Seminário de Agroecologia discute a inclusão das hortas públicas na agenda pública
“Hortas Urbanas e Segurança Alimentar na Agenda Pública”. Esse foi o tema do 4º Seminário de Agroecologia realizado no Campus Cedeteg e integrante da programação do Encontro Internacional de Educação Ambiental e Mudança Climática: da reflexão à ação. O debate foi organizado pela Incubadora Social da Unicentro em parceria com o projeto de extensão Feira Agroecológica e com o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná. A principal motivação do seminário, segundo o agente universitário Anderson Roik, a união de forças entre universidade e sociedade civil organizada para o desenvolvimento de estratégias para a produção de alimentos em ambiente urbano como forma de combater a fome, que tem crescido entre a população brasileira nos últimos anos, em especial desde o início da pandemia de Covid-19. Além disso, explica, a prática também possibilita a geração de renda para populações em vulnerabilidade social.
“Esse evento”, salienta Anderson, “demonstra a preocupação que a universidade tem com esse contexto em que ela está inserida. A gente vive em uma região que se denomina corredor da pobreza, considerada socialmente crítica. Então, a gente tem pessoas que vivem em insegurança alimentar. Por isso, as hortas urbanas podem contribuir para a reversão desse processo. Existem diversos bairros em situação de vulnerabilidade social em Guarapuava e a gente começou a ver iniciativas surgindo. Então, chegaram algumas demandas de apoio para hortas aqui para nós na Unicentro, na Incubadora Social. A gente foi se aproximando dos grupos, conhecendo mais a realidade e a gente viu que esse é um projeto que tem grande chance de dar certo aqui no município”, afirma o organizador.
Para ajudar no planejamento de ações que estimulem a implantação de hortas urbanas no município de Guarapuava, o Seminário de Agroecologia convidou Casturina Aparecida da Rosa e Odete da Silva Pires, que são as responsáveis pela primeira horta urbana de Guarapuava, localizada no Bairro Industrial; e o professor Ednaldo Michellon, que é coordenador do Centro de Agricultura Urbana e Periurbana da Universidade Estadual de Maringá. Ednaldo conta que as hortas urbanas foram uma das estratégias do programa Fome Zero, que foi implantado no ano de 2003 com o objetivo de combater a fome no Brasil. A ideia, porém, ganhou adeptos em todo o mundo. “Em 2007, a humanidade passou a ter mais de 50% dos homens na zona urbana e, então, cresce a fome. Tem muitos terrenos que a cidade pode utilizar para as pessoas, primeiro, terem segurança alimentar e nutricional, para produzir a sua comida. Mas, em países mais desenvolvidos, tipo a Suécia, o pessoal faz por saúde, por lazer”, relata.
Nesse momento, em que a fome volta a ser um problema social no país, as hortas urbanas voltam a ser uma alternativa para elevar o nível de segurança alimentar da população. E a Unicentro está atenta a esse movimento e, de acordo com o diretor do câmpus Cedeteg, professor Ricardo Miyahara, disposta a colaborar no processo de implementação em Guarapuava. “É importante discutir o tema hortas urbanas aqui na nossa universidade, porque elas reduzem, por exemplo, riscos de inundações, dão fim em terrenos que não são produtivos ou terrenos baldios e, com isso, pode gerar ganhos financeiros para as pessoas”, pondera o docente.
Um dos participantes do seminário, o engenheiro agrônomo Marcos Fernandes Sebben, que atua no programa Paraná + Orgânico, avalia positivamente a iniciativa. “Vivemos num momento em que a população tem crescido muito e, cada vez mais, há uma maior necessidade de produção de alimentos. Por outro lado, tem muitos espaços nas zonas urbanas que são subutilizados e ter essa possibilidade de produzir os alimentos próximo do consumidor, principalmente alimentos com período de vida útil curto, como as hortaliças, acho que favorece, tanto chegar o alimento no consumidor final, como também um alimento de qualidade”.