
Unicentro leva ciência às escolas para promover ações de enfrentamento à emergência climática
Summary
Projeto que começou em Guarapuava hoje integra iniciativa global sobre emergência climática
O ditado já diz: os jovens são o futuro da humanidade. E um projeto da Unicentro tem trabalhado com esse público e toda a sua força de vontade para concretizar ações de sustentabilidade ambiental. Intitulada “Jovens Protagonistas no Enfrentamento da Emergência Climática”, a iniciativa começou com intervenções nas escolas guarapuavanas sob a liderança da professora Adriana Massae Kataoka, do Departamento de Ciências Biológicas. Hoje, as ações integram o Pacto Global de Jovens pelo Clima, que incentiva estudantes de 13 a 17 anos a propor ações locais voltadas à mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.

A professora Adriana Kataoka hoje é coordenadora nacional do Pacto Global de Jovens pelo Clima.
“O projeto é pautado no diálogo horizontal entre cientistas e estudantes, mediados pelo professor. Temos momentos que acontecem entre a nossa universidade e a escola, mas também temos momentos com membros de outros países, jovens de outras nacionalidades trazendo suas experiências de como enfrentam o problema na sua localidade”, descreve Adriana.
Os jovens alunos passam por cinco etapas dentro do projeto: aprendizagem do conhecimento científico, definição de um tema para ação, elaboração do projeto, implementação e divulgação dos resultados. “Essas iniciativas reforçam o papel das escolas como espaços de formação para a sustentabilidade, incentivando a sensibilização e o protagonismo juvenil na busca por soluções para os desafios climáticos globais”, salienta o professor Anderson de Souza Moser, que ministra aulas no Colégio Imperatriz Dona Leopoldina, em Guarapuava.

Crianças aprenderam a fazer biofertilizantes, que são adubos naturais.
Na referida escola, o tema escolhido foi agricultura sustentável. As turmas trabalharam com o manejo agroecológico através da produção de biofertilizantes, que são adubos orgânicos oriundos de resíduos naturais. “Um dos motivos da nossa escolha foi mostrar que o agro pode ser sustentável. Aqui no colégio tem o curso técnico em Agropecuária, então nós conversamos com professores que já trabalham com biofertilizantes”, contextualiza a estudante do 3º ano do Ensino Médio, Heloise Martins Lustosa Ribas. Segundo a professora Adriana, os biofertilizantes mantêm a saúde do solo. “Um solo vivo capta gases de efeito estufa. Um solo morto por agrotóxico e fertilizante químico, ao contrário, contribui para a emissão de gases de efeito estufa”, relaciona.
Já no Colégio Estadual Professor Pedro Carli foi implementada a “Escola Sustentável”. Uma das ações foi a otimização do consumo de energia, em que os alunos calcularam quanto poderiam economizar e passaram a priorizar o uso da luz solar durante as aulas em vez de ligar as lâmpadas. Outra frente buscou reduzir o desperdício de comida, já que as mudanças climáticas afetam também a produção de alimentos. “A gente tentou fazer uma conscientização: colocou os alimentos em pratos e chamou os alunos para verem o quanto de desperdício de alimentos estava acontecendo no nosso colégio. Com auxílio da Matemática, a gente fez análises gráficas e estimativas do desperdício anual. Depois, houve uma melhora imensa e a gente diminuiu o desperdício de alimentos no nosso colégio”, conta o estudante Tiago Vaz Machado, do 9º ano.

Conscientização sobre desperdício de comida levou uma das escolas a adotar hábitos mais sustentáveis.
Também nessa escola foram confeccionados meliponários caseiros para abelhas sem ferrão. A polinização das abelhas contribui para a manutenção de diversas espécies de plantas. Tiago ficou encantado com a experiência. “Foi um dos melhores projetos que a gente já fez no nosso colégio. Eu gosto dessa área da Biologia, da biodiversidade brasileira, paranaense, e eu acho que é o ramo que eu vou partir quando for pra uma faculdade. Foi muito interessante aprender uma coisa que eu gostava, dentro do nosso colégio”, relata.
As ações como essa tem refletido em resultados para além das escolas, se expandindo para a população em torno dela. “Projetos como o voltado para as abelhas começam a ter implicações para a comunidade, porque alguns pais começam a criar abelhas e contribuir com a biodiversidade local”, exemplifica a coordenadora Adriana.

Meliponário caseiro confeccionado na escola incentivou a comunidade a criar abelhas.
Para a secretária de Meio Ambiente de Guarapuava, Selba Peres Lopes, as atividades encabeçadas pela universidade contribuem para incentivar o senso crítico sobre as mudanças climáticas. “O projeto colabora com as políticas públicas municipais, através da formação dos jovens que estão envolvidos nele, no que diz respeito ao desenvolvimento da autonomia, da criatividade e da responsabilidade socioambiental”, salienta. As ações em Guarapuava tiveram apoio e financiamento da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, que através do Fundo Municipal de Saneamento Básico e Ambiental, destinou recursos ao projeto da Unicentro.
Expansão estadual e nacional através do Pacto Global
O Pacto Global de Jovens pelo Clima foi ganhando cada vez mais adeptos na cidade, na região e no estado. Atualmente, são 13 colégios paranaenses integrantes, entre as cidades de Guarapuava, Irati, Laranjeiras do Sul, Prudentópolis, Jacarézinho, Dois Vizinhos e Curitiba. “Em nível estadual, o projeto tem se consolidado como uma referência em educação climática, fortalecendo a articulação entre escolas, universidades e organizações sociais”, destaca Anderson Moser, que também é um dos coordenadores estaduais do Pacto, juntamente com as professoras Daniele Saheb (PUC) e Patrícia Carla Giloni de Lima (Unicentro).
A professora Adriana, que ocupava esse cargo até o ano passado, hoje tem uma projeção nacional dentro do Jovens pelo Clima, assumindo a coordenação brasileira da iniciativa. Ao todo, oito estados fazem parte do Pacto.
Em 2025, a programação do Pacto Global inclui a realização de assembleias internacionais, reunindo jovens dos 35 países que integram a iniciativa para o debate das questões climáticas. “Esse é um momento legal porque os nossos jovens daqui entram em contato com jovens que falam outras línguas e que estão tendo outras experiências”, destaca a coordenadora nacional. Essas oportunidades desenvolvem as habilidades sociais dos alunos. “A conversa entre as outras escolas me ajudou a fazer amizades. Conversar com pessoas com pensamentos diferentes agregou muito para mim”, conta Heloise, do Colégio Imperatriz.

Ao final das ações, os estudantes apresentam os resultados em eventos científicos
Participação na COP30
A equipe do Pacto Global de Jovens pelo Clima pretende participar da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em novembro de 2025, em Belém, no Pará. Essa será uma oportunidade para a Unicentro se posicionar como uma referência em práticas educativas e ambientais diante do mundo todo. “Há um planejamento para que os estudantes participantes do projeto tenham a oportunidade de apresentar suas iniciativas. O objetivo é fortalecer a voz da juventude na agenda climática global e demonstrar o impacto de ações locais no enfrentamento da crise climática”, contextualiza o coordenador estadual.
A participação em eventos como esse motiva ainda mais os estudantes. “A parceria com a Unicentro para ampliar a troca de conhecimento entre alunos, cientistas e professores faz a formação de alunos como agentes de transformação, com a proatividade na busca por soluções ambientais”, avalia Tiago, do Colégio Pedro Carli.
Por Amanda Pieta
Fotos: acervo pessoal