
Pós-Graduação em Letras inicia ano letivo com palestra sobre multilinguismo e literatura de fronteiras
O Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL) da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) deu início ao ano letivo de 2025 com uma aula inaugural realizada na última quarta-feira (9). O tema abordado foi “Multilinguismo e Translinguismo na Interface entre Língua e Literatura”, ministrado pela professora Isabel Jasinski, da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
A atividade teve como objetivo integrar os novos mestrandos e doutorandos aos demais discentes e docentes do curso. “É uma maneira de dar boas-vindas e de mostrar temas que integram o perfil do Programa, como o apresentado na noite de hoje, que toca tanto a linguística quanto a literatura, que é o multilinguismo e o translinguismo”, afirmou a coordenadora do evento, professora Nilceia Valdati.
Segundo ela, a temática está alinhada à área de concentração do programa e ao campo das políticas linguísticas. “Não é possível hoje levar em consideração apenas o monolinguismo, mas a pluralidade de línguas oficiais ou não. Um debate que ocorre tanto no campo linguístico, quanto no da literatura”.
A escolha da professora Isabel Jasinski como convidada foi motivada por sua pesquisa sobre literatura e mobilidade, com foco em experiências latino-americanas. Isabel destacou que sua abordagem partiu da literatura de fronteiras, especialmente na Região Sul.
A pesquisadora apontou como essas expressões híbridas, geralmente orais, têm espaço na literatura, mas ainda são pouco reconhecidas socialmente ou pelas instituições de ensino. “De modo geral, a contaminação dessas línguas híbridas que se resultam da interface entre línguas diferentes, elas não são bem aceitas, elas são socialmente recusadas. Então, acho que é um grande desafio que a gente supere o preconceito linguístico”.
A palestra também foi uma oportunidade para refletir sobre os efeitos estéticos dessas línguas em narrativas literárias e sobre o papel da linguagem na inclusão e na resistência. Entre os autores analisados, Isabel citou Douglas Diegues (Triple Frontera Dreams), Fabián Severo (Fragmentos de Viralata e Noite nu Norte), Damián Cabrera (Xirú) e Gloria Anzaldúa (Borderlands/La Frontera: The New Mestiza).
“Esse livro da Anzaldúa foi tão importante que fundou uma nova disciplina em que ela explora essa experiência da relação trágica e violenta dessa pluralidade de línguas vivida na fronteira do México com os Estados Unidos”, conta Isabel.
Para os alunos, a atividade foi também um marco simbólico do início do vínculo com o programa. “Essa aula é fundamental no sentido de que é aqui onde a gente vê o que a gente vai passar pelos primeiros dois anos do mestrado ou pelos próximos quatro anos do doutorado. É aqui que a gente vai entendendo o curso, o programa onde a gente está entrando”, disse o mestrando Joel Duarte Júnior, de 50 anos.
Por Isabella Silva, com supervisão de Giovani Ciquelero
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