Seminário incentiva a produção agroecológica na região centro-sul do estado
Agroecologia significa reestabelecer um relacionamento saudável entre produção e consumo de alimentos. É uma espécie de relação ganha-ganha do homem com o meio ambiente. Os adeptos dessa linha têm aumentado nos últimos anos e, por isso, também é crescente a busca por alimentos orgânicos, produzidos livres de agrotóxicos. Aqui na Unicentro, há nove anos, a Feira Agroecológica é uma iniciativa que incentiva esse tipo de produção e de consumo.
E para fortalecer a agroecologia na região centro-sul do Paraná o NEA (Núcleo de Estudos em Agroecologia) e a Articulação Regional de Agroecologia (ARA) realizaram seminário destinado, exclusivamente, a discussão do tema. As atividades possibilitaram, segundo o professor e coordenador do evento, Jorge Fávaro, aproximar ainda mais a Universidade dos produtores agroecológicos e de suas tradições de cultivo. “Hoje, são poucos produtores resistindo ao uso de agrotóxicos. Porém, por outro lado, há uma demanda da população por alimentos sem veneno, limpos, não-industrializados. Então, Esse seminário dá um ponta pé numa discussão ligada à questões sociais, políticas, partidárias, e de desenvolvimento”.
As experiências em produção agroecológica foram o ponto central dos debates. A dona Neuraci Moreira, por exemplo, é produtora agroecológica há 12 anos. Ela relatou como foi o processo de transição do cultivo com agrotóxicos para a produção cem por centro livre de venenos agrícolas. “Você vai ter que ter cuidado com a terra, porque ela está intoxicada. Aí, você tem que ir tratando dela, para que daí ela produza agroecológico. E isso leva um tempo, de um ano e meio para dois anos. Para que não esteja contaminada com nada, dois anos. Hoje, a nossa unidade de produção é toda convertida, ela é agroecológica. A gente faz o máximo para a gente viver a agroecologia”.
O estilo de vida agroecológico também fez parte da programação do Seminário, que contou com uma feira de sementes crioulas, que são aquelas que não passaram por nenhum tipo de mutação genética. O propósito era que os produtores pudessem trocar as sementes entre eles, além de fornecer parte delas para o banco de sementes do NEA.
Segundo Maressa Rickli, que é bolsista do projeto e responsável pelo banco de sementes, hoje, as sementes crioulas são difíceis de serem encontradas e, por isso, o processo de multiplicação requer cuidados. “Para multiplicar a semente crioula, você tem que ter um certo cuidado, para não ocorrer fecundação com outras plantas que por ventura sejam transgênicas, ou modificadas”.
O Seminário de Agroecologia contou ainda com apresentações culturais e com palestra sobre os princípios e os desafios da produção agroecológica na atualidade. O palestrante, Valdemar Arl, afirma que a união entre Universidade e produtores é necessária para cumprir com os objetivos da agroecologia. “A questão central dessa discussão é a produção de alimentos, e não só a produção de alimentos, mas sim a produção de alimentos de verdade, alimentos de qualidade. Acho que o conhecimento e aqui está a importância da Universidade, do centro de pesquisa, do conhecimento acadêmico interagindo mais forte com o conhecimento tradicional nessa busca. É possível sim você estabelecer uma relação positiva no meio e produzir alimentos saudáveis”