Cidades numa perspectiva de equidade de gênero em debate na Unicentro
Discutir a construção de uma cidade sob a perspectiva da equidade de gênero e estabelecer proposições concretas e conjuntas acerca do tema. Foram esses alguns dos objetivos do 1º Encontro de Cidades com Perspectiva de Equidade de Gêneros. Evento sediado pela Unicentro e que ocorreu simultaneamente ao Conversas Latinas em Comunicação, que nesse ano está em sua 3ª edição e tem como tema a “Comunicação numa perspectiva de igualdade de gênero”. Os eventos foram realizados pelo grupo de pesquisa Conversas Latinas em Comunicação, pelo Projeto de Extensão Florescer e pela Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres e têm como coordenadora-geral das atividades, a professora Ariane Pereira, do Departamento de Comunicação Social da Unicentro.
“Tanto o Encontro de Equidade quanto o CLC fazem parte da campanha ‘16 dias de ativismo pelo fim da violência de gênero’ e propõe uma reflexão de como o Brasil e outros países do continente têm atuado para promover políticas públicas de equidade entre homens e mulheres e em diferentes perspectivas – a educação, a política, o combate à violência contra mulher, enfim, uma série de olhares que precisam ser feitos sempre com a perspectiva da equidade”, afirma.
Os eventos, de acordo com a professora Ariane, reuniram estudantes, professores, pessoas da comunidade de Guarapuava e região, membros das redes de combate à violência contra mulheres e gestores de secretarias ou de diretorias de políticas públicas para mulheres de cidades do estado. “Essa participação é importante para que a gente possa, efetivamente, começar a olhar para os nossos lugares com equidade. Ou seja, o que a gente tem feito para promover uma sociedade que possa acolher a mulher do mesmo jeito que o homem é acolhido, para que a gente tenha, então, essa equidade?”, questiona.
O tema da equidade norteou as discussões durante as palestras, mesas-redondas e relatos de experiência que integraram a programação dos dois dias de evento. A palestra de abertura, por exemplo, foi proferida pela pesquisadora e membro do Conselho Nacional de Educação Superior do Paraguai, Gladys Britez, e abordou as “Políticas Públicas e ações de promoção de equidade de gênero na educação paraguaia”. “Trago um conjunto de políticas aplicadas no Paraguai sobre o tema equidade de gênero, e o que se tem sobre educação nos três níveis: escolar básica, nível médio e nível superior. É um tema tratado em nível mundial, as organizações de direitos humanos estão propiciando e protegendo este tema e o Paraguai não pode ficar de fora”, comenta.
Outra atividade foi a mesa-redonda formada pelas gestoras municipais de políticas públicas para mulheres. A tônica das discussões foram as perspectivas para as políticas públicas para mulheres no cenário de mudanças em nível estadual e nacional que se anunciam. Além disso, as gestoras buscaram pensar as possibilidades de ações conjuntas e efetivas de enfrentamento, no sentido de garantir que nenhum dos direitos conquistados até agora, no que diz respeito a equidade, seja perdido.
Nesse sentido, a secretária da Mulher e Assuntos da Família da Prefeitura de Apucarana, Denise Canezin, destacou a importância do evento como espaço para troca de experiência. “Isso reflete positivamente sempre porque nós temos muitos desafios, E quando a gente se depara com outras gestoras, que trazem também desafios, isso nos fortalece já que elas também trazem as experiências delas e isso os ajuda. Essa interação entre as gestoras nos dá segurança porque elas conhecem a nossa realidade, nós as conhecemos também. Então, esse encontro ele nos traz muita esperança de que a gente possa, realmente, conseguir avanços agora para o próximo governo”, avalia.
A secretária Municipal de Políticas Públicas para as Mulheres de Guarapuava, Priscila Schran de Lima, também falou da importância do evento para a articulação de ações conjuntas entre as universidades e a sociedade para fortalecer os serviços e as políticas públicas comprometidos a gerar oportunidades equânimes entre homens e mulheres. “A partir desse encontro, a gente consegue ter as referências de outros países, que têm formas diferentes de se organizar, que estão mais avançados do que nós em alguns pontos, algumas coisas que a gente também pode sugerir para eles, como que a gente pode avançar também e, principalmente, a gente conseguir fazer a reunião das gestoras de políticas públicas para as mulheres que têm uma grande missão. Eu acredito que o principal resultado disso aqui, desse encontro, o principal reflexo será a consolidação e o debate de políticas públicas com os novos governos”.
O evento também abriu espaço para as apresentações de resultados de pesquisas científicas. Um dos trabalhos apresentados foi o da Walquíria de Lima, integrante do projeto de extensão Florescer, que tem como título “Fotografia e Identidade: as mulheres suábias em Entre Rios”. A pesquisa, de acordo com a jornalista, apresenta um pouco da interface das mulheres no contexto da imigração e da colonização suábia em Entre Rios e da construção da identidade dessas mulheres no povoado. Para ela, apresentar um trabalho em eventos como esse é uma oportunidade para divulgar os trabalhos que vêm sendo feitos dentro da universidade. “Eu acho que é muito importante ter um evento dedicado a isso. A gente vê muitas pesquisas dentro da Universidade falando sobre isso, e ter esses outros olhares de pessoas que vêm de fora, de outros países enriquece muito aquilo que a gente está fazendo aqui também, valoriza muito os nossos trabalhos”.
Para a assistente social Elen Silva de Lima, a participação no evento é uma oportunidade para trocar informações que podem beneficiar as ações desenvolvidas na cidade. “Eu vejo o evento com algo importante para Guarapuava porque somando as forças de todos os trabalhos que são feitos aqui na cidade, em relação ao gênero, esse encontro vem para somar. Então, eu resolvi participar por conta de agregar conhecimentos e poder ver as experiências dos outros países, das gestoras”, conta.
Os resultados obtidos a partir das discussões durante o evento, de acordo com a vereadora Terezinha Daiprai, que participou dos debates, devem refletir positivamente na cidade. “A troca de experiência nessa perspectiva da equidade de gênero, ou seja, de trabalhar a perspectiva de que homens e mulheres são iguais em direitos ela é sempre rica. As políticas ou a preocupação da luta das mulheres estão presente em todos os países e a América Latina tem uma história sobre isso. Então, ao trazer esse evento para Guarapuava, a cidade só tem a ganhar”.