Unicentro e Ipong promovem formação sobre heteroidentificação e políticas de cotas raciais

Unicentro e Ipong promovem formação sobre heteroidentificação e políticas de cotas raciais

Na última sexta-feira (4), a Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) recebeu o Instituto de Povos Negros de Guarapuava (Ipong) para a realização de um curso de formação sobre heteroidentificação, ministrado por Lilian Amorim Carvalho, doutoranda da Universidade Estadual de Maringá (UEM). O evento teve como objetivo discutir a veracidade e a eficácia das bancas de cotas raciais nas universidades brasileiras. 

A iniciativa surgiu de um projeto de extensão conjunto dos cursos de Filosofia e Geografia da Unicentro. O professor Evandro Brito, um dos coordenadores do projeto, explicou que o tema se tornou pauta devido à evolução das políticas de cotas. “A temática do projeto, que temos feito há dois anos, se chama heteroidentificação. É uma temática que se impõe por conta do modo como a legislação de cotas está funcionando”, conta.

Lilian iniciou sua palestra oferecendo um panorama da história social do Brasil, enfatizando o impacto do mito da miscigenação nas relações étnico-raciais. Ela argumentou que, embora a miscigenação seja uma realidade no país, o imaginário em torno dela muitas vezes oculta processos de racialização e discriminação racial enraizados na formação social brasileira. “Na medida em que a miscigenação é oculta, a ideia de miscigenação oculta, na verdade, os processos de racialização e de discriminação racial em função de modelos racistas que estão embutidos no nosso processo de formação social”.

Ao longo da formação, Lilian abordou diversos conceitos relacionados ao racismo, incluindo o racismo estrutural, institucional, internalizado e recreativo, destacando que essas diferentes dimensões compõem o problema maior do racismo estrutural. Dividindo o módulo em duas partes, no sabádo (5) a discussão focou na luta histórica do movimento negro no Brasil, especialmente sobre à proposição de políticas públicas de promoção da igualdade racial, com ênfase nas ações afirmativas e na reserva de vagas, conhecidas como cotas raciais.

A motivação de Lilian para se aprofundar nesse tema está ligada à sua trajetória pessoal e acadêmica. “Eu sempre tive uma questão de pertencimento étnico-racial, de autodeclaração de mim como uma mulher negra e reconheço que nem todas as pessoas me identificam como uma mulher negra”, relata. Durante sua graduação em Ciências Sociais, uma disciplina sobre relações raciais despertou seu interesse, e a levou a se aprofundar na pesquisa e produção acadêmica na área.

Lilian expressou o desejo de que os participantes fossem provocados a refletir sobre seu papel individual na luta antirracista. “Eu espero que as pessoas se sintam provocadas, no sentido de ser estimuladas a repensar, a olhar o seu entorno, a procurar mais informações sobre isso e a se posicionar de forma diferente”.

Por Isabella Silva, com supervisão de Giovani Ciquelero


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