Chefe da Casa Civil do Paraná conhece, em Guarapuava, Instituto de Pesquisa para o Câncer
A articulação para a formalização do Vale do Genoma, em Guarapuava, caminha a passos largos. O projeto é encabeçado pelo Instituto de Pesquisa para o Câncer e, como explica o médico David Livingstone Figueiredo, presidente do Ipec e coordenador do curso de Medicina da Unicentro, é um polo de iniciativas voltadas à genética, contemplando as áreas de saúde, agricultura e agropecuária. O professor destaca que o projeto seguirá um modelo de coopetição, que une cooperação e competição no intuito de desenvolver soluções inovadoras.
“O Vale do Genoma é um ecossistema de inovação inédito no Brasil, que vai agregar desde a pesquisa básica até o produto final no mercado. É um sistema em que tanto poder público quanto privado vão cooperar na produção e na geração de conhecimento, que vai gerar recursos e, ao mesmo tempo, nós vamos competir. Competir entre nós de uma maneira diferente do que acontece no Silicon Valley, competir com outros ecossistemas. A grande diferença é a celeridade. Nós vamos ter uma celeridade realmente presente e, o segundo aspecto, é que o potencial de gerar uma nova plataforma de recursos para Guarapuava é enorme. Isso vai mudar o perfil econômico da cidade”, explica David.
O superintendente de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná, Aldo Nelson Bona, afirma que a expectativa é de que o Vale do Genoma seja um grande vetor de continuidade do processo de transformação de Guarapuava e toda região em um grande centro de inovação. Para ele, o projeto deve configurar um importante espaço de surgimento de empresas e produtos que possam, além de melhor atender a saúde da população, também gerar emprego e renda.
“Para tudo isso”, explana Bona, “um conjunto, um cenário de instituições estão somando esforços. Fizemos a criação de uma Rede Genômica aproveitando o investimento feito aqui, um investimento privado feito no Instituto de Pesquisa para o Câncer. Nós conseguimos, com ação da Superintendência de Ciência e Tecnologia atrair mais de 200 pesquisadores, 17 universidades que formam uma rede robusta, um capital intelectual importante que se soma ao capital de infraestrutura física existente. Nós acreditamos que o governo do estado, com os investimentos que está fazendo, o governo do município junto com a iniciativa privada e com essas 17 universidades, tendo o protagonismo da Unicentro, nós teremos aqui a tríplice hélice funcionando em um grande sistema de inovação”.
O projeto Vale do Genoma foi apresentado ao secretário-chefe da Casa Civil do Paraná, Guto Silva, e à lideranças políticas da região que estiveram no Instituto de Pesquisa para o Câncer. No encontro, o professor David também reitera os resultados já obtidos pelo trabalho. que vem sendo desenvolvido pelo Ipec em associação com a Rede de Estudos Genômicos do Paraná, voltado ao sequenciamento do novo coronavírus. “Do vírus, nós achamos dados muito interessantes – a cepa inglesa circulando no Paraná; a cepa P2 circulando aqui desde outubro; algumas taxas significativas de coinfecção, paciente com mais que uma cepa”, diz.
A proposta, como destaca o professor, é ir além das pesquisas. “O que a gente está propondo para o estado é fazer não só pesquisa. Nós temos uma estrutura para fazer algo que ninguém no Brasil fez de maneira séria – o sequenciamento para rastreamento epidemiológico para a gente saber quais são os vírus circulando realmente, quais são as cepas. Isso tem impacto em terapêutica, em resposta à vacina, em taxa de contágio. Então, essa é a proposta e nós temos estrutura para isso”.
O chefe da Casa Civil, Guto Silva, ressalta a importância dos avanços na pesquisa para todo o estado. “O Projeto Genoma de Guarapuava já recebeu recursos do Estado, quase 400 mil reais para a estruturação no início desse processo. Agora, precisamos captar mais recursos poder colocar o Paraná na vanguarda, com o maior número de sequenciamento genético, o que seria um instrumento muito forte para combater, para antecipar o acompanhamento de quais cepas estão no Paraná, verificar se as vacinas estão efetivas, verificar se tem que tomar medidas restritivas”, discorre.
O reitor da Unicentro, professor Fábio Hernandes, reforça que o trabalho da universidade em união com os demais envolvidos no projeto deve alavancar resultados que beneficiarão a comunidade paranaense. “A Unicentro, junto com os parceiros, vai fazer a diferença aqui na nossa cidade, na nossa região. Nossa região vai se desenvolver muito mais a partir do Vale de Genoma, porque é uma união de muitos atores que, com certeza, vão desenvolver a pesquisa na área de saúde”, encerra.