Projeto “Mulheres que Somam” é aprovado em chamada nacional do CNPq
O projeto “Mulheres que Somam”, uma iniciativa nascida no Setor de Ciências Exatas e de Tecnologia (Seet) da Unicentro, foi aprovado com nota máxima na chamada CNPq/MCTI/MMulheres nº 31/2023. Com um aporte de R$ 597 mil, o projeto agora expande sua atuação, contando com uma ampla rede de colaboração que envolve o Centro Interdisciplinar de Estudos de Gênero (Cieg), a Secretaria de Políticas Públicas para Mulheres de Guarapuava, o Cilla Tech Park e quatro colégios estaduais da cidade. O objetivo é incentivar a entrada, permanência e desenvolvimento de meninas e mulheres em carreiras nas áreas de Ciências Exatas, Engenharias e Computação.
A professora Taiana Gabriela Moretti Bonadio, coordenadora do projeto, destacou a evolução da iniciativa e sua importância para a instituição e para a região Centro-Oeste do Paraná. “Começou inicialmente como um projeto de extensão institucional, que o objetivo era construir ações acadêmicas para o incentivo da permanência de mulheres nas carreiras de ciências exatas e engenharias. Pouco tempo depois que a gente protocolou o projeto de extensão, surgiu a chamada do CNPq, uma chamada para meninas nessas áreas, e o objetivo do edital era muito parecido com o que a gente tinha pensado, então a gente resolveu submeter”, conta a docente do Departamento de Física.
Desafios e impacto local
O projeto busca enfrentar a baixa representatividade feminina nas áreas STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática). “Menos de um terço dos ingressantes nos cursos de ciências exatas, engenharias e computação da Unicentro foram mulheres. No curso de Ciência da Computação, foi o caso que a gente viu maior disparidade, com apenas 12% de meninas”, explicou a professora Taiana. “A falta de representatividade feminina é um desafio contínuo, e isso acaba reduzindo a diversidade de ideias e talentos na Unicentro”
O impacto do projeto não se restringe à cidade de Guarapuava. “Mais de 36% dos alunos do Seet/Unicentro não são da cidade de Guarapuava, eles viajam de regiões próximas, muitas vezes vêm de um contexto marcado por desigualdade social e uma população jovem, majoritariamente pobre. Então, para promover o desenvolvimento, a gente precisa criar estratégias que enfrentem essas desigualdades tanto no acesso quanto na permanência nos campos científicos”, ressaltou Taiana.
Luciana Klanovicz, docente do Departamento de História e coordenadora do Centro Interdisciplinar de Estudos de Gênero da Unicentro (Cieg), destaca a contribuição do Centro no âmbito do projeto. “Entre as atribuições estão a capacitação da equipe do projeto – e dentro dessa equipe, temos estudantes, professores da rede e pesquisadoras do projeto na universidade – no trabalho com a discussão sobre gênero, interseccionalidade e STEM. Realizamos um curso por ano de gênero e ciência para estudantes do ensino básico e médio. Também organizamos um colóquio nacional de estudos de gênero e história. Oferecemos formação para gênero e interseccionalidade com o objetivo de discutir violência de gênero, assimetrias, relações étnico-raciais, interseccionalidade e como isso afeta a desistência de estudantes na STEM. Desenvolvemos pesquisas sobre gênero, ciência, interseccionalidade na área de abrangência do projeto e contribuição com as publicações ligadas ao projeto”, conta.
Formação de uma rede de apoio
Uma das grandes inovações do projeto é a criação de uma rede de apoio que inclui colégios estaduais e instituições locais, ampliando o alcance das ações. “A nova rede amplia as possibilidades de impacto, porque a gente deixa de ter apenas um projeto aqui dentro da Unicentro, mas a gente vai ter também a parceria dos colégios estaduais, das outras entidades da cidade. Isso fortalece a colaboração e o alcance das ações”, disse a coordenadora Taiana.
O objetivo é despertar o interesse de alunas do ensino fundamental e médio nas áreas STEM, ao mesmo tempo em que se aborda a desigualdade de gênero, raça e classe. “Além disso, a formação de uma rede de apoio e capacitação ajuda a garantir que essas jovens permaneçam e prosperem nas ciências exatas, criando oportunidades para o empoderamento e desenvolvimento das carreiras delas”.
Os recursos financeiros aprovados, no valor de R$ 597 mil, serão aplicados em diversas frentes. “Os recursos serão utilizados principalmente como bolsas de estudos”, explicou Taiana. “Nós teremos duas bolsas de iniciação científica para alunas do Seet/Unicentro, bolsas de iniciação científica júnior para alunas dos colégios estaduais, bolsas para as professoras dos colégios, bolsa de pós-doutorado júnior, bolsa de apoio à difusão de conhecimento e também teremos um recurso de custeio para as atividades que serão realizadas no laboratório”.
Ações previstas
Ao longo dos 36 meses de duração do projeto, serão realizadas tanto ações individuais quanto coletivas. “As áreas STEM demandam um trabalho que é um trabalho prático de laboratório, pesquisa experimental, desenvolvimento de tecnologia, então a gente quer que essas meninas abordem os conceitos científicos de forma prática, convivendo desde o começo do projeto no ambiente dos grupos de pesquisa da Unicentro”, comentou Taiana.
As bolsistas terão acompanhamento de docentes da Unicentro e dos colégios estaduais, e trabalharão em laboratórios com tecnologias avançadas, em áreas como impressão 3D, nanotecnologia e química forense. “Além disso, o projeto busca integrar ciências exatas e estudos de gênero, com palestras, rodas de conversa e minicursos com o objetivo de combater preconceitos e criar ambientes mais inclusivos”, acrescentou a professora.
Por Giovani Ciquelero