Clínica de Fisioterapia inicia atendimento a pacientes de covid-19 após alta hospitalar
Um dos 89 pacientes que tiveram a confirmação do contágio pelo coronavírus em Guarapuava foi o senhor Lori Biscaia de Miranda. O carpinteiro, de 76 anos, disse que, desde o início da pandemia, em meados de março, aderiu a quarenta. Ele conta que só saiu de casa uma vez, em oito de abril, para receber a aposentadoria. Mas, coincidentemente, na mesma data, ao chegar em casa, teve os primeiros sintomas. Foi tudo muito rápido. Primeiro, as narinas fecharam e ele teve que respirar pela boca. “Fui ligar para os filhos, não podia falar”, explica.
Foram 30 dias em isolamento domiciliar, com monitoramento constante de médicos e enfermeiros por telefone, até que todos os sintomas – boca seca, ausência de paladar, falta de ar e febre – fossem embora. Ainda agora, ele cansa fácil ao realizar atividades simples, do dia a dia. Por isso, ele é um dos pacientes que, depois da alta hospitalar, foram encaminhados pelos serviços médicos públicos de Guarapuava para a Clínica Escola de Fisioterapia da Unicentro. Isso porque a universidade, em parceria com a Superintendência de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná (Seti), deu início a atendimentos que tem como objetivo a reabilitação respiratória desses pacientes.
“O projeto é importante pois permite conhecer a condição respiratória e funcional de indivíduos acometidos pela covid-19, que é uma doença nova com muitas condições desconhecidas”, explica a coordenadora da Clínica Escola de Fisioterapia, professora Christiane Riedi Daniel. “Serão atendidos pacientes pós-covid com indicação para reabilitação pulmonar, e entre essas indicações a gente tem a diminuição da força muscular respiratória e da força muscular global, diminuição da funcionalidade, fadiga e falta de ar para realização de atividades de vida diárias, atividades simples”, complementa.
Os atendimentos começaram no início do mês de junho. Primeiro, segundo Christiane, foram estabelecidos contatos telefônicos com os recuperados de covid-19 e, depois, tiveram início as avaliações de forma presencial. “Dos pacientes avaliados, dois possuem indicação de reabilitação”, conta a docente. Ambos estão sendo atendidos na Clínica Escola de Fisioterapia da Unicentro por professores e estudantes do curso, que estão atuando de maneira voluntária. Uma das alunas envolvidas no projeto é a Jhessica Karolayne Volochen Xistiuk, que curso o quarto ano.
“A participação nesse projeto é uma oportunidade única que, com certeza, vai agregar muito em minha formação acadêmica. Esse projeto me permitiu, mesmo como aluna, fazer parte da contingência do município contra a covid-19. É algo muito inovador, que nós os superamos a cada dia, aprendendo coisas novas. Tanto a avaliação quanto a reabilitação são essenciais para esses pacientes, mesmo os curados, pois sendo um vírus totalmente novo, precisamos investigar os sintomas, por quanto tempo eles duram e, sempre, estar monitorando esses pacientes. Já na reabilitação vamos prezar pela melhora do quadro clínico específico de cada paciente e suas queixas principais”, finaliza.