
Assembleia internacional destaca protagonismo juvenil no debate sobre a emergência climática
Na última quinta-feira (27), foi realizada a Assembleia de Jovens pelo Clima, que integra o programa internacional Pacto Global dos Jovens pelo Clima, com o tema ‘Crise Hídrica: Ações Concretas dos Jovens do GYCP’.
O evento reuniu cerca de mil estudantes de diversos países para debater soluções locais e globais para a emergência climática, com foco na gestão e conservação da água. O diretor científico do Pacto Global dos Jovens pelo Clima, Alfredo Pena Vega, da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris, enfatizou a relevância desse encontro. “A importância dessa iniciativa é proporcionar aos jovens, tanto do Brasil quanto de outros países da América Latina, Europa, África e Médio Oriente, a oportunidade de dialogar sobre um tema fundamental: o problema da água. A troca de experiências entre os participantes, provenientes de diferentes contextos e realidades, é essencial para criar soluções mais eficazes e integradas para a crise hídrica global”, destacou.
A assembleia contou com a participação da cientista Maria Manuela Moraes, pesquisadora e coordenadora do Laboratório da Água da Universidade de Évora, de Portugal. Com forte atuação na Europa, ela representa o país e integra projetos da União Europeia voltados à preservação dos recursos hídricos. Após sua apresentação, estudantes do Brasil, Chile e Colômbia compartilharam experiências e apresentaram os projetos ambientais desenvolvidos em suas escolas.
“Os jovens são os protagonistas desta iniciativa, mostrando seus trabalhos, suas ações e como estão se engajando com a temática da água”, disse Pena Vega. O diretor científico também ressaltou o papel dos professores mediadores. “É importante frisar que todo esse trabalho não seria possível sem o apoio dos professores mediadores, que estão no centro da elaboração e desenvolvimento dos projetos dos alunos”, salientou Alfredo.
Tecnologia e inovação na mobilização global

A assembleia foi realizada em uma plataforma desenvolvida pelas Nações Unidas.
O Pacto Global dos Jovens pelo Clima envolve 31 países e a transmissão da assembleia foi realizada simultaneamente em quatro idiomas. O diretor científico destacou que, pela primeira vez, foi realizada uma ação que integra alta tecnologia, utilizando uma plataforma de teste desenvolvida pelas Nações Unidas.
“É a primeira vez, nos 30 anos de história da COP (Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas), que tivemos uma plataforma com esse nível tecnológico, que utiliza inteligência artificial e o metaverso para conectar jovens de diferentes partes do mundo”. Segundo Alfredo, alguns ajustes devem ser realizados, mas o resultado foi positivo, e fez questão de expressar sua gratidão. “Agradeço profundamente ao Dr. Thiago Mendes e sua equipe pelo trabalho excepcional na construção dessa plataforma”.
A expansão do movimento no Brasil
No Brasil, o programa tem parceria com a Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), cuja coordenadora nacional é a professora do Departamento de Ciências Biológicas, Adriana Massae Kataoka. Com mais de 30 anos de atuação em educação ambiental e nos últimos cinco focada na emergência climática, ela evidencia a relevância e a responsabilidade desse novo papel. “Para mim, é uma grande honra, mas também uma enorme responsabilidade. A educação ambiental tem um forte potencial de contribuição nesse tema, dada sua trajetória teórica e metodológica. A emergência climática é um problema global de gravidade sem precedentes, e é urgente que a população compreenda seus impactos, sua presença no cotidiano e como nossas ações podem agravá-la ou combatê-la por meio de ações de mitigação e/ou adaptação”, aponta.
A professora Adriana destacou o crescimento expressivo do Pacto Global de Jovens pelo Clima no Brasil nos últimos dois anos, inclusive em Guarapuava. “Criamos uma aliança com mais de 20 universidades federais, estaduais e privadas, que tem funcionado muito bem, permitindo que o Pacto se expanda inspirado em nossa iniciativa. Atualmente, dez estados integram o movimento, sempre com o respaldo de uma universidade, ou seja, da ciência. No entanto, a participação das escolas é essencial, pois é nelas que os jovens estão em formação. Essa é uma oportunidade valiosa para que reflitam sobre sua realidade, ampliem a consciência ambiental e se desenvolvam como cidadãos preparados para enfrentar os desafios climáticos”, enfatizou.
A programação do Pacto Global para 2025 prevê a realização de mais duas assembleias, abordando os temas da educação e justiça ambiental relacionados à emergência climática. Além disso, também serão realizadas conferências infantojuvenis. “A participação juvenil tende a crescer ainda mais, o que é fundamental, pois são eles que enfrentarão os maiores efeitos das mudanças climáticas nos mais diferentes âmbitos, desde a questão alimentar, do transporte e do estilo de vida”, apontou a coordenadora nacional.
Jovens Protagonistas no Enfrentamento da Emergência Climática
A professora Adriana está à frente do projeto ‘Jovens Protagonistas no Enfrentamento da Emergência Climática’. O projeto começou com ações em escolas de Guarapuava e atualmente faz parte do Pacto Global de Jovens pelo Clima, incentivando estudantes de 13 a 17 anos a propor e executar soluções locais para os desafios ambientais.
A aluna do Colégio Estadual Padre Chagas, Rafaela Zerbielli, compartilhou sua experiência e as ações que tem desenvolvido junto ao seu grupo. “Nós já realizamos uma atividade envolvendo o rio Cascavel, um local visivelmente abandonado pela cidade e que se encontra em uma situação lastimável. Entrevistamos moradores que vivem na região de risco, expostos constantemente ao perigo das enchentes. Nosso objetivo era entender a perspectiva dessas pessoas e levantar questões essenciais, como a percepção delas sobre o estado do rio, os problemas que ele traz, como mau cheiro e proliferação de doenças, e de quem seria a responsabilidade pelo cuidado com ele”. Rafaela destacou que o trabalho tem sido coletivo, envolvendo toda a equipe na condução das entrevistas e na análise dos dados, que ainda estão em andamento. “Com os resultados da pesquisa, poderemos propor soluções eficazes para melhorar a vida dos moradores da região e recuperar o rio”, explicou.
Para a estudante de 15 anos, a experiência até aqui tem sido transformadora. “É incrível poder agir de forma concreta para melhorar nossa cidade. Esse projeto nos dá consciência ecológica desde cedo, preparando-nos para o futuro. Além disso, nos mostra que os recursos naturais são limitados, embora sejam tratados como se não fossem. O mais importante é que esse projeto nos dá voz e eu tenho orgulho de fazer parte disso”, finalizou a jovem.
Hoje, 13 colégios do Paraná fazem parte do Pacto, distribuídos entre Guarapuava, Irati, Laranjeiras do Sul, Prudentópolis, Jacarezinho, Dois Vizinhos e Curitiba. Em nível estadual, o projeto tem se consolidado como uma referência em educação climática, fortalecendo a articulação entre escolas, universidades e organizações sociais.
A equipe pretende participar da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em novembro de 2025, em Belém, no Pará. A professora Adriana Kataoka ressaltou que eventos como esse trazem visibilidade ao tema, mas a efetivação de mudanças depende do envolvimento ativo da juventude e da sociedade como um todo. “Incorporar os jovens nessa discussão não apenas fortalece sua formação crítica, mas também impulsiona seu engajamento. Com isso, eles podem cobrar ações das lideranças em nível local e sensibilizar suas comunidades para a urgência da crise climática”, concluiu.
Por Poliana Kovalyk
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