PET-Saúde promove oficinas para alunos do Ensino Médio e Fundamental em Rebouças
Depressão e ansiedade são problemas recorrentes não somente na vida adulta, mas também na infância e na adolescência. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), metade dos transtornos psicológicos apresentam os primeiros sinais aos 14 anos, apesar da maioria deles não serem diagnosticados nessa idade. Por isso, a promoção da saúde mental entre os jovens foi um dos objetivos das oficinas temáticas realizadas pelo Programa de Educação pelo Trabalho para Saúde (PET-Saúde) do câmpus Irati da Unicentro, ao longo do segundo semestre de 2022, com estudantes de uma escola pública do município de Rebouças.
A demanda veio do Serviço Ambulatório de Saúde Mental de Rebouças e foi atendida pelo eixo da assistência do PET-Saúde, que tem o professor Gustavo Zambenedetti como coordenador. As oficinas foram aplicadas com alunos do 8º e 9º ano do Ensino Fundamental e do 1º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Professor Júlio César. “Tem-se um mito de que os adolescentes não pensam sobre suicídio ou não tem problemas de saúde mental, mas diversas questões também são enfrentadas nesse período. Diante disso, pensamos em uma proposta mais interativa com os adolescentes, em uma linguagem mais próxima a deles ao invés de trabalhar com palestras”, afirma o coordenador.
As oficinas aconteceram em dois ciclos. O primeiro trabalhou a prevenção ao suicídio e saúde mental. O professor Gustavo explica que, ao final dos primeiros encontros, os estudantes preencheram fichas de avaliação com sugestões de temas para o segundo ciclo. “Surgiram temas de prevenção de ISTs [infecções sexualmente transmissíveis] e HIV, sexualidade, questões sobre o álcool e outras drogas, relações interpessoais e bullying. Os alunos do PET fizeram esse levantamento e, a partir dele, foram definindo a próxima discussão de cada turma”.
Nathany Santana Braga, bolsista do PET-Saúde, participou do desenvolvimento e execução das atividades. Apesar do preparo teórico para cada encontro, a aluna de Psicologia afirma que foi necessário repensar a metodologia após o primeiro contato com os adolescentes. “Quando tivemos a primeira experiência, deu certo porque alguns alunos participaram bastante, mas, queríamos que a discussão alcançasse a todos. Com isso em mente, na segunda turma, fizemos uma estrutura diferente: tiramos eles da sala de aula, levamos para a quadra e fizemos uma grande roda de conversa”, conta a acadêmica.
Através dessa aproximação, os alunos do PET puderam perceber quais temáticas mereciam maior atenção em cada turma. “Para além das fichas de avaliação, tivemos sensibilidade de olhar para as salas de aula e entender o que acontecia na sala enquanto fazíamos a oficina. Uma delas era uma turma que discutia bastante, então, elaboramos uma oficina para trabalhar a questão da empatia, mas além daquilo do senso comum, não só se colocar no lugar do outro, mas estar ao lado dele”, comenta Nathany.
Para o psicólogo Daniel Nazar, um dos preceptores do programa, essa participação ativa dos acadêmicos é importante para a formação e amadurecimento profissional. “No momento em que eles vão a campo, o protagonismo é deles. A gente fica ali como um suporte, vamos com eles até as escolas para orientar caso surja alguma dúvida, mas o protagonismo é dos petianos, deixando-os livres para que, de certa forma, errem e acertem, porque isso faz parte do serviço”, salienta o psicólogo. As oficinas, como destaca o coordenador do eixo da assistência, também fazem parte de um movimento de reorientação dos serviços em saúde no país. “A formação em saúde no Brasil era muito focada no âmbito hospitalar, com foco mais curativo. Já as novas diretrizes, a partir dos anos 2000, vem colocando a necessidade de redirecionar a formação com foco maior nos serviços de prevenção e promoção em saúde. E o PET busca efetivar isso através de suas ações”, conclui Gustavo.