genéticos associados a doenças prevalentes na população, abrindo caminho para a medicina de precisão, conforme explicou o coordenador da Rede de Pesquisas Genômicas, diretor-presidente do Ipec e um dos idealizadores do Vale do Genoma, professor David Livingstone Figueiredo. “Hoje tratamos as pessoas como um todo. Mas sabemos que, por exemplo, o câncer de tireoide em um paciente é diferente do mesmo câncer em outro, porque cada pessoa tem uma biologia e genética diferente. A ideia do Genomas é que ele vai dar subsídio para a medicina de precisão, permitindo diagnósticos precoces e tratamentos personalizados, respeitando essa individualidade”.

Embora os dados mais significativos ainda estejam sendo processados e os resultados práticos devam surgir nos próximos dois a três anos, o coordenador da Rede de Pesquisas Genômicas destaca a importância do que já foi alcançado. “O que já podemos afirmar é que estamos construindo uma estrutura inédita no país: um banco de informações genômicas associado a dados digitais de saúde, com uma amostra que representa de forma real a população”.

O reitor da Unicentro, professor Fábio Hernandes, falou sobre o protagonismo da universidade no avanço da pesquisa genética no país. “Esse é um momento que merece ser celebrado. É uma oportunidade de mostrar à nossa comunidade o quanto o Projeto Genomas Paraná tem avançado. É um projeto inovador, conduzido com excelência pelos nossos pesquisadores, e que merece todo o nosso reconhecimento e incentivo”.

O vice-reitor da Unicentro, professor Ademir Juracy Fanfa Ribas, acrescentou, destacando a dimensão do estudo e seu potencial impacto na medicina no país. “Estamos falando de um número expressivo de cidadãos que estão sendo estudados e identificados geneticamente. Esse é, sem dúvida, mais um passo importante que a sociedade dá em direção ao avanço da cura do câncer”.

A iniciativa conta com investimento superior a R$6 milhões via Fundo Paraná, dotação orçamentária administrada pela Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) e da Fundação Araucária. O secretário da Seti, Aldo Bona, ressaltou que o Paraná tem investido financeiramente para contribuir de forma efetiva na melhoria da saúde pública. “A medicina de precisão é uma área em que buscamos a prevenção e também a resolução de doenças. O programa Genoma Paraná é de extrema importância para que possamos, futuramente, criar soluções para diagnósticos e tratamentos para a população, que é rica em diversidade étnico regional”, apontou.

Além dos impactos diretos na saúde pública, a iniciativa também projeta Guarapuava em âmbito nacional. “Com o Genomas Paraná, conseguimos ser um dos oito centros âncora da rede Genoma SUS, do Ministério da Saúde. É um feito histórico. Somos uma universidade jovem, do interior, e hoje estamos sentados à mesa com as maiores instituições do Brasil, ajudando a definir o futuro da saúde no país. Isso é muito grande”, salientou David.

Sobre a pesquisa

O projeto utiliza duas estratégias de amostragem: a aleatória, ainda em andamento, realizada com pessoas com mais de 18 anos; e voluntária, já encerrada, destinada para diferentes gêneros, faixas etárias e também por idosos com mais de 80 anos, estes últimos indicados pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).

Na amostragem aleatória, endereços residenciais de Guarapuava são sorteados. Pesquisadores se dirigem até as residências sorteadas, explicam o objetivo do projeto e convidam os moradores maiores de 18 anos, que residem há pelo menos seis meses na cidade, a participar. Caso haja mais de uma pessoa apta no domicílio, é realizado um novo sorteio, pois apenas um morador por casa pode integrar o estudo.

Já na etapa de voluntários, as inscrições foram realizadas por meio de um cadastro de interesse. A seleção seguiu critérios de ordem de inscrição, faixa etária e sexo, com base nos dados do Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Assim como os sorteados, os voluntários responderam a um questionário epidemiológico.

No caso dos idosos, foram selecionadas pessoas com mais de 80 anos, cognitivamente aptas — conforme avaliação por testes como o Mini Mental e Pfeffer — e residentes há pelo menos seis meses em Guarapuava.

Todos os participantes responderam a um questionário com mais de 300 perguntas e doaram amostras de sangue, saliva e fezes — essas últimas fundamentais, já que a microbiota intestinal tem sido cada vez mais associada ao desenvolvimento de diversas doenças. As amostras são processadas no Ipec, onde são extraídas moléculas como DNA e RNA. A análise genética é feita com equipamentos de ponta, incluindo sequenciadores capazes de processar até 96 amostras simultaneamente.

A coleta de amostras biológicas segue em andamento, com a meta inicial de alcançar quatro mil ainda neste ano. Os resultados obtidos serão integrados à rede estadual de saúde.

Por Poliana Kovalyk

 

 

Confira as fotos dos eventos no Banco de Imagens da Unicentro.


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