Professor da Unicentro participa de projeto na China sobre impacto das mudanças climáticas
Docente do Departamento de Geografia do Câmpus de Irati (Degeo/I) da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), Valdemir Antoneli foi um dos pesquisadores de diversos países que estiveram recentemente na China para investigar os impactos das mudanças climáticas e propor soluções na região das Montanhas Qilian, no noroeste do país. Localizada na província de Gansu e próxima ao Deserto de Gobi, a área rural da cidade Zhangye tem sofrido com a escassez de água, o avanço de zonas semiáridas e a degradação dos solos agrícolas e das pastagens nativas.
“As geleiras do topo das montanhas também estão derretendo com mais intensidade. O vale do Rio Amarelo, que é um rio extremamente importante da China, tem enfrentado problemas porque a maioria das nascentes dele é do derretimento desse gelo, então isso também é uma questão séria”, pontua o professor, que também é vice-chefe do Setor de Ciências Agrárias e Ambientais (SEAA/I) do Câmpus de Irati da Unicentro.
A convite da Academia de Conservação de Recursos Hídricos e Florestais das Montanhas Qillian, Valdemir foi à China para trabalhar com um grupo interdisciplinar formado por pesquisadores chineses e das universidades da Tessália (Grécia), de Extremadura (Espanha) e do Arizona (Estados Unidos). Como relata, foram cerca de um mês de atividades, tanto em Zanghye quanto em Pequim, entre 11 de agosto e 12 de setembro.
“O objetivo foi ir a campo para auxiliar nas coletas de dados e no planejamento de novas pesquisas. Nós trabalhamos com a elaboração de relatórios com as informações que eles já tinham, escrevemos seis artigos para divulgar esses dados em revistas científicas especializadas e, nos últimos dias, nós fizemos um plano de ação para dar continuidade a esse projeto nos próximos anos”, detalha.
Com experiência em temas relacionados à agricultura, como a degradação dos solos e questões hídricas, o professor da Unicentro comenta que o convite para ir à China se deve a preocupação do país em melhorar as condições ambientais das áreas rurais por meio da pesquisa científica. “Por exemplo, nas Montanhas Qiling, uma das coisas que eles têm é a pecuária extensiva. Lá eles criam o iaque [uma espécie de bovino de pelagem longa encontrado em todo o planalto do Tibet] e, principalmente, o carneiro. E o que está acontecendo? Eles começaram a perder produtividade”.
Segundo o pesquisador paranaense, um dos motivos é que os criadores da província de Gansu não fazem um controle das pastagens, como calcular o número de animais e o impacto ambiental que eles causam. “Se os animais compactam o solo, a hora que você vai ter uma chuva, vai diminuir a infiltração da água. Se diminui essa infiltração, ela aumenta o escoamento. Logo, isso amplia a erosão. Se aumenta a erosão, está aumentando a retirada de nutrientes do solo e, então, ele vai ficando cada vez mais pobre”, explica.
“Uma das primeiras ações que nós propusemos para eles foi fazer um rodízio de pastagem. Fazer áreas de contenção, de produção de sedimentos, para que não tenha muito fluxo de erosão”, complementa o geógrafo. Segundo ele, uma nova etapa do projeto deve ser realizada já no próximo ano.
Parceria com a Universidade de Tsinghua, de Pequim
Além do trabalho realizado em Zhangye, o vice-chefe do SEAA conta que a viagem permitiu uma aproximação maior com a Universidade de Tsinghua. De acordo com o docente, já estão em andamento as tratativas para oficializar um acordo de cooperação entre a Unicentro e a instituição de Pequim, uma das maiores universidades da Ásia. “A ideia é promover a mobilidade acadêmica. Que mais gente nossa possa ir pra lá, assim como eles possam vir pesquisar e estudar aqui no Brasil”.
Valdemir lembra que a ida dele à China também é fruto justamente de uma cooperação internacional firmada anteriomente pela Unicentro com a Universidade de Tessália, na Grécia. Desde 2016, ele integra um grupo pesquisa coordenado pelo professor grego Michail Vrachnakis, que atualmente também está à frente do projeto na China, junto com a pesquisadora Xiaofeng Ren, da Academia de Conservação de Recursos Hídricos e Florestais das Montanhas Qillian.