Aduana do Chile visita a Unicentro para conhecer projeto de transformação de bebidas em álcool-gel
Um projeto pioneiro no Brasil. Desde 2009, a Unicentro transforma as bebidas apreendidas pela Receita Federal em álcool-gel, álcool para limpeza e álcool-combustível. Reconhecido como exemplo de inovação no território nacional, o projeto também está ganhando visibilidade internacional. Prova disso é a visita de uma comitiva da Aduana do Chile à Universidade para conhecer esse trabalho de perto.
A equipe chilena, primeiro, contatou a Receita Federal brasileira. O objetivo era trocar experiências sobre os processos de destinação de mercadorias apreendidas, sobretudo as práticas ambientalmente corretas adotadas pelo Brasil. Foi aí que, segundo o reitor da Unicentro, professor Aldo Nelson Bona, a Universidade foi citada. Afinal, o projeto de transformação de bebidas surgiu a partir der uma demanda da Receita Federal, que não sabia o que fazer com as bebidas apreendidas. “O delegado da Receita de Ponta Grossa, Gustavo Horn solicitou que agendássemos uma visita, aqui na Unicentro, para que os chilenos pudessem conhecer o processo de destinação das bebidas apreendidas”.
Segundo o delegado titular da Receita Federal em Ponta Grossa, Gustavo Luis Horn, a agenda da comitiva chilena teve início em Foz do Iguaçu, onde conheceram as estruturas da Aduana brasileira. De lá seguiram para Guarapuava, onde foi realizada a visita técnica à Unicentro. “O que nós temos de mais avançado no Brasil nesse âmbito é o que fazemos aqui no estado do Paraná, aqui em Guarapuava. Então, essa visita deve facilitar bastante aos nossos colegas do Chile para que eles também possam fazer a destinação ambientalmente correta das suas apreensões”, esclareceu.
Na Unicentro, os chilenos foram recebidos, no Campus Santa Cruz, pela reitoria e pela coordenação do projeto. A Universidade aproveitou a oportunidade para apresentar suas estruturas e o histórico da parceria com a Receita Federal e da transformação de bebidas apreendidas em álcool-gel. Além disso, os integrantes da comitiva chilena puderam tirar dúvidas quanto ao funcionamento das atividades. “É interessante para nós essa aliança público-privada. Estamos vendo como é o desenvolvimento e o compromisso social que a universidade tem. Acredito que é uma oportunidade que se abre no sentido de replicar essa boa prática. Acredito que a inovação, o trabalho, o maior capital está na cabeça da pessoa, podemos desenvolver muitas coisas e temos que aproveitar essa ideia, esse bom caminho, essa boa prática”, avalia Pedro Olivares, que integrou a comitiva.
Depois da reunião, todos seguiram para o Campus Cedeteg onde está instalado o laboratório de transformação. Os equipamentos, projetados pelos próprios pesquisadores da Unicentro, possibilitam que as apreensões das delegacias regionais da Receita Federal no Paraná, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina tenham nova destinação. No laboratório, a partir de diferentes tipos de bebidas alcoólicas, são produzidos álcool para a limpeza da Universidade, álcool combustível – que abastece parte da frota de veículos da instituição – e álcool-gel – que é destinado a entidades sociais e órgãos públicos, como escolas estaduais e municipais.
Neste ano, a produção de álcool-gel deve chegar a duas toneladas e meia. Número que, segundo o coordenador-geral do projeto, professor Vitor Hugo Zanette, reflete o sucesso da parceria Unicentro-Receita Federal. “Ficamos felizes de receber essa delegação da aduana chilena para visitar aquilo que nós já fazemos há um bom tempo. Isso demonstra de que aquilo que foi uma ideia inicial junto à Receita Federal, de tentar transformar um problema que a Receita tinha numa solução, se viabilizou no âmbito da Universidade, extrapolou não só a nossa região, o estado do Paraná ou o país e, agora, chega aos ouvidos da delegação chilena que veio aprender ou verificar com a gente aquilo que está sendo desenvolvido”.
A ideia de implantar um projeto similar no Chile animou Julieta Cabrera, agente do Serviço de Aduanas, que também visitou a Unicentro. Para ela, um projeto como este traria impactos positivos para o país. “O impacto no país tem muito a ver com permitir ao serviço da aduana reduzir os custos de armazenamento de mercadoria e, com isso, também utilizar essa mercadoria para fins que sejam públicos, em colaboração com as instituições beneficiadas. Há uma série de benefícios sociais, tanto para a comunidade que está perto como também para instituições, colégios, instituições públicas”, defende.
A visita permitiu, ainda, que seja vislumbrada a possibilidade de estabelecer parcerias e convênios com universidades chilenas. Para o reitor da Unicentro, essa abertura representa um ganho institucional significativo. “Pudemos perceber, pelo interesse de toda a equipe aqui, que eles querem levar essa experiência da Unicentro para outras universidades chilenas que possam, eventualmente, também aprender com esta experiência. Então, é uma satisfação muito grande nós podermos nos colocar à disposição para cooperar, para ajudar a construir soluções adequadas para problemas em outros países também”, finaliza.