Olhar humanizado para doença falciforme é defendido em atividade da Siepe
De acordo com o Ministério da Saúde, a Doença Falciforme é uma das enfermidades genéticas e hereditárias mais comuns no Brasil. Apesar disso, as informações sobre ela ainda são pouco divulgadas. Por isso, uma das atividades que integrou que a Siepe (Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão) deste ano, foi a palestra “O cuidado para a pessoa com Doença Falciforme”, proferida pela presidente da Associação das Pessoas com Doença Falciforme do Paraná, Simone Bruna de Oliveira.
“A Doença Falciforme é uma doença genética que vem da população negra. Hoje em dia ela é bem miscigenada porque é transmitida de pais para filhos. Trata-se de uma hemoglobinopatia, que causa má formação nas células vermelhas do sangue, que são as células que oxigenam o nosso corpo”, explica. De acordo com a palestrante, a doença se manifesta por meio da perda da função de órgãos, crises dolorosas e infecções. “É uma doença bem grave que deve ser acompanhada de perto pelo profissional, seja médico clínico-geral ou hematologista. É uma doença crônica e degenerativa”.
Atualmente, a doença pode ser identificada logo nos primeiros dias de vida, por meio do teste do pezinho. Uma vez diagnosticada, o paciente deve ter acompanhamento constante de um médico. A cura pode acontecer se o paciente for submetido ao transplante de medula óssea, mas essa intervenção só é realizada em casos específicos, quando o doente já não está respondendo a nenhum outro tratamento. Para controlar os sintomas, o paciente é deve tomar alguns cuidados. “Primeiro, conhecer a doença. Se você conhecer e souber lidar com ela, você vai evitar crises e coisas piores lá na frente. Então, se proteger do frio, da desidratação, adotar uma alimentação saudável, evitar cigarros e bebidas alcoólicas, que desidratam, e beber muita água”, detalha Simone.
A palestra foi realizada no campus Cedeteg e reuniu acadêmicos, professores e profissionais da área da saúde. Marely Iagla, por exemplo, é estudante do segundo ano do curso de Farmácia e acredita que a visão de profissionais de outras áreas ajuda a compreender a doença de maneira mais ampla. “Acaba despertando alguma coisa nova. No nosso curso pesquisamos novos fármacos. Então, seria uma oportunidade de ver essa doença de um ângulo diferente. Eu gostaria de ver essas opiniões diversas para incorporar no conhecimento que a gente já tem”, disse.
Outra participante é a egressa de enfermagem Francine Meira. Ela está em busca de atualização do conhecimento que já tem sobre a doença para, assim, prestar atendimento qualificado aos pacientes. “A doença falciforme é uma coisa que, hoje em dia, é muito importante estar se atualizando. Então, como profissional da saúde, a gente não pode parar, não pode ficar estagnado. Quanto mais você aperfeiçoa, quanto mais você sabe, melhor você vai prestar assistência para o teu paciente”, destaca.
O coordenador da Siepe, professor Clayton Silva, acredita que essa troca de conhecimentos entre áreas é o que faz do evento, efetivamente, um espaço integrador. “Promove um entendimento daquilo que não é só a doença, mas a importância de um enquadramento social de mecanismos e formas de proteção às pessoas que têm esse problema no seu cotidiano”, acrescenta.
A palestrante, Simone Bruna, afirma que, embora o Brasil registre 3.000 novos casos de doença falciforme por ano, a doença é vista com maus olhos pela sociedade, o que provoca muita invisibilidade. “O paciente se sente muito fragilizado. Então, os profissionais têm que saber lidar, têm que saber olhar o lado humano antes da doença. É isso que a gente luta para conseguir”, ressalta Simone.