Palestra discute a pesquisa de temas “sensíveis” e o conservadorismo

Palestra discute a pesquisa de temas “sensíveis” e o conservadorismo

O Laboratório Mulheres, Discursividades e Resistência da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) promoveu hoje (19) uma palestra sobre a produção de conhecimento e sua relação com o conservadorismo. Realizado no Auditório Denise Stoklos do Câmpus de Irati, o evento teve transmissão ao vivo para as demais unidades universitárias.

A palestrante convidada foi Melvina Afra Mendes Araújo, antropóloga e professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Segundo a docente, principalmente nos últimos anos, pesquisadores que trabalham com assuntos como as pautas LGBTQIA+, o feminismo, a descriminalização do aborto e o uso medicinal da Cannabis têm sofrido com a forte pressão dos movimentos conservadores, articulada tanto pela via política quanto judicial. No entanto, ela destaca que até mesmo temáticas que, teoricamente, não seriam motivo de controvérsia social, também se tornaram alvos dessa pressão.

“Agora em setembro, saiu a notícia da condenação de duas cientistas. São pesquisadoras de alto nível, com trabalhos sérios, que desmentiram uma pessoa que estava falando que diabetes é causada por vermes. Na sentença, a juíza aponta que o fato de elas terem desmentido isso publicamente deixou o nutricionista [autor da publicação] triste, mas não se pensa no número de pessoas que podem ter sido prejudicadas por isso”, ressalta a docente.

Melvina lembra da sua própria experiência, quando no ano passado, o livro “Religião e Conflito” teve a comercialização suspensa por decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo. Co-organizadora da obra, ela foi condenada ao pagamento de danos morais por causa de um dos capítulos, em que ela faz uma análise sobre um projeto de lei proposto pela bancada evangélica no Congresso Nacional a respeito do que eles tratam como infanticídio indígena. 

“Muitos pesquisadores estão sendo perseguidos por simplesmente demonstrar, anunciarem os resultados de pesquisas feitas com todos os parâmetros que a academia recomenda, nacional e internacionalmente”, afirma. 

“A ideia do evento é a gente poder problematizar não só essa temática de pesquisa, mas também outras, como violência, interrupção de gravidez e situações que discutimos no Laboratório e que se aplicam a diversos campos”, comenta a professora Kátia Alexsandra dos Santos, coordenadora do Laboratório Mulheres, Discursividades e Resistência. O grupo de pesquisa é vinculado ao Departamento de Psicologia (Depsi) e ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Comunitário (PPGDC).

 

Por Wyllian Correa


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