Unicentro e Tecpar firmam parceria para a produção de nanomedicamentos
A Unicentro é uma universidade pública, gratuita e de qualidade. Além da formação acadêmica, suas ações visam o desenvolvimento de pesquisas e o estabelecimento de vínculos com a comunidade através da extensão. Cumprindo seu papel em todas essas áreas, a Unicentro recebeu, nesta quinta-feira, 26, o presidente do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), Júlio Cesar Felix. “Nós programamos o dia de hoje para que o Tecpar, na figura do seu presidente e do pessoal que trabalha na transferência de tecnologia, pudesse vir nos conhecer melhor, conhecer o ambiente universitário, a cidade, fazer uma interlocução com a gestão municipal, no sentido de ver quais são os próximos passos que precisamos dar para a concretização dessas parcerias. É disso que estamos tratando, uma ideia de ter o Tecpar aqui em Guarapuava”, afirma o reitor da Unicentro, professor Aldo Nelson Bona.
O Tecpar é uma instituição científica e tecnológica que atua, entre outras, na área da saúde e tem como um de seus focos o desenvolvimento e a produção de medicamentos estratégicos para a saúde pública brasileira, o apoio ao desenvolvimento tecnológico e o empreendedorismo inovador. “Nós temos uma relação muito grande com as universidades de maneira geral, e a importância da Unicentro nos chamou a atenção, principalmente, na área que ela está trabalhando que é de interesse direto das estratégias do Tecpar que é a saúde pública, em especial o tratamento de câncer. Então, nós estamos unindo as equipes da Unicentro com equipes do Tecpar e da Universidade Estadual Fluminense (UFF) para, realmente, trazer ao cidadão brasileiro o melhor tratamento num dos cânceres mais terríveis que nos assola”, explica Júlio Cesar Felix.
Essa parceria foi possibilitada a partir de dois estudos distintos. Um deles, desenvolvido na UFF, objetiva a utilização do álcool perílico – que é um óleo extraído a partir de frutas cítricas – no tratamento do câncer cerebral. Já o segundo, realizado na Unicentro, trata do desenvolvimento de nanomedicamentos. “A pesquisa que levou a produção deste álcool perílico e à descoberta do seu sucesso no tratamento do câncer, e também a pesquisa do pedido de patente dos professores do Departamento de Farmácia da Unicentro, Najeh Maissar Khalil e Rubiana Mainardes, nessa questão da nanotecnologia na produção de medicamentos se somaram”, reitera o professor Aldo Bona.
Os nanomedicamentos para o tratamento do câncer cerebral serão desenvolvidos e produzidos em pequena escala, inicialmente, na Unicentro. Depois, com o apoio do Tecpar passarão a etapa de produção em escala industrial. “A gente está produzindo em escala laboratorial, para iniciar os estudos pré-clínicos, que são os estudos com animais. Posteriormente, caso a gente obtenha todos os resultados esperados, os ensaios poderão ser realizados em humanos portadores da doença. Então, só após a comprovação da eficácia e da ausência de toxicidade é que esses novos medicamentos poderão ser aprovados para comercialização”, explica a professora Rubiana Mara Mainardes, coordenadora do Laboratório de Nanotecnologia Farmacêutica da Unicentro.
Uma das principais vantagens dos nanomedicamentos em relação aos remédios tradicionais é a distribuição no organismo. “Os antitumorais convencionais, que são comercializados hoje, alcançam as células tumorais, têm eficácia, mas também têm efeitos nas células normais. Por isso, são observados diversos efeitos adversos, já que eles não são seletivos e atingem todos os tecidos, não só os tumorais. Já as nanoformulações têm a vantagem de apresentarem uma seletividade maior para o tecido tumoral, em especial, essa formulação que estamos desenvolvendo, ela tem um direcionamento para o tecido cerebral”, explica a pesquisadora.
A parceria Unicentro-Tecpar-UFF é encarada com otimismo por todos os envolvidos no processo. “Para a Novatec (Agência de Inovação Tecnológica da Unicentro) é uma oportunidade de parceria com a indústria, de aquilo que é desenvolvido na Universidade até a sociedade. É um meio de a gente conseguir contribuir com tratamentos de saúde, com a vida das pessoas”, exalta a diretora da Divisão de Propriedade Intelectual da Novatec, Cláudia Crisóstimo.
Essa possibilidade de oferecer mais qualidade de vida para os pacientes de câncer durante o tratamento também é ressaltada pelo reitor da Unicentro. “O Tecpar tem a expertise, a vivência, a experiência e os caminhos para fazer com que o que se produz no meio acadêmico se converta em benefício para a sociedade. O nosso carro-chefe, nesse momento inicial, é a possibilidade de termos uma unidade de produção de medicamentos para o tratamento do câncer em medicamentos de escala nanotecnológica. Então, sem dúvida nenhuma, é algo bastante revolucionário”, finaliza o professor Aldo.