Exposição “Ato de Olhar” revela a beleza de cenas do cotidiano
Compartilhar imagens de experiências reais. Essa é uma das frases de apresentação da exposição fotográfica “Ato de Olhar”, que pode ser vista até o dia 31, no hall de entrada do Prédio do PDE, no campus Irati. O autor, professor Marcio Fernandes, do Departamento de Comunicação Social da Unicentro, esteve no campus durante a Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão (Siepe), para um bate-papo sobre fotografia.
De acordo com o docente, a noção de aceleração do tempo na vida contemporânea é muito presente. Ele afirma que, cotidianamente, nos queixamos de que não temos tempo para várias atividades e a ideia da exposição é, justamente, ir em contraponto a este pensamento. “O que o mundo contemporâneo está fazendo conosco? As vezes, nos esforçamos tanto para estar em um lugar que quando chegamos lá ficamos 15 segundos, e nesse tempo fazemos uma selfie, e não apreciamos o lugar. Eu me impressionei muito em vários lugares do mundo com isso, mas nenhum foi mais sintomático do que no Museu do Louvre, quando tive uma rara oportunidade de ver aquela que é a tela mais famosa do mundo, a Monalisa. As pessoas pagam mais de cem reais para entrar, caminham muito até chegar onde fica a área dela, enfrentam uma fila enorme para ver o quadro e ficam poucos segundos, nem olham. Então, a ideia da exposição é refletir um pouco sobre isso mostrando cenas do cotidiano”, destaca.
Marcio lembra que muitas pessoas cresceram com a ideia de que para ser um fotógrafo tinha que estudar muito, aprender técnica e manuseio de equipamentos. Porém, a fotografia digital e, principalmente, a fotografia portátil, que veio com os smartphones, nos permitem quebrar um pouco esse paradigma e exercitar o olhar. Durante sua fala, junto a alunos de diferentes cursos da graduação, o professor propôs uma reflexão.
“É uma provocação para as pessoas de qualquer idade. Eu que não sou fotógrafo profissional e não tenho a mínima pretensão, nem talento para isso. Me acostumei com o celular e hoje prefiro fotografar com ele do que com uma boa máquina. E a ideia é mostrar que ele é um instrumento presente e importante na nossa vida, extremamente útil no trabalho, nas relações pessoais e familiares. Mas ele também pode ser uma ferramenta extremamente importante para olharmos a natureza, a beleza que existe nas pessoas, no entorno do nosso mundo e depois captar, e não o contrário, captar uma cena e nem olhar o lugar que retratamos”, complementa.
A exposição “Ato de Olhar” é composta de duas partes – Luzes e cores, e Formas geométricas. São retratos, sob a ótica do professor Márci,o de vários lugares do mundo, em países como Argentina, México, Espanha e França, mas também, de locais da região que abrange a Unicentro, como o trecho entre Irati e Guarapuava.
A chefe da Divisão de Promoção Cultural (Diproc) do campus Irati, professora Alexandra Lourenço, ressalta que a exposição se propõe a pensar a arte e a cultura destes espaços a partir da fotografia. “São fotos realizadas em locais, espaços urbanos, mas não só. Houve a capacidade de observar pequenos detalhes, que podem travar conosco uma forma de comunicação visual interessante, que nos mostram paisagens, a cultura e a história de outros povos se mergulharmos em cada uma dessas fotos e buscarmos ver o sentido delas. Para além da parte artística que compõe a realização da foto, para mim, essa exposição traz muito essa lógica de, através da arte e da fotografia, conhecer um pouco da cultura de vários lugares e espaços distribuídos pelo mundo”.
O acadêmico do primeiro ano de Matemática, Edson André Schnersoski, acompanhou o bate-papo com o professor Marcio. Edson reafirma que, com o desenvolvimento da tecnologia, a maioria das pessoas tem um cotidiano corrido, e, muitas vezes, não têm a oportunidade de observar o que está diante dos seus olhos. “Por meio desta exposição conseguimos perceber que a beleza está perto de nós e, por causa dessa correria, não somos capazes de observar isso. Temos aquela velha noção de que todo mundo tem que conhecer Paris, a Torre Eiffel, mas a beleza está perto de nós e não conseguimos observar. A exposição vem tentar desmistificar essa questão e fazer com que possamos perceber que perto de nós também existem muitas coisas bonitas e que merecem ser admiradas”, conclui Edson.